A LEITURA COMO BASE PARA O DESENVOLVIMENTO NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL


Dorvalina Monteiro de Lima
Elza Lina Duarte Nunes
Maria Auxiliadora Farias Campos
Maria da Saúde Barros Fernandes de Souza
Ramilda Costa Araújo


RESUMO


O estudo sobre a importância da leitura como um despertar para o desenvolvimento da aprendizagem nas séries iniciais do Ensino Fundamental, aborda as muitas dificuldades de aprendizagem existentes no inicio da vida do futuro leitor. Mostra também o papel do professor nesse processo, assim como a escola e a família. Além disso, será apontada a questão do letramento e suas dificuldades, onde a criança vai descobrindo as propriedades da leitura num processo construtivo. A necessidade de conhecer as fases do desenvolvimento infantil, como caminho para o futuro leitor dentro do ambiente escolar.


PALAVRAS-CHAVE: Letramento - Papel do professor - Papel da escola - Papel da família - Dificuldade de aprendizagem.


1 INTRODUÇÃO


Esse estudo busca compreender o ensino ? aprendizagem da leitura no desenvolvimento nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Num mundo abrangente e globalizado totalmente sem fronteiras, onde o educando não encontra limites para a busca de conhecimento, seja ele escolar ou não. Usando as ferramentas tecnológicas atuais existentes e com isso uma facilidade de encontrar qualquer coisa. Com tudo isso, à prática da leitura vai ficando cada vez mais esquecida. Sendo necessário se criar novas maneiras pra incentivar a leitura. Sabemos que não é tarefa fácil, pois o ensino da linguagem oral vive em constante dificuldade.

O domínio da leitura está cada vez mais em evidência. E quando falamos em leitura, principalmente no processo de alfabetização, é muito importante que seja questionado, as condições da criança. A fala, a leitura e conseqüentemente a escrita resultando do harmônico desenvolvimento e da integração das várias funções que servem de base ao sistema funcional da linguagem desde o inicio de sua organização.

O ato de ler é imprescindível ao indivíduo, pois proporciona a inserção do mesmo no meio social e o caracteriza como cidadão participante. A criança aprende a ler antes mesmo de entrar na escola, nas situações familiares.

Nos primeiros anos de escolarização o discente precisa ser incentivado e instigado a ler, de modo que se torne um leitor autônomo e criativo. Cabe ao professor proporcionar momentos de leitura significativa, incentivando a formação do indivíduo crítico e reflexivo.


2 A LEITURA COMO O DESPERTAR PARA A APRENDIZAGEM


As dificuldades que uma criança pode enfrentar no seu processo de alfabetização, são exatamente as dificuldades iniciais que influenciarão esse indivíduo a ser um leitor ou não. Ao entrar na escola é esperado que a criança já tenha vencido várias etapas da compreensão e expressão da palavra falada, para que no período de sua alfabetização a criança esteja apta a captar as devidas informações. Segundo FREIRE (1998, p.18), "... A leitura do mundo precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a comunidade e leitura daquele".

Vencida essa etapa, ao alfabetizador cabe a responsabilidade através de situações motoras, preparar a criança para um aprendizado natural e sem traumas.
Essa prontidão para aprender foi definida por alguns autores, onde procuraram considerar um nível suficiente de preparação para iniciar uma aprendizagem, ou uma capacidade específica para realizar determinada tarefa. As diferenças individuais seriam a diferença na prontidão para aprender.

Segundo Poppovic e Moraes, "prontidão para alfabetização significa ter um nível suficiente, sob determinados aspectos, para o processo da função simbólica, que é a leitura, e sua transposição gráfica, que é escrita" (1966, p.5).

O preparo para iniciar a leitura depende de uma complexa integração dos processos neurológicos e de uma harmoniosa evolução de habilidades básicas, como percepção, esquema corporal, lateralidade e orientação espacial e temporal. Segundo Poppovic "o esquema corporal é uma habilidade que implica o conhecimento do próprio corpo, de suas partes, dos movimentos, das posturas e das atitudes".


