A Pane da Europa em 2011

 

Prof. Ivan Santiago Silva*

 

                A Europa é o verdadeiro centro do sistema internacional dos Estados, berço do ocidente, do capitalismo e das idéias que conquistaram o mundo e o formaram : o planeta Terra já foi propriedade européia, bem como o Velho Continente fascina grande parte da humanidade.

                Portugal, França, Leste Europeu, Suíça, Alemanha, tudo inspira História, poder, e fascínio. A Europa, é desde antes do Império Romano até os dias atuais o grande centro : do pensamento à arte;  do estilo de vida aos acontecimentos internacionais. Agora, em 2011 é o foco da crise mundial.

                Para detalhar brevemente, a Europa entrou em colapso em função dos altos endividamentos dos países-membro da Zona do Euro. Para compreendermos melhor, basta vislumbrar que a União Européia é um bloco econômico que possui uma moeda única, o Euro e que seus países-membro controlam os seus gastos públicos de forma individual. Apesar dos tratados da constituição do aglomerado regional estabelecerem limites, os Estados são independentes e não obedecem a um governante comum, pois possuem suas próprias leis.

                Desta forma, o que aconteceu desta vez foi que os países europeus da Zona do Euro (que são os países que fazem parte da União Européia e adotam a moeda única Euro, pois existem países, como Reino Unido, que fazem parte do bloco mas não adotam a moeda) se endividaram muito mais do que o previsto ( sendo o limite estabelecido de 60% do PIB) e chegaram a endividamentos de 90% a mais de 100% do PIB. Diante disto a situação ficou insustentável e os investidores (que, diga-se de passagem, também ganham muito dinheiro espalhando rumores) passaram a desconfiar que estes países pudessem pagar seus compromissos.

                Este endividamento surgiu em função de se arrecadar menos do que se gasta, como se uma pessoa que ganha um salário mínimo vivesse com dois. Grande parte deste aumento da dívida foi para socorrer instituições e para estimular a economia diante da crise do sub-prime americano de 2008, presente dos EUA para o mundo naquele ano.

                Com o aumento da despesa e queda da arrecadação, os países geraram papéis que foram negociados, mas que depois de algum tempo os investidores passaram a desconfiar que perderiam dinheiro neste negócio. A Grécia foi acusada em 2010 pelo jornal de The New York Times de fechar acordos com o banco de investimentos Goldman Sachs ( o maior do mundo em sua categoria) para esconder dados da sua dívida.

                No centro da Crise Européia estão : Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, um mix de economias fortes, como a italiana e de simples, como a portuguesa, por exemplo. No centro das negociações para conter a crise estão os governantes da Alemanha e da França, as duas principais economias da Zona do Euro.

                Para estancar a crise, foram criados dois planos emergenciais, um para a Grécia, com ajuda dos países europeus e do FMI (Fundo Monetário Internacional) no valor de 110 bilhões de Euros e outro de 750 bilhões de Euros, representado por um fundo emergencial para este tipo de situação na Europa.

                A Europa que se agrupou para se redimir do passado, enfrenta no auge da união econômica e monetária a pane da sua moeda, a única do pós guerra a ser internacional como o dólar estadunidense. Da união dos grandes países europeus deve ser mantido o euro e a própria União Européia, pois caso contrário, os blocos econômicos perderão o seu maior expoente e a dinâmica internacional da regionalização em blocos supranacionais será revista..   

               

Prof. Ivan Santiago Silva é geógrafo e autor do Livro Brasil, Imperialismo e Integração na América Latina