Por: Laércio Becker, de Curitiba-PR

Assim como, com base em Bakhtin, fala-se em “carnavalização”, permito-me falar em “futebolização”. Não é um movimento de mão única. Acarreta reações. À apropriação do futebol pelos políticos e interferência dos políticos no futebol, corresponde uma politização do mundo do futebol e tentativas de interferência do mundo do futebol na política (manifestações políticas de torcidas, dirigentes e jogadores que entram para a política e participam de atos políticos).

Não é novidade o uso do esporte em geral, e do futebol em particular, como instrumento de autopromoção política. Não só por quem detém o poder, mas também por quem o almeja (cf. Estadella). Não só em regimes autoritários, mas também em democráticos. P.ex., quando a seleção brasileira campeã mundial de 1962 voltou ao Brasil, foi recebida pelo ex-jogador João Goulart no Palácio da Alvorada, em 18.06.1962. Claro que o Presidente tentou capitalizar politicamente o fato.

Mas é claro que o uso mais evidente e escancarado é feito pelos regimes autoritários. P.ex., o uso da Copa de 78 pela ditadura argentina.

Ademais, competições de selecionados nacionais são, por excelência, oportunidades para esse tipo de governo exacerbar o nacionalismo. P.ex., como fez Perón. Segundo Richard Giulianotti e Gilberto Agostino, em ditaduras que precisam de espaços públicos grandiosos, é comum a construção de grandes estádios para gerar sentimentos nacionalistas. P.ex., Mussolini e o Estádio Olímpico de Roma (1934), Hitler e o Estádio Olímpico de Berlim (1936), Franco e o Santiago Bernabeu em Madri (1947), Salazar e o Estádio da Luz em Lisboa (1954). No Brasil, entre os grandes estádios públicos: Getúlio e o Pacaembu (1940); Castello Branco e o Mineirão (1965); Costa e Silva e o Batistão (1969); Medici e o Vivaldão (1970), o Rei Pelé (1970), o Pedro Pedrossian (1971), o Machadão (1972), o Castelão (1973), o Albertão (1973) e o Mané Garrincha (1974); Geisel e o Almeidão (1975), o Serra Dourada (1975), o Verdão (1976) e o Mangueirão (1978).

De certo modo, o esporte se presta a essa apropriação por ditadores e nacionalistas na medida em que tem relações históricas e antropológicas com a guerra. Como bem colocam Tchakhotine, Vinnai, Flávio Pereira, Elias e Dunning, o esporte prepara para a guerra. Até Hitler percebeu isso, ao escrever que:

“Proporcione-se à nação alemã seis milhões de homens perfeitamente treinados nos esportes, todos ardentes de amor fanático pela pátria e educados no mais elevado espírito ofensivo, e um Estado nacionalista formará deles, se necessário, dentro de menos de dois anos, um verdadeiro exército”.

Também Goebbels entendia que o futebol era um instrumento de mobilização popular, tanto que os jogos não foram suspensos na Alemanha e a seleção continuou atuando, mesmo durante a Guerra. Além disso, os locutores usavam termos militares e aproveitavam para noticiar as vitórias das tropas nazistas no front.

Se, para Clausewitz, a guerra é a continuação da política por outros meios, pode-se dizer que o futebol é a continuação da política e da guerra por outros meios. Nesse sentido, bem observou Muniz Sodré:

“Na medida em que incorpora técnicas de exercício corporal numa forma produtiva (aquisição de reflexos, harmonia muscular), o esporte produz necessariamente relações sociais – que permitem caracterizá-lo como uma prática política.”

E no Brasil?

Aqui, como vimos em nosso artigo “Futebol e política na República Velha”, a futebolização da política só ganhou força mesmo a partir do governo de Epitácio Pessoa. Washington Luís também tirou proveito do futebol e de seus espaços públicos, em especial o estádio de São Januário.

Mas é a partir de 1930, sob Getúlio, que o estádio vascaíno assume o papel de verdadeira ágora grega, espaço não só de eventos esportivos, mas também de concentrações cívicas, culturais e políticas (como o Dia do Trabalho), típicas do Estado Novo. Ele desfilava em carro aberto antes de subir à tribuna de honra. Dispensando a mediação do Legislativo (cesarismo), era lá que Getúlio falava diretamente ao povo, às vezes com a parceria de Villa-Lobos, que regia orquestras e corais. Aproveitava para assinar atos legais em favor dos trabalhadores, como o que criou o salário mínimo, assinado na tribuna de honra de São Januário. A tribuna de honra era o altar do templo em que se cultuava o mito getulista. O futebol, na condição de esporte das grandes massas, se encaixava na estratégia populista e nacionalista de Vargas. De acordo com Maurício Drumond, “o esporte e as festas cívicas funcionavam como a teatralização de uma imagem de ‘nação feliz e longeva’”.

