Marcia Magno
Renata Barbosa
Quizi Klowaski
Ueider Machado

RESUMO

O aleitamento materno tem como principal objetivo favorecer o laço afetivo entre mãe e filho e também combater doenças que nesta fase da vida são combatidas pelos nutrientes que somente o leite materno pode oferecer com segurança. Profissionais da saúde, principalmente enfermeiros são treinados para orientar as mães e ensiná-las a oferecer o seio materno sempre que o bebê quiser. O objetivo deste estudo é identificar os procedimentos e acompanhamento do profissional de enfermagem nos casos de aleitamento materno. Esta pesquisa apresenta-se como descritiva e exploratória. A população envolvida na pesquisa foi composta por enfermeiros perfazendo um total de 15 indivíduos. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário com perguntas abertas e fechadas, validado por professores do escritório de Metodologia e Aprendizagem Ativa (EMAA) do Centro Universitário Celso Lisboa. De acordo com a pesquisa feita com alguns enfermeiros grande parte das dificuldades das mães em aceitar o aleitamento materno é não ter informações adequadas em relação aos benefícios que o aleitamento materno traz ao bebê e a mãe. A ação dos enfermeiros é pautada orientação por meio de conversas e palestras.


Palavras-chave: Aleitamento materno


















1 INTRODUÇÃO


Devido ao grande número de abandonos na prática da amamentação e o aumento da utilização de leites industrializados, iniciou-se na década de 70 um movimento que visava à retomada da amamentação como forma preferencial de alimentar os bebês. Mas para que esse movimento tivesse repercussão, seria necessário conscientizar as pessoas sobre os benefícios que o aleitamento traz tanto para a mãe quanto para o bebê (GIUGLIANI; LAMOUNIER, 2004).
O aleitamento materno é base da sobrevivência para o recém-nascido. Com ele pode-se suprir os aspectos nutricionais, imunológicos e psicológicos do bebê em seu primeiro ano de vida (ALMEIDA; ARAÚJO; FERNANDES, 2004).
É um ato natural e eficaz, mas que depende de muitos fatores, tais como: aspectos sociais, culturais, psicológicos da mãe, do envolvimento, incentivo e conhecimentos dos profissionais de enfermagem, envolvidos na prática do aleitamento materno (ALMEIDA; ARAÚJO; FERNANDES, 2004).
O leite materno é um alimento fundamental para o crescimento, desenvolvimento e a sobrevivência do bebê, pois ele é rico em nutrientes, garante ao bebê uma boa saúde, prolonga a vida e diminui o índice de mortalidade infantil. (SILVA; SOUZA, 2005).
Antes de engravidar a mulher deve ter em mente, a importância de amamentar, os benefícios que provoca e procurar um profissional de enfermagem para uma correta orientação (CARANDINA; FALEIROS; TREZZA, 2006). Esse profissional deve oferecer ainda no pré-natal os conhecimentos, identificar os medos, partilhar experiências vividas, desmistificar os tabus, tirar as dúvidas, promover educação em saúde e garantir conforto e efetividade durante a assistência à mãe no pré e pós-parto para que se inicie uma amamentação, correta, tranqüila e segura. (ALMEIDA; ARAÚJO; FERNANDES, 2004).
Não basta somente as mulheres terem informações sobre as vantagens do aleitamento materno e optarem por esta prática, elas precisam estar acomodadas em um ambiente favorável e contar com a ajuda de profissionais habilitados. Além de conhecer as vantagens da amamentação para o bebê e para a mãe, todo profissional capacitado deve ter o conhecimento sobre o manejo e a prevenção dos principais problemas que ocorrem durante o período de amamentação. (GIUGLIANI; LAMOUNIER, 2004).
Os primeiros dias após o parto, no período que a lactação se estabelece, são difíceis para um aleitamento materno com sucesso e constituem-se como um período de aprendizado para a mãe e de adaptação para o recém-nascido. Nesse período é importante o acompanhamento dos profissionais de enfermagem, pois surgirão várias dúvidas e problemas podendo deixar a mãe vulnerável e insegura. É nesse momento de modificações que a mãe necessita de informações sobre o autocuidado, o aleitamento, o planejamento familiar e os cuidados com o recém-nascido. (ALMEIDA; ARAÚJO; FERNANDES, 2004)
A partir dessas considerações iniciais surge o objetivo que dá origem a este estudo: identificar os procedimentos e acompanhamento do profissional de enfermagem nos casos de aleitamento materno.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o aleitamento materno é exclusivo até seis meses de idade (SILVA; SOUZA, 2005). A partir dos seis meses, os bebês já podem receber outros alimentos, mas é imprescindível que a mãe continue amamentando o seu filho até os dois anos de idade ou mais. Os alimentos complementares e o leite materno juntos são fundamentais para um ótimo crescimento e desenvolvimento da criança. (GIUGLIANI; LAMOUNIER, 2004). Os aspectos sócio-econômicos influenciam as mulheres a adotarem o hábito de amamentar, já que é uma prática que não implica em custo financeiro, além de promover uma rápida recuperação uterina no período pós-parto, diminuir a incidência de câncer de mama e funcionar como um anticoncepcional natural. (ALMEIDA; FERREIRA; NEGRA?SERRA, 1997).
Em contrapartida também são inúmeras as razões para o desmame precoce, pois muitos mitos assombram as mulheres quando se fala em amamentação. O culto a beleza é um dos motivos que levam as mulheres a abandonarem a prática da amamentação achando que os seios ficarão flácidos, que o leite é fraco e não vai sustentar o bebê e algumas outras argumentações que dificultam o aleitamento. O uso de chupetas, mamadeiras também contribui para o desmame precoce (CARANDINA; FALEIROS; TREZZA, 2006).
É importante para a mãe o apoio da família, principalmente do marido, nos momentos difíceis e também para conciliar as tarefas domésticas e vida conjugal. Com a chegada de um bebê no lar a rotina de um casal é totalmente alterada. Também se pode esquecer das avós que exercem uma função de auxiliar a mãe de primeira viagem a cuidar do bebê (NITSCHKE; TEIXEIRA, 2008).
De acordo com (RIOS: VIEIRA, 2007) o Programa de Atenção à Saúde da Mulher (PAISM) lançado no início de 1980 a ênfase é em relação aos cuidados básicos de saúde e é destacada a importância das ações educacionais no atendimento à mulher. Essa é a marca diferenciada em relação ao outros programas.