2.1 A importância da leitura


Atualmente é muito importante trabalhar com vários tipos de textos literários de forma lúdica, pois sendo eles manifestações artísticas, incentivam o gosto pelos livros, provocam emoções, transmitem conhecimentos. A imaginação e o prazer da leitura tornam-se conseqüência. Dentro desse contexto é necessário que o professor tenha sempre em contato com vários tipos de leituras, para que dessa forma ela possa ser estimulada a ler. Desde as séries iniciais as crianças são capazes de desenvolver o hábito da leitura. Para que isso aconteça, é necessário que o professor desenvolva trabalho motivador com matérias diversas que proporcione a criança não só contato com várias obras da literatura, mas também contato com a leitura informatizada.

Segundo Lerner (2002), Ler é adentrar outros mundos possíveis. É questionar a realidade para compreendê-la melhor, é distanciar-se do texto e assumir uma postura crítica frente ao que de fato se diz e ao que se quer dizer, é assumir a cidadania no mundo da cultura crítica.

Ler é uma descoberta, é uma viagem por mundos e histórias inimagináveis. Muda os horizontes, faz uma conexão do mundo real com o imaginário. Viagem essa que deve ser interpretada, compreendida, interrogada, ampliada. É desse contato, desta troca que nasce o prazer de conhecer, de imaginar, de inventar a vida. A leitura é um ato de comunhão com o mundo: expandimos o estar no mundo, alcançamos esferas de conhecimento antes não experimentadas.

Ler é empregar sentido ao texto, fazendo uma conexão com as experiências existentes na vida. Segundo Kleiman (2002), a leitura é um processo que se evidencia através da interação entre os diversos níveis de conhecimento do leitor: o conhecimento lingüístico; o conhecimento textual e o conhecimento de mundo. Sendo assim, o ato de ler caracteriza-se como um processo interativo.

Atualmente a evidência da importância da leitura no contexto social é bem discutida. Porém, é comum observarmos crianças de ensino fundamental que afirmam não gostar de ler. É necessário modificar esse quadro, buscando desde a raiz do desenvolvimento infantil até criação do hábito da leitura.


2.2 Fases do desenvolvimento da criança segundo Piaget


Segundo Jean Piaget o desenvolvimento da criança ocorre por estágios, havendo uma modificação progressiva dos esquemas de assimilação, proporcionando inúmeras maneiras de o indivíduo interagir com o meio e organizar seus conhecimentos visando sua adaptação. Os estágios evoluem de modo a darem continuidade no próximo estágio que envolve o anterior e o amplia.

Piaget não define idades rígidas para os estágios, mas defende a ideia de que estes se apresentam em forma de seqüência que ele dividiu em quatro: Estágio sensorio-motor, de 0 a 2 anos, Estágio pré-operacional, de 2 a 6 anos, Estágio das operações concretas, dos 7 aos 12 anos e Estágio das operações formais, dos 13 anos em diante. Nesse estudo não nos aprofundaremos em todos, mas apenas naqueles que englobam nosso publico de ensino fundamental.

No segundo Estágio o pré-operacional, que aproximadamente engloba crianças de 2 a 6 anos, Piaget fala que se trata de um estágio pré-operacional como um sub-estágio do estágio de operações concretas. A criança desenvolve a capacidade simbólica. Para a educação é importante ressaltar o âmbito lúdico do pensamento simbólico. Também chamado de estágio da Inteligência Simbólica. Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensório-motor). Onde a criança já passa a ter o primeiro contato com o mundo da leitura a partir do s seu 3 anos. Se tornando uma preparação para o próximo estágio. Onde a criança estará madura o suficiente para dar continuidade a esse processo de descoberta.

O Estágio das operações concretas que vai dos 7 aos 12 anos, onde a criança já possui uma organização mental integrada, os sistemas de ação. Piaget fala em operações de pensamento ao invés de ações. É capaz de ver a totalidade de diferentes ângulos. Conclui e consolida as conservações do número, da substância e do peso. Apesar de ainda trabalhar com o concreto, sua flexibilidade de pensamento permite um número significativo de aprendizagens.

Nesse estágio a criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e absorver dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. Desenvolve a capacidade de representar uma ação ao contrário do estágio anterior.

