O Renascimento pode ser considerado como um marco do início da Idade Moderna, uma vez que reflete o desenvolvimento de uma nova vida e de uma nova mentalidade, vinculadas à ascensão da cidade e da burguesia.
Palavras-chave: Educação Jesuítica; Reforma Protestante; Reforma Católica; Contra-Reforma; Educação.

INTRODUÇÃO

A Educação Jesuítica no Brasil se dedicou à pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Perceberam que não seria possível converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever.

Os jesuítas não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso elementar eles mantinham os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes.

Movido pela indignação e pela discordância com os costumes da Igreja de seu tempo, o monge alemão Martinho Lutero (1483-1546) foi o responsável pela reforma protestante, que originou uma das três grandes vertentes do cristianismo (ao lado do catolicismo e da Igreja Ortodoxa).

Na educação, o pensamento de Lutero produziu uma reforma global do sistema de ensino alemão, que inaugurou a escola moderna. Seus reflexos se estenderam pelo Ocidente e chegam aos dias de hoje.

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1 - Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia da UNIASSELVI, na disciplina de Metodologia do Trabalho Acadêmico no ano de 2008.

2- Graduado em Educação Física pela Universidade do Sul de Santa Catarina no ano de 2009.

A contra reforma ou reforma católica foi o movimento liderado pela igreja que surge em resposta aos movimentos propostos por Martinho Lutero que originaram o protestantismo que se colocava contra a igreja e o papa. Esta manifestação somente ocorreu quando o protestantismo já havia se expandido por grande parte da Europa.

Este trabalho pretende mostrar o significado da Educação no Renascimento bem como suas características, relações e importância.

A EDUCAÇÃO JESUÍTICA

A Companhia de Jesus foi fundada por Inácio de Loiola e um pequeno grupo de discípulos, na Capela de Montmartre, em Paris, em 1534, com objetivos catequéticos, em função da Reforma Protestante e a expansão do luteranismo na Europa.

Os primeiros jesuítas chegaram ao território brasileiro em março de 1549 juntamente com o primeiro governador·geral, Tome de Souza. Comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega, quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, tendo como mestre o Irmão Vicente Rodrigues, contando apenas 21 anos. Irmão Vicente tornou·se o primeiro professor nos moldes europeus e durante mais de 50 anos dedicou·se ao ensino e a propagação da fé religiosa.

O mais conhecido e talvez o mais atuante foi o noviço José de Anchieta, nascido na Ilha de Tenerife e falecido na cidade de Reritiba, atual Anchieta, no litoral sul do Estado do Espírito Santo, em 1597. Anchieta tornou·se mestre·escola do Colégio de Piratininga; foi missionário em São Vicente, onde escreveu na areia os "Poemas à Virgem Maria" (De beata virgine Dei matre Maria), missionário em Piratininga, Rio de Janeiro e Espírito Santo; Provincial da Companhia de Jesus de 1579 a 1586 e reitor do Colégio do Espírito Santo. Além disso foi autor da Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil.

No Brasil os jesuítas se dedicaram a pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Perceberam que não seria possível converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu·se para o sul e em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia).

Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento, escrito por Inácio de Loiola, o Ratio atque Instituto Studiorum, chamado abreviadamente de Ratio Studiorum. Os jesuítas não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso elementar eles mantinham os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava·se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava·se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Os que pretendiam seguir as profissões liberais iam estudar na Europa, na Universidade de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no campo das ciências jurídicas e teológicas, e na Universidade de Montpellier, na França, a mais procurada na área da medicina.

Com a descoberta os índios ficaram à mercê dos interesses alienígenas: as cidades desejavam integrá·los ao processo colonizador; os jesuítas desejavam convertê·los ao cristianismo e aos valores europeus; os colonos estavam interessados em usá·los como escravos. Os jesuítas então pensaram em afastar os índios dos interesses dos colonizadores e criaram as reduções ou missões, no interior do território. Nestas Missões, os índios, além de passarem pelo processo de catequização, também são orientados ao trabalho agrícola, que garantiam aos jesuítas uma de suas fontes de renda.

