A VARIAÇÃO DIASTRÁTICA

FABIANO SANTOS SILVA


RESUMO

Há várias línguas dentro da oficial. E no Brasil não é diferente. Cada região tem seus falares, cada grupo sociocultural tem o seu. Pode-se até afirmar que cada cidadão tem o seu. A essa característica da Língua damos o nome de variação linguística. Neste universo complexo da língua encontra-se a variação diastrática que corresponde ao estrato social, à camada social e cultural do indivíduo. Essa palavra é formada pelos seguintes elementos: "dia-", prefixo grego que significa "através de, por meio de, por causa de"; "estrato", radical latino que significa "camada";"-ico", sufixo grego, que forma adjetivos. Ela pode ocorrer na fonética: ex: bicicreta, adevogado etc. "presunto" no lugar de "corpo de pessoa assassinada" é variação diastrática lexical... Enfim a língua e criativa, dinâmica e necessária para o desenvolvimento humano.
Palavras- chaves: Linguistica. Diastrática. Língua. sociocultural.

ABSTRCT

There are several languages inside of the official. And in Brazil it is not different. Each area has yours you speak, each sociocultural group has yours. It cannot him until affirming that each citizen has yours. To that characteristic of the Language we give the name of linguistic variation. In this complex universe of the language he/she meets the variation diastrática that corresponds to the social stratum, to the individual's social and cultural layer. That word is formed by the following elements:" day -", I preset Greek that means " through, by means of, because of "; stratum ", Latin radical that means "layer ""; I -hoist ", Greek suffix, that forms adjectives. She can happen in the phonetics: former: bicicreta, adevogado etc. "ham "in the place of "murdered "person?s body is variation diastrática lexical... finally the language and creative, dynamics and necessary for the human development.

Key words: Language. Diastrática. Language. Sociocultural.


INTRODUÇÃO

Este artigo abordará os conceitos das variações linguisticas na visão de Ferdinand de Saussure e de Soares Considerando que, na literatura lingüística existem poucos estudos acerca da variação diastrática, o objetivo deste trabalho é tecer algumas reflexões sobre os processos de linguagem, que muitas vezes falamos sem saber qual a variante linguistica eu estou inserido, e qual sua importância para o individuo que a fala e que tipo de interação ela e capaz de produzir no contexto social e cultural. Será que estas variações podem destabilizar a língua nacional. Para estes questionamentos partirei de uma fundamentação teórica apoiada nos ensinamentos de Mattoso Câmara Jr., Soares e Francisco da silva Borba.

1 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA SEGUNDO SAUSSURE

Mediante Saussure (2006, p, 221) "é o fenômeno de uma língua que sofrer variações ao longo do tempo, do espaço geográfico, do espaço ou estrutura social, da situação ou contexto de uso". Isso significa dizer que uma língua está sujeita a reajustar-se no tempo e no espaço para satisfazer às necessidades de expressão e de comunicação, individual ou coletiva, de seus usuários e principalmente no nível da língua (sons, morfologia, sintaxe e léxico). Percebe-se o grau de complexidade ao estudar as variações linguistica que se ramificam em um processo sistemático e este subdividi-se em sincrônica, diacrônica, diatópica, diastrática e diafásica.
Todas as línguas variam, ou seja, não existe nenhuma sociedade ou comunidade na qual todos falem da mesma forma Tarallo, (1986). Em uma nação grande e extensa como a brasileira, a variação linguística se constitui em um fato natural e inevitável, se considerada a heterogeneidade social e os diferentes graus de contato intergrupal das diversas comunidades aqui existentes. Por variedades linguísticas deve-se entender segundo Soares (1980):

As modalidades da língua, caracterizadas por peculiaridades fonológicas, sintáticas e semânticas, determinadas, de um modo geral, por três fatores: o geográfico, o sóciocultural e o nível da fala; responsável pela variedade linguística entre comunidades fisicamente distantes, resultando nos dialetos ou nos falares regionais.


O responsável pela divergência linguística entre diferentes subgrupos de uma comunidade local seria o fator sóciocultural, estando entre os aspectos distintivos a idade, o sexo, a classe social, a profissão, o grau de escolaridade. Por fim, o nível da fala ou o registro de uso, que se refere ao nível de formalidade da situação em que ocorre a comunicação.
No entanto neste estudo se focalizará no sistema diastrático.
De acordo com Ronald Beline (2006, p, 125) variação diastrática," entende-se as variações que a língua apresenta no nível socioeconômico do falante". Ou seja, são as variações que ocorrem de um grupo social para o outro. Assim, fatores tais como sexo, faixa etária, condição socioeconômica, profissão, religião e até mesmo convicções político-partidárias e esportivas, entre outros, condicionam mudanças no uso efetivo da língua.
Para que possa haver uma interação social e comunicação interna entre os indivíduos em uma determinada nação, é necessário que este pais, adote uma língua nacional. Esta servirá de parâmetro e meio oficial de comunicação para a sociedade, e suas variações linguistica que surgem na diversidade das classes sociais.
Mais será que língua nacional é capaz de manter a coesão interna diante da pluridiversidade cultura que existe intrinsecamente nas variadas regiões, cidades, municípios etc. de um país como o nosso Brasil? De acordo com Borba (2008, p,50 ):


Ela garante a unidade nacional porque facilita a compreensão mútua, mas principalmente porque propicia a comunhão de pensamento. Além disso, a sorte da língua nacional serve para medir o verdadeiro conceito de nação
.