Seria então nesse estágio, dependendo de suas experiências adquiridas, que a criança se tornará ou não um leitor.


2.3 A criança e a sua inserção no mundo da leitura


A criança quando apresentada ao mundo da leitura necessita receber apoio e incentivos para que tal prática se concretize, uma vez que, a participação dos adultos durante esta fase de compreensão e conhecimento da leitura é extremamente importante, pois é a partir das expressões e hábitos cotidianos (dos que as rodeiam) que a criança realiza o entendimento desse universo desconhecido.

Os conhecimentos pré-escolares são valorizados, contribuindo para o processo de ensino e aprendizagem da leitura e escrita, pois a todo o momento a criança se depara com imagens e ilustrações que colaboram na distinção da escrita mesmo sem haver oralidade. Entretanto, cabe aos pais contribuírem para o desenvolvimento desse processo, mas na maioria das vezes as crianças não recebem o auxílio dos mesmos, pois estes também não o receberam no passado, e não detém conhecimento e até mesmo habilidades de contribuírem para com a formação de seus filhos; assim pais que lêem formam crianças leitoras.

É importante dizer também o quanto pode ser significativo que os pais leiam histórias para seus filhos ou folheiem com eles um álbum de literatura infantil, levando-os a dizerem o que imaginam que irá acontecer na página seguinte depois de virada (Jolibert, 1994, p. 129).

Ao ser inserido na escola, a criança passa a ser orientada pelo educador, que através de suas práticas pedagógicas apresenta a ela o mundo das palavras, portanto, cabe a ele criar situações e gerar incentivos para que a prática da leitura seja efetivada, formulando projetos que insira a criança em sua própria realidade, despertando o interesse e a curiosidade por tal prática.

No entanto, as práticas metodológicas utilizadas pelos professores se restringem à fase cognitiva apresentada pelas crianças, sem que favoreça o seu desenvolvimento. É necessário aplicar novos métodos que ultrapassem o nível de conhecimento de tais crianças (por exemplo: o silábico), apostando na construção cooperativa do currículo educacional, o que contribui para uma aula mais interativa e criativa.

Muitos pais apóiam a concepção tradicional, não compreendendo a liberdade dada as crianças durante a construção da aprendizagem. Entretanto, essas novas práticas pedagógicas aplicadas colocam a criança em conflito, estimulando-as e desinibindo o seu interesse em aprender.

Portanto, a leitura não é apenas um meio de decifrar, silabar e oralizar palavras, mas deve sim ser uma forma de desenvolver seu hábito, transformando as crianças em leitoras assíduas, que gostam e saibam ler, pois o aprendizado não é regido através de imposições.


2.4 Letramento


A leitura é muito mais do que simplesmente ler. É fazer da leitura um objeto de compreensão e interpretação. Segundo Magda Becker Soares: Letrar designa uma prática da qual a compreensão e assimilação de código de palavras se torna melhor assimilado: Já não basta aprender a ler e escrever é necessário mais que isso para ir além da alfabetização funcional, denominada a pessoas que foram alfabetizadas, mas não sabem fazer uso da leitura e da escrita (Soares, 2003).

Soares (2002), mostra que o letramento passou a ser melhor entendido e esclarecido a partir da década de 80, partindo de estudos sobre a língua escrita, que mostraram aos educadores o caminho da compreensão de que a alfabetização não é apenas um reconhecimento de códigos e sim um processo de elaboração de hipóteses e representação lingüística. E diante desse processo que o papel do educador entra firme e maciço.

Nas décadas anteriores no Brasil já existia uma variedade de métodos para ensinar a ler e ainda assim, um grande número de crianças não aprendeu e abandonaram a escola antes de alcançar os objetivos mínimos de instrução. Em uma pesquisa realizada na América Latina por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, mostra que é de suma importância que o professor, principalmente o das séries iniciais, tenha maior conhecimento da psicogênese da língua escrita para entender a forma e o processo pelos quais a criança aprende a ler e a escrever, para detectar e entender os erros construtivos característicos das fases em que se encontra a criança e para saber desafiar seus alunos.