As Missões acabaram por transformar os índios nômades em sedentários, o que contribuiu decisivamente para facilitar a captura deles pelos colonos, que conseguem, às vezes, capturar tribos inteiras nestas Missões.

Os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira durante duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de todas as colônias portuguesas por decisão de Sebastião José de Carvalho, o marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777. No momento da expulsão os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. A educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histórica num processo já implantado e consolidado como modelo educacional.

REFORMA PROTESTANTE E EDUCAÇÃO

Movido pela indignação e pela discordância com os costumes da Igreja de seu tempo, o monge alemão Martinho Lutero (1483-1546) foi o responsável pela reforma protestante, que originou uma das três grandes vertentes do cristianismo (ao lado do catolicismo e da Igreja Ortodoxa). O nascimento do protestantismo teve profundas implicações sociais, econômicas e políticas. Na educação, o pensamento de Lutero produziu uma reforma global do sistema de ensino alemão, que inaugurou a escola moderna. Seus reflexos se estenderam pelo Ocidente e chegam aos dias de hoje.

A idéia da escola pública e para todos, organizada em três grandes ciclos (fundamental, médio e superior) e voltada para o saber útil nasce do projeto educacional de Lutero. "A distinção clara entre a esfera espiritual e as coisas do mundo propiciou um avanço para o conhecimento e o exercício funcional das coisas práticas", diz o pastor Walter Altmann, presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.

Instrução para fortalecer a cidade

Tão importante quanto Lutero para a educação foi Philipp Melanchthon (1497-1560), o "preceptor da Alemanha". Durante o período que Lutero passou impedido de se manifestar publicamente, Melanchthon foi o porta-voz da causa reformista e um dos encarregados de reorganizar as igrejas dos principados que haviam aderido ao luteranismo. Esse trabalho resultou no projeto de criação de um sistema de escolas públicas, adotado pelo estado da Saxônia e depois copiado em quase toda a Alemanha. A reforma da instrução era uma das principais reivindicações das camadas mais pobres da população, insatisfeitas com as más condições de vida e com o ensino escasso e ineficaz oferecido pela Igreja. Esses foram alguns dos motivos da revolta armada dos camponeses, sangrentamente reprimida em 1525. Tanto Melanchthon quanto Lutero — que, entre outros princípios avançados para seu tempo, defendiam a educação também para as meninas - viam na instrução um assunto do interesse dos governantes. "A maior força de uma cidade é ter muitos cidadãos instruídos", escreveu Lutero. Para isso, foi criado um sistema que atendia tanto à finalidade de preparar para o trabalho quanto à possibilidade de prosseguir os estudos para elevação cultural. O currículo era fortemente baseado nas ciências humanas, atribuindo importante função formadora ao estudo da História.

Nova classe seria formada por cidadãos cultos

A reivindicação pela liberdade de interpretar a Bíblia tornou-se não só um dos pilares da reforma protestante como o princípio fundador do projeto educacional de Lutero, que valorizou a alfabetização e o ensino de línguas — e, mais importante, pregou o acesso de todos a esse conhecimento. Os renovadores religiosos defendiam a formação de uma nova classe de homens cultos, dando origem ao conceito de utilidade social da educação.

Lutero tinha um projeto inovador, mas abominava a possibilidade de se tornar porta-voz de qualquer idéia ou ambição revolucionária. Mesmo assim, o surgimento do protestantismo foi ao encontro dos desejos da classe economicamente emergente de comerciantes, para quem a educação representava uma possibilidade de aceitação e ascendência social. Nas primeiras décadas do século 16, o Sacro Império Romano-Germânico era um mosaico de principados mais ou menos independentes. Os interesses político-econômicos do imperador, da Igreja e dos príncipes emperravam uns aos outros. Os príncipes, menos obrigados ao poder papal do que o imperador, viram em Lutero uma possibilidade de se afirmar politicamente contra a autoridade central e de contestar os direitos da Igreja sobre riquezas que se encontravam em seus territórios.
O fato de Lutero não acreditar que a salvação da alma estivesse vinculada às ações em vida não implicava descaso pelas coisas mundanas. Ao desvincular as esferas do poder espiritual e do poder temporal, Lutero atribuía ao último a responsabilidade de administração da vontade de Deus — por isso a obediência civil seria um dever moral e a rebelião um pecado. "A ligação entre os dois mundos é a fé, porque os que crêem são também vocacionados para servir o próximo na sociedade", diz o pastor Altmann.

