A IMAGEM DO NORDESTE NA LITERATURA: DO REAL A REPRESENTAÇAO SOCIAL

Helen Cristiane Calado da Silva

RESUMO: Diante do tema proposto e por meio do artigo aqui descrito tentaremos apresentar uma contribuição para que uma nova visão seja lançada sobre o Nordeste brasileiro, pois apesar das mazelas sociais se destaca em aspectos culturais, econômico e social, tentando desconstruir a imagem de região de terra dos cangaceiros e coronéis, ou melhor, terra de ninguém. O trabalho será feito a partir de fontes bibliográficas que irão contribuir para da veracidade ao artigo, contribuindo assim para o conhecimento da região o que ira traduzir as raízes de um determinado "povo" nordestino.

Palavras - chave: Nordeste. Preconceito. Mitos.

Um tema um tanto "polemico", pois algumas pessoas pensam e agem de forma preconceituosa contra o Nordeste e, quando falamos em Nordeste pessoas de outras regiões já classificam os nordestinos como: analfabetos, feios, de baixa estatura e caipiras, uma pessoa que tem que sair da sua terra para a região sudeste(São Paulo) em busca de uma oportunidade de trabalho, pois sua região não lhe oferece.
Falar do Nordeste seria falar de uma região desprovida, o que faz alguns professores optar por não estudar a região e quando isso não acontece ele vem cheios de convencionalismo, apresentando diversos personagens que se mostram como representantes da região e assim ela é apresentada como uma área de desigualdade, de morte por fome devido as secas periódicas, de coronéis e de uma imigração sem comparação.
Conhecer essa região é desconstruir os estereótipos que cercam o Nordeste quebrando assim uma visão limitada e errada, o que só vem formar uma imagem negativa e preconceituosa da região, não sendo permitida a valorização do Nordeste brasileiro






Nordeste um produto de período histórico

Sendo visto como um mundo a parte o Nordeste brasileiro é apresentado como uma região de poucas oportunidades onde predomina a violência, a miséria, a educação precária e a exploração dos coronéis, o que obriga o nordestino a sair da sua terra em busca de uma vida melhor, pode verificar isso nas palavras de Carlos Garcia, quando ele coloca:

O nordestino não tem migrado porque desgoste de sua terra. Ao contrario, o sonho de cada um é ganhar dinheiro e voltar á terra para viver em melhores condições do que as que tinham. É obrigada a busca emprego noutra terra, porque na sua não há. Viaja fascinado pelas noticias que lhe chegam das riquezas do Rio, São Paulo, das fazendas do Paraná, do Mato Grosso do sul.
(Garcia, 1986.32 p).

