A ESTATÍSTICA NO COTIDIANO ESCOLAR

Profº Raul Enrique Cuore Cuore

Resumo

A Estatística no cotidiano escolar é uma ferramenta indispensável para traçar de forma objetiva os rumos que serão tomados dentro da Instituição, tanto no âmbito curricular, como na gestão escolar. Este trabalho tem a intenção de exemplificar algumas das aplicações da Estatística na escola e a sua importância, fazendo uma alusão a sua história e às suas aplicações.

 

Palavras-chave: Escola; Estatística; Informação.

1         introdução

O universo escolar é constituído de vários campos que permitem o seu funcionamento. Ensinar é o propósito final da Instituição, porém para que esta funcione a contento, se faz necessário que todos os seus departamentos “falem a mesma língua”, e os seus objetivos sejam bem demarcados.

A história da estatística deixa claro que sua função é estatística, ou seja, levantamento de dados em determinada população, no qual se tem um objetivo para adquirir um resultado. Este resultado pode ser: Valor absoluto; valor relativo; amostra; estimador; população; variável contínua; coleta direta e indireta.

As informações estatísticas são concisas, específicas e eficazes, fornecendo assim subsídios imprescindíveis para as tomadas racionais de decisão. Neste sentido, a Estatística fornece ferramentas importantes para que as Instituições possam definir melhor suas metas, avaliar sua performance, identificar seus pontos fracos e atuar na melhoria contínua de seus processos, assim sendo os investimentos terão o menor risco possível.

2         Uma breve história da estatística

A palavra Estatística, derivada do termo latino “status” (estado), parece ter sido introduzida na Alemanha, em 1748, por Achenwall. A Estatística é encarada, atualmente, como uma ciência capaz de obter, sintetizar, prever e tirar inferências sobre dados. Porém no século XVII em Inglaterra a Estatística era a “Aritmética do Estado” (Political Arithmetic), consistindo basicamente na análise dos registros de nascimentos e óbitos, originando, mais tarde, as primeiras tábuas de mortalidade.

Ao longo da Idade Média e até ao século XVIII a Estatística foi puramente descritiva, coexistindo duas escolas: a escola descritiva alemã, cujo representante mais conhecido é o economista Gottfried Achenwall (1719-1772), professor na Universidade de Gottingen, considerado pelos alemães como o pai da Estatística, e a escola dos matemáticos sociais que procuravam traduzir por leis a regularidade observada de certos fenômenos, de caráter econômico e sociológico.

Embora esta escola procurasse fundamentar a formulação de previsões com base em leis sugeridas pela experiência, a Estatística confundia-se, praticamente, com a demografia, à qual fornecia métodos sistemáticos de enumeração e organização. Na verdade, a necessidade sentida, em todas as épocas, de conhecer, numérica e quantitativamente, a realidade política e social tornou a análise demográfica uma preocupação constante.

John Graunt (1620-1674), juntamente com William Petty (1623-1687), e o astrônomo Edmond Halley (1656-1742) são os principais representantes da escola inglesa, que dá um novo impulso à Estatística, fazendo-a ultrapassar um estado puramente descritivo; analisam-se os dados na procura de certas regularidades, permitindo enunciar leis e fazer previsões.

No entanto, a Estatística para adquirir o status de disciplina científica, e não puramente ideográfica ou descritiva, teve que esperar pelo desenvolvimento do cálculo das probabilidades, que lhe viria a fornecer a linguagem conceptual permitindo a formulação de conclusões com base em regras indutivas.

Data do século XVII o início do estudo sistemático dos problemas ligados aos fenômenos aleatórios, começando a ser manifesta a necessidade de instrumentos matemáticos, aptos a analisar este tipo de fenômenos. Pode datar-se dos fins do século XIX o desenvolvimento da Estatística matemática e suas aplicações, com Francis Galton (1822-1911), K. Pearson (1857-1936) e William Sealy Gosset (1876-1936), conhecido sob o pseudónimo de Student.