REFORMA CATÓLICA E EDUCAÇÃO

A contra reforma ou reforma católica foi o movimento liderado pela igreja que surge em resposta aos movimentos propostos por Martinho Lutero que originaram o protestantismo que se colocava contra a igreja e o papa. Esta manifestação somente ocorreu quando o protestantismo já havia se expandido por grande parte da Europa como Áustria, Alemanha, Hungria, Países Baixos, Boêmia e Áustria. Países como Portugal, França, Itália e Espanha não aderiram diretamente o protestantismo.

Em 1545, houve uma grande convocação da igreja que ficou conhecida como Concílio de Trento que tinha como objetivo assegurar a fé de seus adeptos, especificar sua postura quanto a salvação, fazer alterações que julgassem necessárias bem como no âmbito de orientação às igrejas. Ficou estabelecido que reafirmariam a salvação por meio da fé e de obras, reforçou o poderio papal, reforçou o celibato e os sacramentos, criou seminários, firmou compromisso com os fiéis para participarem da missa bem como sua postura em relação a obtenção de lucros pela venda de indulgências.

Liderados pelos papas Paulo III, Paulo IV, Pio V e Xisto V reestabeleceram a Inquisição, para condenar os hereges à fé católica, e a ordem dos jesuítas conhecida como Companhia de Jesus, fundada em 1534 com o intuito de catequizar povos da Ásia, África e América e combater a heresia e o protestantismo.

Criaram o Index que era o índice dos livros proibidos pelo papa que evitava a multiplicação de idéias contraditórias às da igreja (este somente se extinguiu em 1965 no pontificado do papa João XXIII), reestabeleceram a catequese, o Santo Ofício que juntamente com a inquisição poderia punir e condenar os hereges, e utilizaram instituições de ensino primário e secundário para firmar a religião de seus fiéis.

CONCLUSÃO

O Renascimento pode ser considerado como um marco do início da Idade Moderna, uma vez que reflete o desenvolvimento de uma nova vida e de uma nova mentalidade, vinculadas à ascensão da cidade e da burguesia.

Então, resta colocar, que a educação renascentista, influenciou diretamente a educação através da teoria heliocêntrica, defendida por Copérnico (1473-1543). Como fatos que favoreceram esse pensamento pedagógico, são citados: as grandes navegações do séc. XIV, que deram origem ao capitalismo comercial; a invenção da imprensa realizada por Gutemberg; e a invenção da bússola que possibilitou as grandes navegações. A educação Renascentista visava à formação do homem burguês.

REFERÊNCIAS

ALTMANN, Walter. Lutero e Libertação. ed. Sinodal: 1984.

BOEHNER, G. - História da Filosofia Cristã. Original francês. Há trad. bras., Ed. Vozes, 1970.

BURCKHARDT, J. - A cultura do Renascimento na Itália. Original alemão. Há trad. esp., Ed. Ibéria, Barcelona.

DICKENS, A.G. - A Reforma e a Europa do século XVI. Original inglês. Há trad. port., Ed. Verbo, Lisboa.

GILSON, E. - A Filosofia na Idade Média. Original francês, Payot, 1944. Há trad. espanhola.

MANACORDA, Mario Alighiero. História da educação. ed. Cortez: 1970.

NUNES, R.A.C. - História da Educação na Antigüidade Cristã. EDUSP, 1978.

______________________ História da Educação no Renascimento. EDUSP-EPU, 1980.