As grandes celebrações em estádios de futebol ocorriam desde o início do governo Vargas, mas se intensificou o seu uso político a partir do Estado Novo. Eram especialmente utilizados os estádios São Januário (Semana da Pátria, Primeiro de Maio) e das Laranjeiras (Dia do Marinheiro).

É claro que a apropriação política não foi só dos estádios, mas também da própria seleção. Em 1931, já havia Vargas recebido a seleção brasileira que havia derrotado o Uruguai em Montevidéu, na disputa da Taça Rio Branco: “Pela tarde, despachei com os ministros da Justiça e da Educação, e assisti ao desfile dos footballers brasileiros que regressaram vitoriosos de Montevidéo”.

Mas a aproximação maior de Vargas com o futebol começou mesmo quando deu apoio à seleção brasileira para a Copa de 1938. Bancou uma polpuda subvenção à seleção. A filha Alzira Vargas virou madrinha do scratch. Antes de embarcar para a França, o selecionado foi recebido pessoalmente por Getúlio, que fez questão de cumprimentar os jogadores e ressaltar a importância de sua missão para o futuro do Brasil. A cada vitória, o Presidente recebia vários telegramas de congratulações, como se fosse seu o mérito. Era a mistura do entusiasmo esportivo inflamado pela seleção com o orgulho cívico alimentado pelo Estado Novo. Com isso, o futebol se candidatou a assumir um papel central no projeto ideológico do Estado Novo: a união nacional em torno do nacionalismo de Estado.

Mas intervenção mesmo no esporte, o governo Vargas só fez mesmo, a rigor, a partir de 1941, com o Decreto-lei nº 3.199, de 14.04.1941, que regulamentou o esporte e criou o Conselho Nacional de Desportos (CND), com a função de “orientar, fiscalizar e incentiva a prática dos desportos em todo o país”. Era o aparelhamento político do esporte.

E no regime militar pós-64? Nem todos os Presidentes desse período deram grande atenção ao futebol. Vejamos o que John Dulles diz sobre Castello Branco:

“Embora gozasse de boa saúde, Humberto só participava das atividades esportivas na medida necessária para cumprir as exigências do programa. Não passava momentos de folga desenvolvendo os músculos em barras paralelas no pátio da escola, nem praticava a esgrima, passatempo popular entre os estudantes e no qual os irmãos Kruel eram exímios. Nem jogava futebol ou sequer torcia por qualquer das equipes esportivas favoritas. Seu tempo livre era dedicado à leitura de obras literárias e às colunas políticas dos jornais.”

Costa e Silva também não dava atenção ao futebol, mas era fã incondicional do turfe. Carlos Chagas conta que o Presidente sofria em Brasília, aos domingos, porque não conseguia sintonizar com clareza as rádios do Rio, que transmitiam as corridas do Jockey Club. Até que alguém descobriu que o rádio do Galaxie presidencial era tão potente que captava muito bem as estações cariocas. Daí que não era raro vê-lo nos domingos passeando de carro pelas estradas de Brasília, só para ouvir as tranmissões e torcer pelos seus cavalos favoritos.

Quando teve a trombose cerebral que o impediu para o exercício do cargo, a suspeita de que algo não andava bem no Palácio começou com sua ausência no Grande Prêmio Brasil, em 31.08.1969.

Enquanto esteve hemiplégico, continuou se inteirando dos resultados do turfe. Recebia os amigos mais íntimos para conversar sobre as corridas do Jockey, que ouvia pelo rádio, “fazendo também as suas apostas, pois este era o seu hobby desde a mocidade” (cf. Mello). Tudo devidamente autorizado pelos médicos, que entendiam que essa distração ajudaria na sua recuperação.

Sem dúvida, o Presidente militar que mais se identificou com o futebol e, por conseqüência, mais tirou proveito dessa identificação, foi Emílio Garrastazu Medici.