A princípio o professor precisa buscar processos simples que ajude a criança nessa nova caminhada. Se assim não for, se o professor não conseguir ter uma visão diferenciada sobre o que o aluno necessita, corre o risco de fazer diagnósticos errôneos de transtornos inexistentes.

Para o professor, não basta ensinar os códigos de leitura e escrita como relacionar sons e letras. É preciso tornar os educadores capazes de compreender o significado dessa aprendizagem, para usá-la no dia a dia de forma a atender às exigências da própria sociedade.

Tanto o professor quanto a escola precisam criar um ambiente na sala de aula que não falte materiais de escrita, como jornais, revistas, folhetos. Pois nesse primeiro momento, as crianças necessitam do contato com diversos estímulos que irão auxiliar na construção da leitura e escrita. Logo será um esforço a mais para o auxílio a crianças com dificuldades em leitura e escrita.

Emilia Ferreiro faz uma critica a alfabetização tradicional, porque julga a prontidão das crianças para o aprendizado da leitura e da escrita por intermédio de avaliações da capacidade de discriminar sons e sinais, e de coordenação, orientação espacial. Dessa forma, dá-se peso excessivo para um aspecto exterior da escrita e deixa de lado suas características conceituais. Para os construtivistas, o aprendizado da alfabetização não ocorre desligado do conteúdo da escrita.

Com o letramento vem também o rompimento da relação que existe entre o "professor ensina e o aluno aprende". Com essa concepção há uma troca e a sala de aula torna-se um espaço no qual ao mesmo tempo em que se ensina se aprende.


3 O PAPEL DO PROFESSOR NO INCENTIVO À LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL


A aprendizagem da leitura é um diálogo entre a teoria e a prática, onde a escola tem a responsabilidade de garantir aos alunos o domínio da linguagem oral, pois é ele o instrumento que lhes dá acesso a uma vida social plena. Sendo essa a contribuição para o exercício da cidadania. Pois abrange as responsabilidades de divisão de informação e conhecimento. Ler para ser um cidadão do mundo.

A escola tem o compromisso de garantir a seus alunos o acesso a leitura. Pensar em atividades de incentivo a leitura nas séries iniciais do Ensino Fundamental é fundamental. Diante disso o papel do Professor é de incentivar e auxiliar essas ações.

Sabemos que ler é uma tarefa difícil, porque para as crianças é mais conveniente se plugar nas mais diversas tecnologias existentes, como a TV ou mesmo a Internet. Em decorrência disso o hábito de leitura é uma tarefa trabalhosa e enfadonha para os pequenos leitores. E essa é justamente a tarefa mais importante que a escola pode oferecer e desenvolver.

Sabendo que a leitura é uma atividade extremamente importância para qualquer área do conhecimento, estando relacionada diretamente com o sucesso acadêmico, social e econômico dos indivíduos. Ajuda a estimular a criatividade e a percepção do mundo, uma vez que embasa sua capacidade de se colocar e posicionar o seu papel na sociedade dentro das realidades que os cercam.

Uma pesquisa realizada pela Câmara Brasileira do Livro. Que mostra 61% dos brasileiros entre 15 e 64 anos tem muito pouco ou nenhum contato com os livros, 30% localizam informações simples em uma frase, 37% localizam informações em textos curtos e apenas 25% estabelecem relações entre textos longos. Essa mesma reportagem posiciona o Brasil como um dos países onde o hábito da leitura ainda é pouco valorizado, os brasileiros lêem em média 1,8 livros por ano, enquanto outros países lêem sete ou cinco livros.

Realidade no mínimo alarmante para a realidade de um país que busca igualdade econômica e social. A escola é primeiro espaço social em que os futuros cidadãos participam, depois do primeiro convívio social que é a família. E dessa maneira deve ser o local próprio para que sejam construídos conhecimentos, habilidades e competências voltados para o desenvolvimento de uma consciência social/crítica/reflexiva. A escola atual pressupõe a educação escolar como parte integrante da sociedade, contribui para a democratização das relações de poder e conseqüentemente para a melhoria da qualidade de ensino. Cabendo efetivamente aos seus educadores, a tarefa de preparação do ato de ler, lembrando que isso não é apenas ação codificadora e sim um reconhecimento abrangente da idéia de mundo que cada indivíduo traz.