Pode-se afirmar que a introdução sistemática dos métodos estatísticos na investigação experimental é produto dos trabalhos de K. Pearson e Sir Ronald Aylmer Fisher (1890-1962). A partir de Pearson e Fisher o desenvolvimento da Estatística matemática, por um lado, e dos métodos estatísticos aplicados, por outro, têm sido tal que é praticamente impossível referir nomes.

3         aplicações da estatística

Grande parte das informações divulgadas pelos meios de comunicação atuais provém de pesquisas e estudos estatísticos. Os índices da inflação, de emprego e desemprego, divulgados e analisados pela mídia, são um exemplo de aplicação da Estatística no nosso dia a dia.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, ao qual a Escola Nacional de Estatísticas está vinculada, é o órgão responsável pela produção das estatísticas oficiais que subsidiam estudos e planejamentos governamentais no Brasil.

A Estatística é uma ferramenta multidisciplinar, pois os conceitos estatísticos têm exercido profunda influência na maioria dos campos do conhecimento humano. Métodos estatísticos vêm sendo utilizados no aprimoramento de produtos agrícolas, no desenvolvimento de equipamentos espaciais, no controle do tráfego, na previsão de surtos epidêmicos bem como no aprimoramento de processos de gerenciamento, tanto na área governamental como na iniciativa privada.

Na prática, a Estatística pode ser empregada como ferramenta fundamental em várias outras ciências. Na área médica, por exemplo, a Estatística fornece metodologia adequada que possibilita decidir sobre a eficiência de um novo tratamento no combate à determinada doença.

Na área tecnológica, o advento da era espacial suscitou diversos problemas relacionados ao cálculo de posição de uma astronave, cuja solução depende fundamentalmente de conceitos e teorias estatísticas mais elaboradas.

 

O crescente uso da Estatística vem ao encontro da necessidade de realizar análises e avaliações objetivas, fundamentadas em conhecimentos científicos. As organizações modernas estão se tornando cada vez mais dependentes de dados estatísticos para obter informações essenciais sobre seus processos de trabalho e principalmente sobre a conjuntura econômica e social.

As informações estatísticas são concisas, específicas e eficazes, fornecendo assim subsídios imprescindíveis para as tomadas racionais de decisão. Neste sentido, a Estatística fornece ferramentas importantes para que as empresas e instituições possam definir melhor suas metas, avaliar sua performance, identificar seus pontos fracos e atuar na melhoria contínua de seus processos, assim sendo os investimentos terão o menor risco possível.

4         o uso da estatistica no cotidiano escolar

A Estatística, no contexto escolar, como noutros segmentos da sociedade, também se torna uma ferramenta importante, tanto curricular, com o conhecimento que o aluno adquire sobre a sua aplicação, como na gestão escolar, onde a Estatística fornece dados para a tomada de decisões quanto aos rumos que devem ser seguidos a fim de melhorar o processo escolar como um todo.

Dentro de sala de aula o Professor trabalha com a Estatística referenciando; pesquisas, tabelas, índices, gráficos, porcentagens, etc.

A Estatística é utilizada na organização das turmas, através de técnicas estatísticas que o professor utiliza no gerenciamento de suas turmas, como, por exemplo; cálculo das médias, percentual de freqüência aprovação e reprovação, etc.

Administrativamente a Estatística é usada na gestão escolar, pelo diretor, coordenador, assistentes administrativos, através de tópicos estatísticos como: índices de repetência e evasão, densidade escolar, média geral das turmas.

Serão apresentados a seguir dois tópicos exemplificando a aplicação da Estatística no contexto escolar. O primeiro visa demonstrar a sua aplicação no campo de uma disciplina especifica. O segundo exemplo destaca a importância do ensino da Estatística na escola.