Antes de tudo, não é de duvidar da sinceridade do interesse de Medici pelo futebol. Na juventude, foi um bom jogador de futebol, conforme vimos em nosso artigo “Café Filho, o goleiro que virou Presidente da República”. Na maturidade, seu interesse pessoal foi testemunhado por várias pessoas, como Nelson Rodrigues e Antonio Carlos Scartezini. Em relato do general Jayme Portella de Mello, vê-se que, antes mesmo de tomar posse, e em conversas privadas, Medici falava sobre futebol.

Seu interesse era tão grande que ele foi promovido a torcedor número um do país. Nessa condição, não escondeu suas preferências clubísticas: Flamengo e Grêmio. A propósito, Cláudia Mattos levanta a suspeita de que muitas vezes a elite se diz flamenguista como parte de uma estratégia demagógica, uma tentativa de falsa aproximação com as massas. Nesse sentido, Hilário Franco Jr. dá a entender que a escolha do Flamengo por Medici atendeu a uma estratégia de marketing político, dada a enorme torcida do rubronegro, em âmbito nacional.

Independentemente do motivo da escolha, Medici ia ao Maracanã, quase semanalmente, assistir aos jogos do seu Flamengo, e era recebido sob aplausos da torcida. Também foi bastante aplaudido na inauguração do Morumbi. Como bem sintetiza Ronaldo Costa Couto, “uma das imagens mais sólidas e duradouras do Presidente Medici é a de torcedor de futebol, rádio de pilha colado ao ouvido”. Usando de um trocadilho, o jornalista Carlos Chagas disse que Medici realmente foi um estadista, não pelo que governou, mas pelo que freqüentou de estádios.

Economicamente, o governo Medici criou aquilo a que se deu o nome de “milagre brasileiro”, um crescimento do PIB à custa do crédito fácil. Crédito esse que permitiu a comercialização em massa de aparelhos de televisão. A TV prolifera e passa a ser usada como instrumento de promoção do governo.

É o tempo da Loteria Esportiva, prevista desde o governo Costa e Silva (DL 594, de 27.05.1969), mas que só teve seu primeiro concurso no governo Medici, às vésperas da Copa, em 19.04.1970.

É o tempo da Assessoria Especial de Relações Públicas (Aerp), criada no mandato de Costa e Silva, pelo Decreto 62.119, de 15.01.1968. Encarregada da propaganda do governo Medici, a Aerp construiu uma campanha publicitária em cima da idéia do tal “milagre brasileiro”. Valia-se da TV para hipnotizar e desmobilizar a população mediante uma estética do espetáculo, despolitizada. E não poderia haver espetáculo melhor que a Copa de 1970, a primeira transmitida ao vivo para o Brasil – ver o capítulo “Primeiras transmissões”, em nosso livro Do fundo do baú.

É o tempo da censura prévia, consagrada pelo DL 1.077, de 26.01.1970, assinado por Medici. Dela nem a Copa escapava, como vemos na Portaria nº 25, de 25.05.1970 (D.O. 29.05.1970, p. 4.011):

“O Sr. Chefe do Serviço de Censura de Diversões Públicas do Departamento de Polícia Federal, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 176 do Decreto nº 56.510, de 28 de junho de 1965;

Considerando que é do interesse a geral e imediata distribuição dos filmes sobre o desempenho do Selecionado Brasileiro de Futebol, na disputa da Taça ‘Jules Rimet’, que será disputada, proximamente, na cidade do México;

Considerando que o exame prévio desses filmes, em Brasília, retardaria a sua distribuição, aos circuitos comerciais, de todo o País, em cerca de vinte e quatro (24) horas, fato que contrariaria o desejo do povo brasileiro, resolve:

I – de acordo com o artigo 175, item IV, do Decreto nº 56.510, de 28 de junho de 1965, delegar poderes às Turmas de Censura de Diversões Públicas das Delegacias Regionais dos Estados de São Paulo e Guanabara, para procederem ao exame prévio dos filmes produzidos exclusivamente sobre as disputas futebolísticas pela Taça ‘Jules Rimet’, realizadas no México, expedindo os respectivos certificados com a validade normal de cinco (5) anos e para todo o território nacional.

a) Wilson A. de Aguiar.”