A formação escolar do leitor passa pelo crivo da cultura em que este se enquadra. Se a escola não efetua o vínculo entre a cultura grupal ou de classe e o texto a ser lido, o aluno não se reconhece na obra, porque a realidade representada não lhe diz respeito. Mesmo diante de qualquer texto que a escola lhe proponha como meio de acesso a conhecimentos que ele não possui no seu ambiente cultural, há a necessidade de que as informações textuais possam ser referidas a um background cujas raízes estejam nesse ambiente. Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar (1993, p.17)

No nosso país poucas crianças têm o hábito de leitura porque a maioria tem o primeiro contato somente quando chega à escola. E a partir disso vira uma obrigação, pois é sabido que muitos dos professores não gostam de trabalhar com a literatura infantil ou ainda desconheçam técnicas que ajudem a valorizar essa prática.

O professor é um grande formador de opinião, devido a essa aptidão ele pode, a partir das primeiras séries, implantar conceitos de leitura e prática diária gerando leitores ativos. Criar projetos envolvendo as artes como o teatro e música também podem ajudar.

Um bom livro é aquele que agrada, não importando se foi escrito para crianças ou adultos, homens ou mulheres brasileiros ou estrangeiros. E ao livro que agrada se costuma voltar, lendo-o de novo, no todo ou em parte, retornando de preferência àqueles trechos que provocaram prazer particular. p.9 (ZILBERMAN)

Zilberman exemplifica o prazer de ler ao destacar as nuances de um livro e o professor leitor é primordial para estimular os alunos na aventura da leitura, os aprendizes devem sertir-se convidado a enveredar pelo novo, olhar o mundo com curiosidade e a descobrir-se em cada obra lida. Como será realizado esse convite depende da estratégia que o professor irá formatar para realizar esse momento mágico. Dentro de um armário estão os livros da biblioteca de classe, a professora apresenta os livros um a um e a criança escolhe, são momentos que potencializam a escolha do aluno diante de seus interesses instituindo-se de uma prática envolta de alegria e contentamento que aprimora o raciocínio lógico, a criatividade e a percepção da realidade.

Segundo Cramer e Castle, o objetivo básico do professor em incentivar a leitura deve esforçar-se para tornar a leitura uma atividade útil, valiosa e desejável. (2001, p.107)

Com a leitura compartilhada apresenta-se para a classe livros de um autor, trabalhando algumas de suas obras e, desafiando a turma a produzir novos textos, mudar a história, criar propagandas, manusear fantoches, criar ilustrações, apresentar teatro de sombras e abordar a temática de outra forma são ótimas estratégias para incentivar a leitura é o resultado são novos leitores que multiplicam sua experiência leitora com outras crianças.

Encontrar estratégias de leitura que incentivem a criança a ler é sem dúvida papel do professor e Solé enfatiza que a leitura é um processo mediante o qual se compreende a linguagem escrita (...). Para ler necessitamos simultaneamente manejar com destreza as habilidades de decodificação e aportar ao texto nossos objetivos, idéias e experiências prévias (...)" (p.23).

Segundo a autora, para uma pessoa se envolver em qualquer atividade de leitura, é necessário que ela sinta que é capaz de ler, de compreender o texto, tanto de forma autônoma, como apoiada em leitores mais experientes. Enfatiza-se a leitura de verdade, "aquela que realizamos os leitores experientes e que nos motiva, é a leitura que na qual nós mesmos mandamos: relendo, parando para saboreá-la ou para refletir". (p.43)

Para o professor leitor levar suas crianças a compor um cenário favorável para a leitura é transpor seus objetos e avançar em suas metas, apresentando bons modelos de textos, explicitando outras obras lidas por ele e compartilhando sua alegria com os livros lidos.


3.1 O papel da escola


O papel da escola é oportunizar uma ambiência de leitura, oferecendo aos alunos um vasto acervo com os mais diversos gêneros, possibilitando ao aluno seu encontro com vários textos que consolidem sua experiência leitora e conduza-o a refletir sobre a função de cada texto lido, quer seja um anúncio, uma lista telefônica, uma receita, um poema, enfim exercer sua cidadania através do ato de ler e fomentar seu percurso em uma sociedade letrada.

