Autor (a): Marília Moreira Pinho

Orientadora: Tânia Batista 

Resumo

O presente artigo discute sobre a importância da atuação do profissional pedagogo em ambientes educativos não-escolares, que se dá a partir de diferentes funções que ele exerce, sem deixar de atuar na área da educação, que é seu principal foco. Vale ressaltar que atualmente o pedagogo vem ganhando cada vez mais espaço em nossa sociedade, seja no meio formal, informal, não-formal, escolar ou não, ele está frequentemente garantindo o reconhecimento de sua profissão, antes voltada apenas para a educação infantil, agora destinada a vários setores da sociedade; empresarial, ambiental, social, hospitalar, ONG’s, igrejas, associações, enfim diferentes setores, que formam hoje o novo cenário de atuação deste profissional, para além dos muros da escola,  no qual o pedagogo pode atuar com todas as ferramentas conseguidas ao longo de sua formação, desempenho, dedicação, esperança, valores, liderança, que o fazem estar presente em todos os lugares, com olhar mais atento e humano voltado para a ação pedagógica. A partir desta realidade, muitos dos preconceitos enfrentados pelos pedagogos são quebrados, e assim uma nova identidade vai se construindo, tornando o pedagogo num agente transformador da realidade, que não exerce apenas mais uma função, mas que é capaz de atuar nas diferentes áreas existentes no mercado de trabalho.

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Introdução

O presente artigo tem como finalidade abordar sobre temas relevantes trabalhados durante a disciplina de OGEENE-Organização e gestão dos espaços educativos não-escolares, ministrada na FACED-Faculdade de educação da UFC-Universidade Federal do Ceará, pela professora Tânia Batista. Temas esses, que envolvem um pouco de todos os espaços em que o pedagogo possa vir atuar, tais como; instituições, centros sociais, empresas, hospitais, enfim, espaços estes,  que o pedagogo pode trabalhar na área da educação, porém de forma bem diferente, da que ele costuma vivenciar num ambiente mais formal que é a escola.

Percebemos com isso que o profissional pedagogo, antes não tão solicitado como agora, passa a assumir novos papéis, o que o faz criar uma nova identidade no âmbito social, possibilitando a ele expandir cada vez mais seus espaços, por sua extrema importância e eficiência em ambientes diversificados.  

Desse modo, apesar de ser muito restrito e desconhecido esse vasto campo profissional já está começando a ser mais valorizado, através da mobilização dos próprios profissionais pedagogos, que já vem travando uma luta intensa há bastante tempo, por melhores condições de trabalho, melhores salários, e mais reconhecimento da profissão.

Por sua vez, hoje em dia a sociedade exige cada vez mais profissionais capacitados e treinados para atuarem nas diversas áreas possíveis, assim, o profissional pedagogo está se inserindo em um mercado de trabalho mais amplo e diversificado, e é preciso que este se capacite e se qualifique para atender ás demandas do mercado.

No que diz respeito à metodologia, esse artigo foi elaborado a partir de outros artigos menores, que continham pesquisas bibliográficas, discussões de textos referentes à atuação do pedagogo em espaços educativos não-escolares, através também da participação de convidados especiais; “grandes mestres” que trabalham com projetos sociais nessa área da educação como, por exemplo; Socorro (membro do Abrigo da Tia Júlia), Serafim Ferraz (membro do departamento de administração da UFC), Bodião (prof° da UFC), Daniela Sampaio (membro do grupo Cultura de Paz), além também de nossa experiências compartilhadas em sala durante as aulas de OGEENE. E os filmes que também puderam enriquecer esta experiência: “Um poquito de tanta verdad”, e o vídeo: história das coisas. 

Espaços Educativos Não-Escolares: Conceitos e Vivências

Atualmente podemos perceber que são diversas as possibilidades de inserção do profissional pedagogo, não se limitando, apenas a sala de aula ou, ainda, ao trabalho pedagógico na escola, mas, sobretudo vão, além disso, podem atuar em gestão de hospitais, assistência social, fábricas, enfim em diversas áreas que necessitam de seus conhecimentos, intervenções pedagógicas e de seus serviços sociais oferecidos para pessoas em situação de vulnerabilidade social no sistema de proteção social básico e especial. A atuação profissional funciona conforme explicita MOURA e SUCHETTI (2006) com complemento da educação formal, na qual sua atuação esta engajada em direcionar ações de intervenções para o público alvo dos espaços de intervenção.

Temos como exemplo de profissional que exerce seu trabalho pedagógico em um espaço educativo não-escolar, a dona Socorro, que trabalha em um abrigo onde atende crianças de 0 a 7 anos que estejam em situação de risco.