Politicamente, de fato, Medici teve a grande sorte de ser brindado pela conquista da Copa de 1970 logo no início de seu mandato. O Presidente aproveitou ao máximo sua identidade com o futebol para futebolizar a política. Saía nos jardins do Palácio da Alvorada em mangas de camisa, com uma bandeira na mão e uma bola no pé (Veja, 01.07.1970, p. 20, apud Gaspari). Era apresentado nos telejornais fazendo embaixadinhas. Saía em foto cabeceando uma bola. Até em álbum de figurinhas, como se fosse um dos jogadores.

Vejamos o que escreveu o jornalista político Carlos Castello Branco, em coluna publicada em 21.06.1970 (entre colchetes, minhas observações):

“O General Medici é o primeiro brasileiro que leva à Presidência da República a paixão pelo futebol. Ele não a esconde, nem teria por quê. Antes a demonstra e vive. Os Presidentes da República até ele fizeram suas concessões ao futebol nos momentos de disputa de Copa do Mundo, mas a verdade é que o esporte que atraía o interesse dos Chefes de Estado sempre foi o turfe. Provavelmente pela origem comum das corridas de cavalos e da arte de governar [desde o hipódromo de Bizâncio, que era a arena política do Império], pastos quase que exclusivos de aristocratas. Presidentes, oriundos do Rio Grande do Sul ou não, das Forças Armadas ou não, sempre homenagearam a sociedade brasileira reunida nas tardes e noites brilhates do Jóquei Clube [em especial seu antecessor, Costa e Silva, mas a tradição vem do Império, como vimos em nosso artigo “Futebol e política na República Velha”]. O General Medici deve ter seu interesse pelas corridas e pelos saltos, mas o fato é que ele é antes de tudo o torcedor de futebol, que tem um time em cada cidade por onde passa ou onde vive [Flamengo e Grêmio]. Só não se lhe conhece a preferência por clube de Brasília, mas convenhamos que isso seria por enquanto, na época da televisão, um exagero. Hoje, portanto, dia em que se disputa uma final de Taça do Mundo, o presidente é uma espécie de torcedor símbolo e pelo menos no episódio entra em total comunhão com seus governados. O futebol tornou-se entre nós um fator a mais de unidade do Brasil. O jogo de hoje é importante para o Presidente da República na mesma medida em que o é para todos nós. E isso é um acontecimento novo, pois estávamos até aqui acostumados a uma simples atitude governamental de complacência e de estímulo estudado ao futebol. Se o Presidente Medici tem a felicidade dessa co-participação com o povo no futebol, é bom que se diga que, tendo dado aos preparativos da Copa o apoio de praxe, não lhe deverá ser creditada a vitória nem debitada a derrota [acabou ganhando dividendos políticos com a vitória]. Ele será hoje um homem eufórico ou um sofredor, independentemente das suas responsabilidades presidenciais. Eufórico ou sofredor como qualquer um de nós.”

Na final, o Presidente deu o palpite certeiro de 4x1 para o Brasil. Jarbas Passarinho conta que Medici pensara em responder 2x1, mas preferiu chutar um resultado mais otimista para não parecer que estava desconfiando da capacidade da seleção. Depois, decretou feriado nacional para receber os jogadores. Recebeu-os pessoalmente no Palácio do Planalto. Capitalizou o sucesso da seleção ao máximo que pôde. Os dividendos políticos da conquista da Copa renderam a Medici uma aprovação popular superior a 70%.

Segundo Nicolau Sevcenko, com o tempo, os governantes aprenderam a estimular e tirar proveito “dos momentos de catarse e união nacional espontânea, procurando convertê-los em legitimação emocional de seus próprios projetos políticos. As vitórias nas Copas do Mundo vieram consagrar esse processo. Identidade nacional, futebol, nacionalismo, carnaval e união de todos viraram praticamente sinônimos. Se com o futebol as pessoas tentavam compensar toda a riqueza dos laços afetivos de que se viram privadas pelo advento da Revolução Científico-Tecnológica e das grandes cidades, com a globalização dos meios de comunicação e as políticas de massas, o futebol tem se tornado uma espécie de carta de penhor do populismo, agitada em contrapartida a essa enorme demanda emocional, como se os líderes ao afagarem essa dívida afetiva criassem um sucedâneo simbólico para as carências relegadas com cínica indiferença.”

Medici não se contentava em dar palpites, como o da final da Copa. Dizem que também buscava impor suas opiniões. Refiro-me, evidentemente, ao famoso episódio Dario. Reza a lenda que, na inauguração do estádio Beira-Rio, um repórter teria comentado com João Saldanha que Medici queria Dario na seleção, ao que perguntou se ele não o convocaria. Saldanha teria respondido que, como Medici não o havia consultado sobre a formação de seu gabinete de governo, Saldanha não precisava da opinião de Medici para a escalação da seleção. Verdade ou mito?