Lerner ressalta a necessidade de fazer da escola uma comunidade de leitores que recorrem aos textos buscando resposta para todos os problemas que necessitam resolver, tratando de encontrar informação para compreender melhor algum aspecto do mundo. Ainda destaca que o necessário é preservar na escola o sentido que a leitura e a escrita têm como práticas sociais.

A escola busca alavancar a leitura com fundamentação, motivando seus educandos em uma leitura direta com intencionalidade e próxima de sua realidade, ou seja, a leitura está a serviço do leitor que pode tê-la com ferramenta eficaz em sua trajetória leitora, refletindo sobre o que lê e ampliando seus conhecimentos, assim tem-se observado a preocupação das instituições de ensino mobilizando ações na escola como o PNLD - Programa Nacional do Livro Didático que possibilita o acesso de livros aos estudantes da rede pública de ensino, o PNBE - Programa Nacional Biblioteca na Escola e Campanhas de Leitura entre outras.

Segundo Smith, as crianças precisam de alguns insights básicos para desenvolverem-se como leitores,mas esses insights vem com a leitura ( e ouvindo leitura), não sendo privados dessa experiência. ( p. 145). Destacando que a leitura exige acuidade visual, habilidade para a linguagem, habilidade para aprender e que a esfera escolar deve favorecê-las e estimulá-las.

Deste modo, evidencia-se no aluno a capacidade de aprender e dominar a linguagem que é adquirida através da leitura em face de escola formatar seu projeto político pedagógico pautado na construção do aluno leitor, capaz de transitar entre leituras e suas finalidades com habilidade para lidar com essas situações do cotidiano.


3.2 O papel da família


A família precisa contribuir fortemente com o desempenho escolar. Lendo para ele desde bebe, com entonação e emoção.
Várias pesquisas comprovam que filhos cujos pais leram bastante para eles quando pequenos tem um desempenho melhor em sala de aula. O comportamento da família influência os hábitos da criança. Se os pais lêem muito, a tendência natural é que a criança também adquira o gosto pelos livros. A família tem o papel, portanto de mostrar para a criança que a leitura é uma atividade prazerosa, e não apenas uma obrigação, algo que deve ser feito porque foi pedido na escola. As crianças precisam ser encantadas pela leitura.

A proximidade com o mundo da escrita facilita a alfabetização e ajuda em todas as matérias escolares, pois grande parte do aprendizado em história, geografia, matemática e outras. Se dá por meio da leitura de livros.

Para reduzir pela leitura há diversas atividades que os pais e outros familiares podem colocar em pratica com a criança e assim, fazer do alto de ler um momento divertido. Como deixar os livros ao alcance das crianças. Um dos fatores que mais influência positivamente a aprendizagem é a presença de livros em casa. Lares modestos com mais livros produzem melhores alunos do que lares mais ricos com menos livros. Ou seja, quanto mais livros em casa, melhor será o desempenho das crianças. Mas não basta ter, é preciso ler, estimule atividades que usem a leitura: jogos,receitas,mapas. Os especialistas sugerem que se misture a leitura com brincadeira, fazendo, por exemplo, representação de historia lida incentiva a criança criar seus próprios livros e pedindo a elas que ilustre uma historia. Faça da leitura em momento de prazer.

Os pais que leva os filhos para explorar as bibliotecas e livrarias, ensine ? o emprestar livros aos amigos e a pedir emprestado,isso contribui para o desenvolvimento deles. Seja coerente: suas atitudes refletem o que você pensa, mostre que estudar é importante e ler, divertido, estude e leia sempre com as crianças. Seja curioso pergunte, questione, procure entender, tenha sempre lápis e papel em casa. Escreva bilhetinhos para o seu filho. Assim, ele entendera a utilidade da escrita e da leitura.

Para encantar as crianças, é essencial brincar com o livro, sempre que a criança pedir para mãe comprar, isso o valoriza muito a criança. Os pais precisam dar possibilidades para que as crianças se sintam envolvidas pela leitura. Tem criança que gosta de ler livros de super ? heróis, contos de fadas é gosto dele não devemos proibi ? lo, devemos entender aos seus desejos. Incentivar a criança a ler todas as noites antes de dormir isso contribui muito no desempenho da criança.