Portanto ficar no Nordeste só terá um futuro, viver da bolsa escola e tantas outras bolsas oferecidas pelo governo federal, essa é a forma como o Nordeste é apresentado seja na literatura, na música ou na fala do turista. O Nordeste na literatura é visto como "histórica - política", pois o grande objetivo é criar e difundir um conceito que irá classificar a região, figuras ligadas a região não seriam heróis, mas apenas personagens ridículos que não teriam, nenhuma importância social ou civilizatória, estando esses preocupados apenas com eles mesmos essa literatura teria, na verdade, como maior objetivo divulgar uma cultura, uma população degradada pela seca e por condições sócias ? econômicos que humilham o nordestino, apresentando ao país uma realidade limitada da região, contudo é criado um discurso "regionalista" no qual é designada a esse "povo" uma qualificação de "coitadinho" ou" discriminado" que sem a ajuda do governo federal jamais irá vencer o subdesenvolvimento, a seca, a fome e a miséria que os assola. Belo discurso adotado por um país subdesenvolvido. Será que ele precisa da ajuda das grandes potências mundiais para sair do subdesenvolvimento? Essa imagem preconceituosa e distorcida que foi atribuída ao Nordeste é fruto de notícias divulgadas por vários meios de comunicação ou, mesmo por uma globalização que acreditasse está longe de chegar a região, tornado-a incapaz de fazer parte do mercado capitalista, uma região geograficamente acidentada o que a torna apenas produto sócio cultural, pois sendo suas terras pobres e uma grande parte sendo sertão onde a miséria é o grande atrativo aos noticiários não poderá dar sua contribuição no processo de desenvolvimento econômico ao capitalismo, então Garcia coloca:
Quem porventura imagina serem os sertões nordestinos tristes desertos onde apenas os cactos conseguem sobreviver, se espantará ao deparar férteis parreirais ás margens do São Francisco ou imensas e viçosas plantações de tomates nas várzeas irrigadas por águas acumuladas em grandes açudes.
(GARCIA, 1986.33 p).
O que deixa claro que não é uma terra improdutiva, mas sim mal aproveitada para o plantio, no entanto bem aproveitada para a construção de uma imagem negativa do Nordeste. Nessa mesma literatura não é possível deixar de considerar pensadores, produtores culturais ou mesmo lideranças políticas que se empenham em construir uma imagem licita sobre a cultura da região e da força que ela tem para se mostra ao país, fazendo assim nascer o verdadeiro Nordeste brasileiro, quebrando mitos e, personagens que se fazem representantes, apresentando-a como uma região de cangaceiros e miseráveis desprovidos economicamente. A imagem que se tem é dominantemente uma visão que corresponde a uma economia ligada à pecuária ou mesmo um Nordeste açucareiro que ficou preso á raízes políticas de séculos passados, no quais bases sólidas foram fixadas e grupos dominantes consequentemente conseguem manipular o espaço, o que faz com que pessoas sem conhecimento da região acreditem que o único problema do Nordeste é a seca:
... a maior parte dos brasileiros pensa que a seca é o principal problema do nordeste (...). porém trata-se de exagero, pois o Brasil como um todo (...) é subdesenvolvido e a maioria de seus habitantes tem um baixo padrão de vida. Inclusive, os grandes problemas do Nordeste ? como a posse de terras, remuneração muitas vezes a baixo do salário mínimo etc. ? ocorrem muito mais na zona da mata, onde não existem problemas da seca, do que no sertão
Garcia, (1986. 34p, apud Portela e Andrade, 1987: 30)
Diante das palavras de Portela e Andrade não tem muito que se argumenta, pois em nada o Nordeste do cangaço, do engenho ou até mesmo da seca pode ser comparado com o Nordeste atual, era uma região presa as oligarquia, já o atual está em busca de um engajamento no mundo globalizado, não são poucos os investimentos para que isso seja uma realidade sólida. Vários são os pólos tecnológicos, as indústrias de alimentação e lazer sem contar com o crescimento no espaço turístico. O Nordeste acredita ter nesse terceiro milênio o desafio de persuadir os governantes que é plausível uma integração junto à economia mundial, partindo do principio; seu povo e sua cultura muito têm para fornecer nessa interação.
Sendo o Nordeste uma área "desprovida" (livro didático) até então de atrativos limita o seu estudo em sala de aula, o que ocasiona alguns professores optarem que seu estudo não seja feito e quando isso não acontece ficam presos a convencionalismos, fazendo desse Nordeste, do livro didático, terra de cangaceiro e coronéis fato esses que são colocados como condições sociais da região; esses personagens têm suas imagens usadas para se transformarem em heróis ou carrascos são mitos que interferem e cria assim uma "identidade regional", já o sertanejo é um homem rude, pobre, feio, caipira, um ser considerado inferior e totalmente desprovido da consciência política, esse é o discurso que é incutido nos estudantes, o que faz o Nordeste ser visto como "a terra do nada". A falta de conhecimento em relação à cultura ou costume do outro o transforma em atrasado, em arcaico, o que divide esse país que já tem tantas diferenças em "vários países", poderíamos dividi-lo em: paulistano " estrangeiro e arrivista"ou o nordestino que não será mais "rude" e sim "bizarro e simpático" aquele que apesar de sua condição de inferioridade trata todos como muita hospitalidade, vejamos o que a falta de conhecimento de um determinado assunto traz como consequência ; o jornal O Estado de São Paulo por meio de um desinformado divulga a seguinte nota:
.. algo sabíamos por leitura sobre a terra do sofrimento, que tem prados só de urzes, tem montanhas de penhascos, habitações só de colmos, céu que nunca se encobre... chão que nunca recebe orvalho, rios que não tem água(...)
(ALBUQUERQUEE JR. 2001, 55 p)
O autor só está reafirmando sua falta de conhecimento da região ao mesmo tempo em que cria uma imagem preconceituosa do Nordeste para o sul e com isso mais uma vez formaliza o discurso regionalista.
Contudo ser nordestino no Sul ou mesmo em outra região é ser mão-de-obra de baixo custo principalmente a "industrialização centralizada de São Paulo" (PENNA, p.104). Conhecer o Nordeste é desconstruir os estereótipos, será ampliar sua visão e desmontar a imagem negativa que vem sendo trabalhada a século, não permitindo a valorização dessa terra tão rica cultural, economicamente e social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE Jr., D. M. A Invenção do Nordeste e Outras Artes. São
Paulo: Cortez, 2001.
GARCIA, C. O que é o Nordeste brasileiro. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.
PENNA, M. O que faz ser nordestino: identidades sociais, interesses e o "Escândalo Erundina". São Paulo: Cortez, 1992.