Se for verdade, Medici deve ter aprendido com Saldanha para episódio posterior. Quando recebeu a visita do cardeal arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, disse a ele: “que o senhor cuide da sua Igreja e que eu cuide do meu governo”.

Mas Jarbas Passarinho nega peremptoriamente que Medici tenha dado pitaco na escalação de Dario e que, se tivesse, não aceitaria a grosseria de Saldanha sem resposta. Muitos autores e cronistas da época lembram que a seleção estava tendo resultados pífios e Saldanha ameaçava cortar Pelé dizendo que estava míope. Além disso, Saldanha também se desentendeu com o médico da seleção, Dr. Lídio Toledo, e com o preparador físico, Admildo Chirol. Tinha um gênio reconhecidamente difícil.

Também foi dito que Saldanha teria denunciado, no exterior, a ocorrência de prisões arbitrárias, tortura e assassinatos de presos políticos. O mais incrível foi o governo aceitar um técnico militante do PCB. Há algumas explicações, p.ex., de que ele seria um boi-de-piranha, num mandato-tampão até a escolha do técnico que iria para a Copa. Outros dizem que havia uma tolerância recíproca porque ambos eram gaúchos.

De qualquer modo, quando o substituiu, Zagalo providenciou a convocação de Dario, tal como sugerira Medici. Mais importante que isso, a queda de Saldanha abriu as portas para a militarização do futebol. Basta ver a comissão técnica da Copa de 1970: chefiada pelo major-brigadeiro Jerônimo Bastos, então presidente do CND; segurança a cargo do major-aviador Roberto Guaranys, supervisão do capitão Cláudio Coutinho, preparação física assessorada pelos capitães Kléber Camerino e Benedito Bonetti, preparação de goleiros a cargo do subtenente Raul Carlesso.

Não podemos nos esquecer que o governo Medici é o dos slogans patrióticos divulgados pela Aerp, como “Brasil, conte comigo”, “Brasil, ame-o ou deixe-o”, “ninguém segura este país”, “ontem, hoje, sempre, Brasil”. Da música em que Dom e Ravel cantavam “eu te amo, meu Brasil, eu te amo”. Sobretudo, é o tempo da marchinha Pra frente, Brasil, de Miguel Gustavo, que começou como um jingle de um comercial e acabou virando um hino extraoficial do seu próprio governo. Porque traz uma incrível síntese da ideologia que a Aerp queria divulgar, vejamos:

“Noventa milhões em ação, [idéia de massa]

Pra frente, Brasil [patriotismo e otimismo]

Do meu coração! [patriotismo e sentimentalismo, i.e., alienação]

Todos juntos vamos, [“ame-o ou deixe-o”]

Pra frente, Brasil,

Salve a seleção!

De repente é aquela

Corrente pra frente, [otimismo]

Parece que todo o Brasil deu a mão. [“ame-o ou deixe-o”; alienação]

Todos ligados na mesma emoção, [idem]

Tudo é um só coração. [idem]

Todos juntos vamos,

Pra frente, Brasil, Brasil,

Salve a seleção!”

Elio Gaspari lembra que versinhos patrióticos, como os dessa marcha, empanturravam as transmissões dos jogos e depois eram entoados nas ruas pelos torcedores. A própria oposição armada, na época, sofria o dilema: torcer pelo Brasil seria o mesmo que torcer pela ditadura? Mesmo assim, em geral, acabavam torcendo e ouviam os jogos até quando estavam presos. “Todos ligados na mesma emoção”, guerrilheiros e presos políticos também acabavam formando mais um elo da “corrente pra frente”. Eis o diagnóstico de Roberto Ramos:

“A Copa de 70 serviu para legitimar o governo do general Emílio Garrastazu Medici. Ele chegou ao poder por vontade de uma minoria. Não teve voto direto nem qualquer tipo de apoio das bases. Foi um presidente biônico. Então, buscou uma identificação popular no futebol. O que atingiu o seu clímax com a conquista do campeonato mundial, acobertando o autoritarismo e a repressão.”