Em sala de aula muitas crianças ficam frustradas por ler muito devagar, os educadores deverão ajuda ? lo fazendo exercícios, marcar o tempo que eles levam para ler um texto ou um trecho de seu livro didático. A atividade de leitura poderá ser repedida varias vezes em dias diferentes, assim a criança vai poder comprovar o próprio desenvolvimento.

É importante incentivar que a criança leia sozinha, mas não deixa de ler para ela outros livros mais difícil que a criança é capaz de compreende ? lo, talvez não compreende ? se ela estive ? se lendo sozinha mas, pelo um adulto ela compreendera. Assim a historia fica mais emocionante. A professora Rosane da UEL fala que para adquirir o gosto pela leitura, a criança precisa se familiarizar com o ambiente da leitura.


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo que foi realizado nos ofereceu subsídios teóricos ? técnicos em que muito enriqueceu a pesquisa. Lembrando os objetivos dessa pesquisa era atingir e valorizar a leitura como fonte de informação, recorrendo aos materiais escritos em função de diferentes objetivos, compreendendo os textos orais e escritos com os quais se defrontam em diferentes situações de participação social, interpretando-os corretamente.

A importância desse tema aponta para a investigação dos métodos praticados e os aspectos sócio-econômicos que possam dificultar tal acessibilidade ao processo significativo de aprendizagem.

O problema proposto necessita de uma investigação criteriosa antes quase depare uma situação difícil de ser resolvida pela sociedade brasileira. Essa pesquisa busca trazer conhecimento para que possamos reconhecer a falta de incentivo da leitura é um problema social. E que o papel do professor é significativo no acompanhamento de crianças que apresentam problemas de aprendizagem especiais de leitura. A sociedade mais esclarecida, passará a exigir uma postura mais responsável dos órgãos governamentais, nos níveis municipais e federais, em relação a leitura.

Pudemos perceber que a escola pode e deve estimular o gosto pela leitura e motivar seu aluno a ler. O trabalho não é uma tarefa fácil, mas sabemos também que é necessário ao professor refletir o seu papel, percebendo-se como agente importante na formação do aluno leitor. Nesse contexto, é necessário que o professor procure perceber qual o potencial de seus alunos e como ele pode trabalhar a leitura considerando tais potenciais.

O projeto é realizado em ambientes distintos, cujo publico possuem entorno e conhecimentos diversificados, sendo assim o trabalho busca inserir a todos a riqueza da literatura infantil e as diversas formas de apresentá-la. Entende-se literatura infantil algo que propicia a esse publica um contato maior com a realidade, como subsídios para uma reflexão mais elaborada sobre seu entorno. Por meio das atividades literárias a criança expressa seus sentimentos, sonhos, curiosidades, "viajam" nas histórias - na maioria das vezes em busca de soluções de problemas que os aflige.

A partir do momento que a necessidade de saber mais venha à tona, a leitura passa a ser uma ferramenta que os conduz à descoberta. Ler e escrever passam a ser visto como uma forma de descobrir e registrar seus pensamentos e idéias e não como uma obrigação sem nenhum significado.

Não existe idade adequada para manusear um livro de literatura, ter contato com a leitura e a escrita. É preciso ofertá-los, instigá-los a descobrir o que nele está escrito, o que tem haver com sua realidade. Situações presenciadas em alguns debates revelaram essa necessidade de estímulo por parte do professor. No entanto, antes de tudo o professor precisa conhecer suas crianças, seus interesses, hábitos. Tomar o cuidado de não impor (obrigar) a criança a ler um livro, mas cativá-la, ler para e com ela, lhes ofertar livros de diversos gêneros de uma forma que possa despertar seu interesse. As crianças têm curiosidades de saber sobre o autor, ilustrador, o porquê do título escolhido, dos personagens, etc., fica muito contente ao descobrir algo semelhante a sua vida, apresentando a capacidade de estabelecer conexões às vezes explícitas na história, com seus conhecimentos cotidianos.


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