A inclusão mal feita é a pior das exclusões

Até bem pouco tempo atrás não se falava em inclusão. As pessoas com necessidades especiais eram simplesmente descartadas como se fossem peças com defeitos ou ficavam em suas casas, escondidas, por seus familiares. Não tinham direito à absolutamente nada. Não eram vistas como indivíduos que pudessem desenvolver-se, participar da sociedade, ser produtivas, realizadas e felizes. Ficavam às margens da sociedade.

Com o passar do tempo, surgiram os movimentos pela inclusão dessas pessoas. Mas não basta falar sobre inclusão, criar leis que obriguem pessoas e estabelecimentos a incluir. É preciso que as pessoas aprendam o que é inclusão. É preciso que haja abertura por parte das pessoas para que a inclusão aconteça verdadeiramente. A semente da inclusão foi e é lançada constantemente. Não basta lançar sementes, é necessário preparar a terra para recebê-las.

A sociedade atual está mais aberta, mais receptiva e menos preconceituosa. Apesar de ainda existirem pessoas resistentes às mudanças. Isso, porém, é até certo ponto compreensível visto que há pessoas que têm medo de mudanças, transformações e inovações.

As famílias estão colaborando, estimulando, incentivando seus parentes com necessidades especiais a frequentar escolas, a praticar esportes, a trabalhar, a ter uma vida afetiva plena. Enfim, a ter uma vida normal como as demais pessoas. As famílias, antes fechadas e preconceituosas, hoje lutam pelos direitos dos deficientes.

Nas escolas também ocorreram grandes e importantes mudanças. Estas agora são inclusivas. Estão sendo adaptadas para receber os alunos especiais. Sanitários adaptados e rampas de acesso já podem ser encontrados em várias escolas. A maioria delas está recebendo material didático adequado para o trabalho com os alunos especiais. E há muito que ser feito e adaptado ainda.

Alguns professores estão fazendo cursos para se preparar para receber os alunos especiais. Os alunos já sabem o que é inclusão, ou seja, já aprenderam, já ouviram falar sobre inclusão.

Mas o fato de saber o que é inclusão e como ela acontece não é suficiente para que ela seja real.

A sociedade inclusiva deve proporcionar condições para que a pessoa deficiente possa desenvolver-se plenamente, respeitando seu tempo, seu ritmo e suas limitações. As limitações são ao mesmo tempo obstáculos para a aprendizagem e estímulos para a superação. As pessoas deficientes têm deveres e direitos como qualquer outra pessoa. A família deve apoiar verdadeiramente o deficiente em suas batalhas diárias, tomando sempre o cuidado para não super protegê-lo e nem desampará-lo.

A escola deve fazer adaptações nos prédios, nos currículos e em tudo o mais que se fizer necessário para melhor atender os alunos (com ou sem deficiências).

O professor deve fazer cursos para preparar-se para receber os alunos especiais; ser flexível, aberto às mudanças, comunicativo, observador, sensível e dominar o conteúdo ministrado para que possa ensinar o mesmo de várias maneiras diferentes atingindo assim todos os alunos; deve trabalhar com grupos de alunos, em cooperação; e buscar sempre ajuda e apoio de outros profissionais.

Os colegas devem aprender a respeitar desde o primeiro momento os demais, principalmente aqueles com necessidades educacionais especiais. Os alunos devem aprender que todos nós somos diferentes e únicos, mas temos direitos e deveres iguais.

Para que a inclusão aconteça é necessária a implantação de várias ações, posturas e atitudes novas. Algumas já estão em prática, algumas estão em processo de implantação e algumas ainda estão encontrando resistências para serem implantadas.

O processo de inclusão já começou. O caminho é longo e o trabalho é árduo, porém, é muito recompensador. Quem já trabalhou, trabalha, vive ou convive com pessoas especiais sabe o quanto é gratificante trabalhar com elas.

É preciso, apenas, tomar cuidado para não criarmos um processo de quase inclusão. Pois, meia inclusão é o mesmo que exclusão. E a inclusão mal feita é a pior das exclusões. Faça, viva e seja a inclusão. Pense nisso.

* * *