Sob os bons ares do tricampeonato mundial, na mensagem de fim de ano de 1970 para 1971, Medici prometeu que pretendia criar oportunidades para a realização total da juventude, “até mesmo no esporte, sob a ispiração das alegrias do povo nas memoráveis vitórias que marcaram este ano”. Apesar disso, segundo Marcus de Oliveira, a política esportiva do governo militar “conquistou corpos e mentes para a ‘causa’ esportiva, menos no que se refere à prática de atividades físicas, e mais no tocante ao consumo do produto esportivo de massa”.

Ainda no vácuo da Copa, em 1971, foi criado “Torneio General Emílio Garrastazu Medici”, mais conhecido como “Torneio do Povo”, disputado até 1973 (ver nosso artigo “Sobre a unificação dos títulos brasileiros”). O nome oficial laudatório e o apelido demagógico dizem tudo. Como bem observa Marcus de Oliveira, o uso demagógico e populista do esporte não é prerrogativa de ditaduras, tampouco do Brasil. Mas nesse período específico pós-70, esse uso foi inequívoco. Como bem resume o autor:

“Não há como separar o desenvolvimento do esporte brasileiro das influências militares e dos seus usos ideológicos. Mas isso não é o mesmo que admitir leituras conspiratórias que vêem no esporte o grande trunfo da Ditadura Militar para consignar os seus objetivos políticos. O esporte não era mais do que um dos planos de intervenção da Ditadura, que agiu na direção de afirmar-se pela adesão de grandes parcelas da população brasileira, ao mesmo tempo em que reprimia com crueldade os descontentes com os rumos da política daqueles anos. O resultado da combinação dessas dimensões produziu um vácuo democrático de 21 anos na cena política brasileira, ao mesmo tempo em que abriu as portas do Brasil para grandes fenômenos de massa, tais como a cultura do shopping center, com todos os seus subprodutos, a televisão e a mentalidade esportiva.”

Também em 1971, foi instituído o Campeonato Nacional, para movimentar o país todo e não apenas alguns estados (ver nosso artigo “Sobre a unificação dos títulos brasileiros”). Como bem apontou o General Golbery, a integração nacional era um objetivo estratégico do regime pós-64.

Numa perspectiva ideal, o Campeonato Nacional cumpria essa tarefa. Na prática, porém, cumpria outra ainda mais importante para o regime: atendimento a interesses políticos locais da Aliança Renovadora Nacional, que era o partido de apoio ao governo militar. Prova disso é a famosa frase atribuída ao Almirante Heleno Nunes (presidente da CBD/CBF de 1975 a 1980): “onde a Arena vai mal, um time no Nacional”. E tem o complemento: “onde a Arena vai bem, mais um time também”. Sendo ou não dele a autoria da frase, fato é que a colocou em prática. No campeonato de 1975, 42 participantes; no de 1976, 54; no de 1977, 62, no de 1978, 74; e no de 1979, 94 clubes.

A CBD/CBF era obrigada a ceder aos mais variados interesses, incluindo clubes do interior e de estados menos populosos, sempre em nome da integração nacional. Os clubes ingressavam conforme os interesses políticos, de quem tinha influência e poder e desejava ver o clube local atraindo grandes times para sua base eleitoral, bem como de quem queria integrar as delegações inchadas, já que os custos das viagens ficavam por conta do CND e da CBD/CBF. P.ex., o Itabuna foi convidado para o campeonato de 1978 em atendimento a um pleito de produtores de cacau da região e também do governador do estado, que queria tomar a prefeitura então ocupada por um prefeito do MDB (Movimento Democrático Brasileiro, partido de oposição). Em suma, o Estado se aproveita do futebol e vice-versa.

Essa transformação do futebol em cabo-eleitoral da Arena teve seu grande momento na criação de um time de futebol. Quem nos conta é Roberto Assaf:

“O Volta Redonda era o retrato fiel da influência política no Brasileiro: o objetivo de sua criação pelo Governo Militar, em 1976, foi o de deixar distraída em torno dos jogos do clube toda a população do Vale do Paraíba, no sul do estado, área definida à época como de ‘segurança nacional’, onde ergueu-se na década de 40 a Companhia Siderúrgica Nacional, a maior da América do Sul. O clube era comandado por Isnaldo Gonçalves, presidente da Arena municipal e chefe de gabinete do prefeito, seu irmão Nélson Gonçalves. (...) A população, no entanto, continuou torcendo pelos clubes do Rio.”