A profissional é pedagoga e nos passou informações bastante interessantes sobre o abrigo que até então não conhecíamos na íntegra. Segundo Socorro o abrigo Tia Júlia foi criado em 1972, mas só foi reconhecido mesmo em 06 de fevereiro de 1975. Recebeu o nome de Casa da Tia Júlia em homenagem à Júlia Giffoni pelo reconhecimento do seu trabalho junto à assistência social. Foi somente em 1994 que passou a funcionar como abrigo atendendo às crianças e adolescentes de acordo com os preceitos legais conforme estabelece a ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) Lei 8069 de 13 de julho de 1990.

Em 2002 o abrigo foi beneficiado em sua estrutura física através do projeto Casa da Criança, o que acabou por contribuir para uma melhor qualidade de vida das crianças abrigadas. Colaborando assim com a missão do abrigo que está ligada a abrigar, proteger, e educar crianças em situação de risco pessoal ou social.

O abrigo Tia Júlia tem como objetivo proporcionar atendimento integral à criança em suas necessidades biopsicossociais e pedagógicas, buscando assegurar o direito à convivência familiar e comunitária, principalmente à manutenção de vínculos com a família de origem, bem como encaminhamentos para a família substituta em casos de adoção.

O abrigo tem capacidade para atender a 75 crianças, no entanto, já existem 86 crianças nesse espaço, incluindo crianças com necessidades educativas específicas que também são atendidas. O abrigo funciona 24 horas por dia, inclusive no período de férias. Assim, como o abrigo atende crianças somente até os 07 anos, estas quando completam 08 anos, são encaminhadas para outros abrigos que atendam a sua faixa etária e assim possibilite a elas continuar com suas atividades normais diárias.

A pedagoga nos informou ainda que o processo de encaminhamento se dá tanto para o juizado da infância e juventude, quanto para o conselho tutelar que é um órgão de autoridade que fiscaliza escolas, abrigos e residências para ter ciência de alguma criança que esteja em situação de risco.

Com relação à educação dessas crianças, elas são apadrinhadas por empresários ou autoridades que lhes oferecem educação em escola particular, além de lhes proporcionar todo o material de que precisarão. Desse modo no abrigo apenas são reforçadas as atividades e conteúdos aprendidos na escola.

No que diz respeito à equipe técnica, esta é composta de diretora, médica, dentista, cinco enfermeiras, uma assistente social, duas pedagogas, fonoaudióloga, psicóloga, economista doméstica, nutricionista, fisioterapeuta, etc. E a equipe de apoio é composta por: lavadeira, motorista, vigia, lactarista, cozinheira, auxiliar de serviços gerais, porteiro, etc.

Segundo Socorro, o setor pedagógico costuma favorecer as crianças o cuidar e o educar, promovendo valores, hábitos, atividades sócio-pedagógicas e recreativas que possam favorecer o desenvolvimento de sua autonomia. O abrigo procura também fortalecer sua auto-estima e a construção de sua identidade sendo que para que isso aconteça de fato, é importante que o ambiente esteja organizado, limpo, seguro e sempre em ordem. Ela ressalta ainda que o profissional pedagogo está presente em todos os momentos, e que por isso é preciso que este tenha um olhar mais individualizado sobre a criança.

Assim, para que possamos compreender melhor como se dá esse tipo de experiência, tomei como base o texto de Jemmerson Antônio de Sousa e Helenice Maria Tavares: Espaços educativos não-escolares: conceitos e vivências, sendo possível notar que existem diferentes abordagens de conceitos sobre educação na visão de diferentes autores, tais como Paulo Freire (1983) que vem dizer que “o homem deve ser o sujeito da sua própria educação. Não pode ser objeto dela. Por isso ninguém educa ninguém”. A partir da visão freirena de educação percebemos que o abrigo Tia Júlia trabalha também com esse aspecto, fazendo o acompanhamento do processo educativo junto à criança, não se esquecendo de favorecer sua autonomia através do que lhe e ensinado.

Segundo o texto, há vários tipos de educação: rural, ambiental, de trânsito, escolar, entre outras. Assim percebemos que a educação é a base de nossa sociedade e é através dela que somos preparados para a vida social.É por isso que não existe ninguém que não seja educado ou sem educação, mas sim há níveis e tipos de educação diferenciados.

De acordo com Libâneo (2004) há dois tipos de educação: intencional que se divide em formal e não formal e a educação não intencional (educação informal).

Assim a educação não intencional é aquela onde não existe planejamento, sistematização e não há intencionalidade explícita. Temos como exemplo; as práticas e situações vivenciadas em casa, na igreja, na rua, no bairro, com os amigos, aquelas atitudes que se estabelecem principalmente no meio social e afetivo. Esse tipo de educação que se dá de forma contínua é realizado num ambiente que não seja institucional, e classificado como um processo de educação informal (não intencional).

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