2 METODOLOGIA
Esta pesquisa apresenta-se como descritiva e exploratória. Para Gil (2006) o estudo exploratório torna familiar o que ainda é estranho ou desconhecido. A população envolvida na pesquisa foi composta por enfermeiros perfazendo um total de 15 indivíduos. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário com perguntas abertas e fechadas, validado por professores do escritório de Metodologia e Aprendizagem Ativa (EMAA) do Centro Universitário Celso Lisboa.
2.1 PROCEDIMENTO DA COLETA DE DADOS
Os dados coletados foram obtidos mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, caracterizando a participação voluntária dos enfermeiros.

3 ANÁLISE DOS DADOS

A partir do objetivo inicial deste estudo, identificar e analisar o envolvimento do enfermeiro sobre o aleitamento materno, orientações, intervenções nos procedimentos, inúmeros dados foram registrados. A média de idade do grupo abordado correspondeu a 32,5 anos. Em relação ao tempo de atuação na área de aleitamento a média foi de dois anos.
O instrumento de orientação para os pacientes, mais citado pelos enfermeiros foi a consulta de enfermagem, situação na qual os profissionais tem possibilidade não só de atendimento, mas também de aconselhamentos e orientações. Na consulta de enfermagem o profissional de Saúde é um instrumento onde a mulher que procura atendimento busca orientações e para agir com autonomia, decidir e enfrentar situações que ocorram em suas vidas. É nas consultas de enfermagem que é realizada uma ação educativa que visa mostrar a mulher os procedimentos que ela terá que agir em frente a uma dificuldade, tirar sua dúvidas em relação ao aleitamento materno e viver essa experiência de maneira positiva tendo assim o sucesso na amamentação.
Este dado reforça que a consulta de enfermagem é uma forma educativa na qual a mulher que procura atendimento e o enfermeiro, que administra a consulta, pode oferecer um aprendizado de fundamental importância.
De acordo com a pesquisa realizada os profissionais de Enfermagem acham que é de fundamental importância a consulta, pois é nesse momento que terão um contato mais íntimo com a mãe e terão a oportunidade de tirar dúvidas e esclarecer eventuais problemas. As reuniões, segundo os entrevistados, são de muita importância, pois pelo mesmo motivo que a consulta de enfermagem, nelas serão abordados temas importantes com a importância do aleitamento.
Segundo Giuliani e Lamounier (2004) além de se conhecer as vantagens da amamentação e ter o conhecimento sobre o manejo e a prevenção de problemas que ocorrem na amamentação, o profissional de enfermagem dever ter um material de apoio para que as mães e seus familiares absorvam durantes as reuniões e as consultas de enfermagem .
É importante que as mães realmente se sintam motivadas e acreditarem que amamentar seu filho é uma opção que irá beneficiá-lo por toda sua vida. Nas consultas de enfermagem o profissional de enfermagem é capacitado a orientar quantos as medidas que visam o preparo do seio para amamentação e possíveis duvidas decorrente a ela.
As orientações para as mães representam as preocupações de esclarecimento para as mães (FIGURA 1).