Vê-se, com esse exemplo, que o esporte realmente se tornou uma questão de Estado. A idéia era utilizá-lo para canalização dos impulsos contestatórios da população – como o circo romano (pannis et circencis) e o hipódromo bizantino.

Com o Almirante Heleno Nunes na presidência da CBD/CBF, sob intervenção desde 1975, manteve-se o processo de militarização do futebol. A começar pela comissão técnica da seleção brasileira: chefe da delegação coronel Tinoco Marques, secretariado major Kléber Camerino, assessoria tenente Osvaldo Costa Lobo, supervisão major Carlos Cavalheiro, preparação física tipicamente militar, ministrada pelo capitão Cláudio Coutinho e pelo tenente Raul Carlesso. Em 1977, trocou Oswaldo Brandão por Cláudio Coutinho, um Capitão do Exército que “descrevia seus jogadores à imprensa como uma ‘unidade levemente armada’ e chegava a adornar seus campos de treino com símbolos patrióticos e bandas militares” (cf. Branco). Como diz Hilário Franco Jr., “era a pátria de chuteiras e de boina militar”.

Fora do campo mas ainda dentro do estádio, também se processou uma verdadeira militarização das torcidas organizadas. Quem notou isso foi Maurício Murad:

“Seguindo as doutrinas e os padrões de organização do militarismo então vigente, que se entranhava em todos os setores da sociedade. Estas torcidas se estruturam e ‘pelotões’, ‘destacamentos’, ‘tropas-de-choque’ etc. Seus líderes são chamados ‘capitães’, ‘tenentes’, ‘sargentos’. Seus símbolos são militares, como também o são suas relações de poder, hierarquia interna e comportamento grupal”.

O que se nota pelo que foi dito até aqui é que há uma dialética entre a futebolização da política e a militarização do futebol: enquanto a política se aproveita do futebol, o futebol é infiltrado por um verdadeiro ethos militar. Ou seja, enquanto a futebolização atinge a aparência da política, a militarização atinge a essência do futebol. Em resumo, é uma dialética assimétrica. O que ambos os movimentos têm em comum é que são movidos por um interesse político.

Às vezes, porém, o uso que os políticos fazem do futebol pode acabar revertendo contra eles mesmos. É quando o mundo do futebol olha para além dos muros do estádio e aponta suas armas para o mundo da política. Tal como em Bizâncio, quando os “Verdes” e os “Azuis”, um belo dia, deixaram de lado suas disputas no hipódromo e fizeram uma revolta popular de grandes propoções. É quando o “circo” percebe que o verdadeiro picadeiro está fora da lona.

Um caso interessante foi protagonizado pelo Flamengo, durante a grave crise político-militar por que passava o governo de Getúlio, em 1954. Aconteceu que o rubronegro Carlos Lacerda, opositor ferrenho, foi solicitar ao general Canrobert (torcedor do São Cristóvão) que depusesse o vascaíno Vargas. Canrobert se esquivou, dizendo:

- Não, não vou ajudar a botar tanque na rua, como no 29 de outubro de 45 [fim do Estado Novo], para depois sermos chamados de fascistas. Dessa vez, só com moções de toda a parte. Só se vier para o Exército tudo quanto é moção. Todo mundo pedindo, até o Clube de Regatas do Flamengo.

Lacerda respondeu: “não seja por isso”. Articulou com seus amigos rubronegros e conseguiu, até para sua própria surpresa, uma moção do Flamengo pedindo a renúncia de Getúlio. (Embora rubronegro, em 1966, o elitista Lacerda foi comparado ao Fluminense pela campanha de seu adversário Chagas Freitas, que quis se identificar com o Flamengo, de maior torcida.)

Dez anos depois, os clubes foram novamente usados, dessa vez para ajudar no esforço golpista que acabou por derrubar o governo Jango. Era importante atrair os clubes de futebol porque seus dirigentes eram da elite, seus sócios da classe média e seus times arrastavam grandes massas de torcedores das classes populares. Segundo René Armand Dreifuss, os clubes envolvidos na conspiração, em São Paulo, foram: a Portuguesa de Desportos, o Palmeiras, o São Paulo (cujo vice-presidente, Manoel de Carvalho, era um dos líderes civis do movimento) e o Corinthians, “cujo presidente, Wadi Helou, fora contactado por João Batista Silva Azevedo, vereador pelo Partido Libertador e articulador do movimento dentro do Clube de Regatas Tietê e levado por Carlos Brancante ao General Menna Barreto”.