Mas observando a linguagem dos grupos sociais (advogado, cientista, poeta, camponês, feirante, taxista, malandro etc.) nem sempre essa coesão é clara. Porque, essas camadas acabam criando o seu próprio código linguistico. E como isso, se estruturando é o que chamamos segundo, Mattoso Câmara (2002: 173), de mutação semântica. Que consiste:


Na mudança, permuta ou câmbio que ocorre inevitavelmente no âmbito interno da língua, quando há alteração no sentido de um semantema em dada palavra, alteração essa decorrente de um processo gradativo, contudo capaz de referir fases que demarcam a divisão da história da língua.


Um exemplo bem evidente e atual é o novo acordo ortográfico. Em que mexe com a estrutura fonética de algumas palavras. E referindo-se a nova ortografia estas mudanças não afetará o significado da linguagem no contexto cultural dos países que falam a língua portuguesa. Porém quando se fala em variante linguistica ocorre à mutação semântica, em paralelo sem altera a estrutura do vocábulo. É o que acontece de comum na variação diastrática. Ou seja, o falante apropria de uma palavra ou termo e dá significado a ela. Um exemplo está na palavra "bacana" originária de "bacanal" sofreu variação e mutação ao longo de sua história evolutiva. Usada por algum tempo como gíria específica de determinados grupos sociais, incorporou-se ao português do Brasil e hoje é usada e aceita indistintamente por quaisquer segmentos sociais. No entanto, para um determinado segmento social específico, os malandros e marginais, sobretudo os cariocas, a palavra "bacana" pode ganhar ? em certas situações de uso ? a conotação de "rico" ou "privilegiado", como na expressão "festa de bacana" (=festa de rico).
Conversando com um amigo taxista em seu veículo, que me levava para casa. De repente, o rádio táxi chamou e ele começou a falar com a telefonista, aquela que dá a posição dos passageiros para os taxistas pegarem as corridas. O que eu achei de curioso foi o diálogo que eles tiveram: uma comunicação através de código. Que logo após eu perguntei para ele o quê significava aquelas palavras que ele terminara de falar. Então ele me respondeu.
Cito algumas dessas palavras para entender melhor do que eu estou falando que não deixa de ser uma variação diastrática.
"Macaquinho" para a linguagem dos taxistas significa celular, "um bom basquete" um bom trabalho, " macanudo" é o próprio taxista e outros termos específicos.
Neste cenário, ao longo do tempo e nos mais diversos grupos sociais, as línguas passam a existir como um conjunto de falares diferentes ou dialetos, todos muito semelhantes entre si, porém, cada qual apresentando suas particularidades com relação a alguns aspectos linguísticos. A fala é um instrumento de comunicação, contudo, em determinadas situações não é utilizada com precisão, ou seja, o receptor não consegue decodificar a mensagem.
Para Saussure:
a linguagem é composta de duas partes: a língua, essencialmente social, porque é convencionada por determinada comunidade lingüística; e a fala, que é secundária e individual, ou seja, é veículo de transmissão da língua, usada pelos falantes através da fonação e da articulação vocal.
Diante de tantas linguagens, códigos, gírias e normas gramaticais será possivel manter a sistematização da língua nacional? Para responder este questionamento cito: Borba que diz:
A variação, porém, não provoca desagregação nem abala os alicerces nacionais, uma vez que, se um mesmo individuo pode pertencer a mais de uma comunidade linguistica ou aprender a falar e a entender mais de uma língua, então também pode dominar vários registros, mesmo que não os utilize. Aliás, todos nós temos uma espécie de norma individual.
Conforme afirma os autores, convém, resaltar que existem muitas variações linguisticas e que estes deverão ser valorizados no âmbito da língua.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo corrobora e ao mesmo tempo afirma que a língua concebida como meio de integração social, requer a defesa de suas variações, sem ignorar a importância do domínio da norma linguística. Não se pode fechar os olhos à realidade linguística: a variedade. Toda variedade tem uma regularidade, não é um caos. A sociedade deve respeitar as variações linguísticas que o falante usa para interagir, mas também deve preocupa-se com a norma padrão, já que a maioria dos usuarios não têm acesso a este tipo de linguagem.
Portanto, não devemos olhar a variação diastrática como uma Linguagem errada e que deva ser exterminada e discriminada do meio social e cultural é uma atividade humana que nas representações de mundo que constrói, revela aspectos históricos, sociais e culturais. É através dela que o ser humano organiza e dá forma às suas experiências. Seu uso ocorre na interação social e pressupõe a existência de interlocutores no âmbito linguístico.

REFERÊNCIAIS
BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos Estudos Linguisticos. 16. Ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2008. 331p.

CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Dicionário de Lingüística e Gramática. 24. Ed. Petrópolis: Vozes, 2002.


FIORIN, José Luiz et al. Introdução à Linguistica. I. Objetos teóricos. 5. Ed. São Paulo. Editora contexto, 2006. 226 p.


SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 27. ed. São Paulo: Cultrix, 1996. 279 p.


SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo,
Ática, 1980.

Tarallo, Fernando. A pesquisa sócio-lingüística. São Paulo: Ática, 1986.