Figura 1 ? Orientações para as mães











Para os entrevistados a posição de pega é de fundamental importância na hora da orientação às mães, pois usando a técnica correta a mãe evita acidentes como o engasgo, fissura e mastite. Em relação ao sucesso da adesão ao aleitamento materno é necessário o enfermeiro interagir. Como conseqüência haverá sucesso, havendo também uma boa comunicação, perseverança, dedicação entre outros pontos que contribuem para um bom resultando na área da amamentação (FIGURA 2).
Figura 2 ?Relações entre enfermeiros e mães









O consumo de fórmulas infantis é fato que gera problemas de saúde nos bebês. O conhecimento das últimas décadas evidencia que o leite materno protege contra infecções e alergias, favorece o crescimento e o desenvolvimento da criança. Além disso, diminui o risco de obesidade e diabetes.
Para os entrevistados há algumas diferenças entre crianças que são amamentadas e as que não são. Para a grande maioria dos entrevistados a imunidade é melhor para os bebês que são amamentados com leite materno. Pois cresce com menor risco de doenças por que recebe da mãe imunidade passiva (FIGURA2).
Figura 2 ? Diferenças entre bebês amamentados e não amamentados.







Todos os entrevistados disseram que gostam de atuar na área da amamentação e isso é uma maneira de motivação para os profissionais que trabalham com aleitamento. A motivação com o trabalho com aleitamento materno é importante (FIGURA 3).
Figura 3 ? Motivações para o aleitamento









As dificuldades que os profissionais enfrentam são muitas. De acordo com Caradina, Faleiros e Trezza (2006) o culto à beleza é um dos motivos que levam as mães a abondonar e até mesmo a não amamentar por acharem que os seios ficaram flácidos e com estrias.
Nitschike e Teixeira (2008) falam da importância que a família tem para orientação da mulher e como é importante o marido participar nas tarefas domiciliares (FIGURA 4).
Figura 4 ? Dificuldades relatadas








Em contra partida existem facilidades. O aspecto sócio-econômico influencia positivamente segundo alguns entrevistados. Outro ponto positivo que os profissionais encontram é contar com o apoio da mãe que querem o melhor para seus filhos e acreditam que o aleitamento é a melhor maneira de demonstrar esse amor (FIGURA 5).
Figura 5 ? Facilidades no processo de amamentação









Fugita, Santos e Soler (2005) diz que o leite materno é um alimento completo que produz anticorpos e protege o bebê contra infecções.
Figura 6 ? Importância do aleitamento








Além da paciência e dedicação que a mãe deve ter ao amamentar o bebê, os profissionais de saúde também concordam que o fator emocional contribui para que o aleitamento seja de total sucesso para mãe e bebê.
Hoje em dia com a correria do dia-a-dia é muito comum as mães aderirem às formulas infantis e abandonarem o aleitamento. É mais fácil o preparo desse leite do que se colocar o bebê para sugar o seio da mãe o que muitas vezes o recém nascido não consegue (FIGURA 7).
Figura 7 ? Aceitação do aleitamento








CONCLUSÃO
De acordo com a pesquisa feita com alguns enfermeiros grande parte das mães que relutam em não aceitar o aleitamento materno é pelo fato de não terem informações adequadas a respeito dos benefícios que o aleitamento materno traz. Para os enfermeiros é muito importante também a valorização do profissional por parte de outros membros da equipe de saúde. É importante também que o profissional de saúde tenha um espaço adequado e material didático para orientar as mães de maneira que elas também possam se sentir a vontade na hora da consulta com profissional de enfermagem e também com a equipe multiprofissional.

ABSTRACT

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, N. A. M.; ARAÚJO, C. G.; FERNANDES, A. G. Aleitamento materno: uma abordagem sobre o papel do enfermeiro no pós-parto. Revista Eletrônica de Enfermagem v.06 n.03 2004. Disponível em http://www.revistas.ufg.br. Acesso em 09 set 2008.

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CARANDINA, L.; FALEIROS F. T. V.; TREZZA, E. M. C. Aleitamento materno: fatores de influência na sua decisão e duração. Rev. Nutr. v.19 n.5 Campinas set./out. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 09 set 2008.

GUIGLIANI, E. R. J.; LAMOUNIER, J. A. Aleitamento Materno: uma contribuição científica para a prática do profissional de saúde. J Pediatr, 2004, 80 (5 supl): S117-8. Disponível em http://www.aleitamento.med.br. Acesso em 01 set 2008.

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