Note-se que a intervenção do futebol na política, nesses dois exemplos (1954 e 1964), não foi espontânea, mas por provocação do mundo político. Mas há casos em que ela é espontânea, surgindo por iniciativa de personagens do próprio mundo do futebol.

Às vezes, por iniciativa de dirigentes esportivos. P.ex., em outubro de 1978, Francisco Horta, presidente do Fluminense, deu a seguinte declaração: “A causa principal da decadência do nosso futebol é a militarização. Temos de voltar, o quanto antes, ao poder civil no futebol”. Outro exemplo: Márcio Braga, cartola do Flamengo, elegeu-se deputado federal (PMDB-RJ) e colocou-se a favor das diretas.

Outras vezes, por iniciativa dos próprios jogadores. P.ex., Jorge Ferreira lembra de episódio ocorrido em dezembro de 1976, quando da morte de João Goulart. No estádio Beira Rio, os jogadores do Internacional – em que Jango havia sido campeão juvenil – resolveram homenageá-lo com um minuto de silêncio antes da partida que jogariam. Só que foram impedidos pela polícia, para contrariedade de jogadores, de dirigentes e principalmente da torcida, que vaiou os policiais.

Outro caso ocorreu próximo às eleições de 1982, quando a “Democracia Corinthiana” votou para estampar nas costas das camisas do time a frase “Vote no dia 15”. Eram eleições importantes para a consolidação da abertura política. Aliás, o Corinthians venceu o campeonato com a palavra “democracia” impressa nas costas. Foi bicampeão em 1983, quando entrou em campo com uma faixa em que se lia: “Ganhar ou perder, mas sempre com democracia”. Por fim, em 1984, os jogadores corintianos Sócrates e Casagrande, junto com o narrador Osmar Santos, participaram ativamente dos comícios em favor da Emenda Dante de Oliveira, das eleições diretas.

Outras vezes, por iniciativa das torcidas. P.ex., em 1979, a torcida corintiana entrava em campo com uma faixa em que pedia: “Anistia ampla, geral e irrestrita”. Outro exemplo é a criação da torcida organizada Flá-Diretas, vista com freqüência nas manifestações e nas reuniões dos comitês cariocas em favor das Emenda Dante de Oliveira.

Caso interessante envolvendo dirigentes, jogadores e torcida rivais ocorreu em 1984. Na final do Campeonato Brasileiro de 1984, em 27.05.1984, quando houve um raro momento de unanimidade das torcidas: 128.781 tricolores e vascaínos fizeram um coro de “diretas já” que chegou a abafar o Hino Nacional. O jogo terminou 0x0, Fluminense campeão.

Só que, depois, uma delegação do tricolor foi a Brasília entregar a faixa de campeão brasileiro ao Presidente João Figueiredo, tricolor confesso (ver nosso artigo “Somos todos fluminenses”). Foi quando cinco jogadores – Paulo Vítor, Aldo, Branco, Jandir e Washington – foram fazer uma visita a Paulo Maluf, então candidato do PDS à Presidência da República, e lhe deram uma camisa do clube. Apesar de o presidente do Fluminense, Manoel Schwartz, e o apoiador Delei declararem que essa visita não refletia o pensamento do clube nem do elenco, o Flamengo aproveitou a deixa: diretoria e time declararam abertamente apoio a Tancredo Neves, candidato do PMDB.

Resultado? Em 20.09.1984, na final da Taça Guanabara, a torcida rubronegra levou faixas ao Maracanã, em que se lia: “Maluf é corrupção, Tancredo é a solução”. E o Flamengo venceu por 1x0. No Fluminense, o supervisor Newton Graúna e o técnico Luís Henrique responsabilizaram o episódio de Brasília. Mas depois passou. Tanto que o tricolor terminou campeão carioca de 1984.

Para finalizar, cumpre lembra que, em bom estilo populista, o Presidente Figueiredo havia patrocinado um jogo entre Flamengo e Corinthians, com portões abertos, para “agradar a galera”. Pois foram justamente esses os clubes cujas torcidas se manifestaram mais ativamente pela democratização. Isso confirma que a futebolização da política pode acabar revertendo contra os próprios políticos que a promovem. Mas isso é apenas uma possibilidade, não uma certeza. Daí o risco calculado que alguns demagogos preferem correr até hoje.

 

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