A questão ambiental e geopolítica na Amazônia.

¹ Alexsande de Oliveira Franco - Professor Universidade Federal do Acre
² Ravelade Souza Marinho - Academica do Curso de Geografia da Universidade Federal do Acre.

A constante destruição ambiental, sociocultural e a escassez dos recursos naturais, necessárias à reprodução da vida, são apenas algumas das questões que estão presentes em discursos e preposições de lideranças políticas e ambientalistas por todo o mundo, sintetizando os problemas ambientais tratadas na ordem mundial internacional.
O Brasil dentro desse contexto é peça chave, seja para discussão, seja para conservação dos recursos naturais, tendo em vista que possui uma das maiores biodiversidades e sociodiversidades do Planeta, além da maior reserva de água potável do mundo, tudo isso dentro da Amazônia, região indiscutivelmente muito cobiçada.
A Amazônia está localizada em vários países da América do Sul como: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela, sendo que a sua maior extensão encontra-se no Brasil. Todos esses países mencionados são considerados subdesenvolvidos e com sérios problemas sociais, políticos e principalmente ambientais, em parte devido à perda da biodiversidade, ocasionada pelo desmatamento irracional e acelerado das Florestas tropicais.
Partindo dessa premissa, podemos perguntar: Será que as grandes potências econômicas estão realmente preocupadas com as questões ambientais? Ou seria essa apenas um pretexto para se infiltrarem no país e, mais especificamente, na Amazônia?
É importante dentro desse contexto conceituar geopolítica, que nada mais é do que a forma pela qual os estados fazem a sua política no plano geográfico ou espacial, visando manter ou reforçar o seu poder, tanto no espaço internacional como em suas sociedades.
As controvérsias das grandes potências são amparadas em fatos que sustentam atitudes políticas distintas para cada situação, resultando em um jogo entre os países no qual cada um deles procura salvaguardar seus interesses nacionais e garantir suas posições hegemônicas e/ou conquistar novas oportunidades para se destacarem nas relações internacionais atuais. Quem não lembra do Tratado de Quito, o qual dizia em linhas gerias que as grandes potências econômicas teriam de diminuir a emissão de gases nocivos na atmosfera, não assinado pelos EUA?
Nesse jogo, cada vez mais novas evidências surgem para justificar ações geopolíticas dos atores envolvidos, a injeção financeira, a infiltração de empresas multinacionais e até a ocupação militar em postos estratégicos são apenas algumas entre as muitas ações.
Vimos há algum tempo a invasão militar norte- americana ao segundo maior produtor de petróleo do mundo, o Iraque. A justificativa era combater o terrorismo e destruir as armas de destruição em massa que Sadam Hussein possuía escondidos nos porões de seus palácios. Enquanto essas benditas armas não aparecem, eles tomam de conta dos grandes poços de petróleo do país, tornando-se cada vez mais poderoso economicamente.
Atualmente na Amazônia a questão geopolítica é tratada ainda com pouca ênfase. Talvez pelo pouco conhecimento da sociedade ou ainda pelo pouco interesse dos nossos representantes.
Muitas das políticas públicas voltadas ao equacionamento dos problemas ambientais promovidos pelo estado, ONGs e pela sociedade civil organizada no país são efetivadas em boa parte das vezes por agências internacionais de financiamento, com o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Tais agências, além do suporte financeiro, têm atuado como inteligência auxiliar do governo na elaboração de programas e projetos. Nesse contexto, como alcançar a almejada soberania nacional e a garantia dos interesses da sociedade s falta ao Estado autonomia de capital para equacionar seus próprios problemas sócios- ambientais?
Nesse bojo, o Brasil e outros países em desenvolvimento ficam vulneráveis e o capital internacional acaba influenciando direta e indiretamente na economia, na política, nas transformações de grandes áreas ambientais e ecossistemas inteiros e ainda na elaboração das leis de patentes onde os maiores prejudicados são as populações milenares que vivem em áreas inóspitas, como na Amazônia. Aliás, essa questão sobre patentes é muito ampla e teria de ser discutida em outra ocasião. Dessa forma, a soberania fica a mercê de grandes grupos políticos e econômicos que escondem suas verdadeiras intenções de controlar a Amazônia por trás de assuntos de interesse ambiental.
As preocupações ambientais acabam se revestindo de um caráter de mera divulgação e nenhuma ação de fato. Ficando evidente que é muito importante e necessário a manutenção de Estado soberano como maneira de garantir a gestão sobre os recursos naturais renováveis como águas e a diversidade biológica.
É bom abrimos os olhos, pois depois do Iraque ele podem vir para a Amazônia com o argumento de que as populações que vivem aqui estão destruindo- a e, dessa forma, invadi-la a pretexto de proteger a biodiversidade e conseqüentemente todo o mundo.