4.1         exemplo de estudo estatístico sobre a resistencia dos alunos à disciplina de educação física

Este estudo foi realizado na rede estadual de ensino da zona urbana de Pelotas/RS no ano de 1992, e sobre este estudo estatístico, (BARROS, 1992) nos diz:

“Em conformidade com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, a Educação Física é componente curricular da educação básica, portanto, obrigatória em todo ensino fundamental e médio. Diante disso, tornam-se de absoluta importância os aspectos pedagógicos a serem abordados nessa disciplina, bem como os conteúdos de ensino. Estes são apresentados nos projetos pedagógicos, nos planos de ensino, durante as aulas e nas atividades e convicções. “

4.1.1       Metodologia Aplicada

Este estudo compreendeu a base populacional de 32 escolas que possuíam 7ª série do Ensino Fundamental. Considerando o número aproximado de 40 estudantes em cada uma das 93 turmas de 7ª série existentes no total de escolas pesquisadas, para uma amostra aleatória com erro percentual de 4%, estudou-se 535 casos. Assim, a amostra foi composta por 242 meninos e 293 meninas. Objetivou identificar as quais conteúdos de ensino da Educação Física os escolares apresentam maior resistência. Procurou-se, também, analisar o(s) porquê(s) dessa aversão a determinados conteúdos.

Os conteúdos de ensino presentes na Educação Física regional foram listados para que os escolares apontassem suas opiniões, com seis itens: “Nunca Pratiquei”, “Detesto”, “Não gosto”, “Sou indiferente”, “Gosto” ou “Gosto muito” Em sala de aula, os alunos responderam individualmente ao questionário.

4.1.2       Resultados Quantitativos

TABELA 1: PERCENTUAL DE RESPOSTA (DE AMBOS OS SEXOS) QUE NÃO GOSTAM/DETESTAM O CONTEÚDO.

 

Conteúdos

Resultado (% das respostas)

 

Alongamentos (Gin.)

27,7

 

Abdominais e Apoios (Gin.)

26,5

 

Corridas (Gin.)

25,0

 

FONTE: BARROS, J. M.C."Educação Física no Ensino de 1º e 2º graus: um estudo dos conteúdos e natureza dos programas”, 1992.

 

 

 

 

TABELA 2 - PERCENTUAL DE RESPOSTAS DOS MENINOS QUE NÃO GOSTAM/DETESTAM O CONTEÚDO.

Conteúdos

Resultado (% das respostas)

Alongamentos (Gin.)

29,3

Corridas (Gin.)

26,4

Dança

26,4

FONTE: BARROS, J. M.C."Educação Física no Ensino de 1º e 2º graus: um estudo dos conteúdos e natureza dos programas”, 1992.

 

 

 

TABELA 3 - PERCENTUAL DE RESPOSTAS DAS MENINAS QUE NÃO GOSTAM/DETESTAM O CONTEÚDO.

 

Conteúdos

Resultado (% das respostas)

 

Abdominais e Apoios (Gin.)

27,7

 

Alongamentos (Gin.)

25,9

 

Corridas (Atl.)

25,3

 

FONTE: BARROS, J. M.C."Educação Física no Ensino de 1º e 2º graus: um estudo dos conteúdos e natureza dos programas”, 1992.

 

 

 

 

       

4.1.3       Resultados Qualitativos

As respostas foram divididas em três grandes categorias, para facilitar a apresentação dos dados. A primeira engloba as respostas dos escolares que fazem referência à didática adotada durante a aula e suas conseqüências, como, por exemplo, sentir dor, não conseguir executar o movimento correto ou uma superestimação do potencial físico do aluno pelo professor.

A segunda categoria trata das questões subjetivas, que abarcam condições/idéias pessoais do aluno ou da preferência destes. São exemplos dessa categoria o não gostar do conteúdo/modalidade (como a ginástica, por exemplo), o relato de problemas físicos/respiratórios ou a expressão de não vontade de fazer a tarefa proposta.

A terceira categoria envolve as questões de gênero refletem o preconceito cultural da sociedade, presente também nos alunos, os quais elegem determinados conteúdos característicos de um dos sexos. Nesta, estão as clássicas “é coisa de menino” e “é coisa de menina”.

TABELA 4 - CONCLUSÕES FINAIS

Categoria

Geral (%)

Masculina (%)

Feminina (%)

Alongamento

Abdominal

e Apoio

Corrida

Alongamento

Corrida

Dança

Abdominal

e Apoio

Alongamento

Corrida

Didática

46

70

77

42

61

33

66

72

73

Subjetiva

51

28

22

54

36

47

32

28

27

Gênero

3

2

1

4

3

20

2

0

0

Total

100

100

100

100

100

100

100

100

100

FONTE: BARROS, J. M.C."Educação Física no Ensino de 1º e 2º graus: um estudo dos conteúdos e natureza dos programas”, 1992.

 

4.1.4       Conclusão do estudo

As respostas dos escolares evidenciam que muitas das resistências têm origem na ação do professor, na sua forma de ensinar. Na maioria dos casos, os alunos desconhecem os benefícios da prática da atividade física para si e/ou são ensinados de forma “não prazerosa”, fazendo com que a desistência e o “não gostar” da atividade sejam cada vez mais freqüentes.

Deste modo, se torna imprescindível repensar a prática docente e, principalmente, os métodos de proposição das atividades e conteúdos aos escolares, buscando ampliar o leque de experiências destes

. a Importância da estatística na escola

Na escola o estudo da Estatística tem grande importância, pois, a maioria dos alunos sente dificuldade em entender cálculos e problemas matemáticos.  Parece difícil entender que a estatística pode melhorar o entendimento matemático, pois, ela parece ser difícil e complicada.

O que acontece é o contrário, sua importância se dá, pelo fato de trabalho com números reais, e para realizar um cálculo estatístico é necessário fazer pesquisa, coletar dados e informações sobre o que deseja descobrir.

 

Sobre este conceito, (PERRENEUD, 1999) nos diz:

“Uma competência nunca é a implantação racional pura e simples de conhecimentos, de modelos de ação, de procedimentos. Formar em competências não pode levar a dar as costas à assimilação de conhecimentos, pois a apropriação de numerosos conhecimentos não permite sua mobilização em situações de ação.”

 E quando a escola fornece a disciplina de Estatística, irão desenvolver algumas ferramentas estatísticas consideradas indispensáveis como: gráficos; médias; desvio padrão; índices; diagramas; histograma e dispersão. Desta forma os alunos poderão entender como se dão as pesquisas estatísticas, as quais estão presentes, sem dúvida, no seu cotidiano.

 A diferença entre a matemática e a estatística é que a matemática apresenta resultados extremamente exatos, enquanto a estatística trabalha com as estimativas, amostras, entre outros, no qual demonstra que seus resultados não podem ser exatos, pois se modificam de acordo com o objeto de pesquisa.

5         conclusão

Na escola a Estatística esta presente em sala de aula, ou pelo menos deveria estar. Através do estudo e entendimento da estatística é possível entender os resultados de determinadas pesquisas. Para os alunos é difícil entender, por exemplo, como o IBGE consegue determinar a população do Brasil. Então se explica sobre o senso, que é a coleta de dados e depois se obtêm um resultado estatístico. O interessante é que esses resultados não são exatos e por isso são chamados de estatística, pois, podem mudar de um dia para o outro, conforme a região em que foi feita a pesquisa, no caso deste exemplo.

  O processo de ensino-aprendizagem envolve muito mais que o conhecimento de certa disciplina. Envolve a condição que o professor tem de compreender as diferentes aplicações e/ou formas de integrá-la ao uso pedagógico contextualizado e fazendo valer suas competências.

Pode se concluir que a importância da Estatística vai alem dos números. Assistir os jornais da TV e ler nas revistas dados, porcentagem, projeções, a bolsa de valores que sobe e desce, reflete apenas o que pesquisas de opinião e previsões dizem. Estatística vai além disso. É preciso que esses números sejam confiáveis e tenha garantia de qualidade para não poder tomar decisões equivocadas. Portanto, entender e compreender Estatística é ter controle sobre as decisões.

6         referências

BARROS, José Maria de Camargo. Educação Física no Ensino de 1° e 2° graus: um estudo dos conteúdos e natureza dos programas. Revista Kinesis, v.9, p.97-110, 1992.

PERRENOUD, Philipp. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.