1 – INTRODUÇÃO

1.1 – O tema em estudo

O tema proposto para este estudo é a Importância do Enfermeiro na Central de Material Esterilizado, devido à complexidade no processo de esterilização.

1.2 – Justificativa

O que nos levou a escolher este tema foi à grande importância que a CME tem para diversos setores do hospital. Ocorrendo uma padronização nas normas e rotinas de materiais haverá uma condição mais segura no trabalho da equipe e conseqüentemente na rotina hospitalar, sendo muitas vezes difícil de ser entendido por profissionais de outro setor.

1.3 – Problemas / Hipóteses

Ainda nos dias de hoje, existe um percentual de infecção hospitalar causada por artigos desinfetados, ou esterilizados de maneira incorreta por profissionais despreparados.

Sabemos que para mudar essa estatística, devemos adotar o enfermeiro especialista para o treinamento, fiscalização e preparo desses profissionais.

1.4 - Revisão da literatura

A Central de Material Esterilizado é o conjunto de elementos destinados à recepção, expurgo, preparo, esterilização, guarda e distribuição do material para as unidades do estabelecimento de saúde (1).

O planejamento desta Unidade é de suma importância, considerando-se as diferentes etapas do processamento dos materiais, até a sua distribuição as Unidades do hospital. Por isto deve ser executado por equipe multiprofissional, cuja atenção deve estar voltada para a dinâmica de funcionamento do setor. (1)

Quanto a esta dinâmica, CUNHA 1985, refere-se à existência de três tipos de Central de Material:

Descentralizada – Cada unidade ou conjunto de unidades do hospital é responsável por preparar e esterilizar os materiais que utiliza;

Semi-centralizada – Cada Unidade prepara os seus materiais, mas encaminha à Central de Material para serem esterilizados;

Centralizada – Os materiais de uso em todas as Unidades do hospital são totalmente processados na Central de Material. (1)

Do ponto de vista administrativo, o sistema de centralização visa:

§Padronizar as técnicas de limpeza, preparo e empacotamento, a fim de assegurar economia de pessoal, material e tempo.

§Manter a reserva de material, a fim de atender prontamente às necessidades das unidades do hospital.

§Facilitar o controle do consumo, da qualidade do material e das técnicas de esterilização, aumentando a segurança no uso.

Controlar o material esterilizado, como é o caso de alguns aparelhos, tor-

nando mais fácil o controle, a conservação e a manutenção dos mesmos. Desenvolver as atividades específicas com pessoal treinado para tal, permitindo obter maior produtividade.

§Favorecer o ensino e o desenvolvimento de pesquisas. (1)

Segundo a portaria nº 1884, de 11 de novembro de 1994, são elementos essenciais à dinâmica de funcionamento da unidade:

·Área para recepção, desinfecção e separação de materiais.

·Área para lavagem de materiais.

·Área para recepção de roupas limpas.

·Área de preparo de materiais e roupas.

·Área para esterilização – Área para esterilização física, área para esterilização química liquida e área para esterilização química gasosa.

·Sala para armazenagem e distribuição de materiais e roupas esterilizadas.

·Área para armazenagem e distribuição de materiais descartáveis. (1)

Além destes são necessários ambientes de apoio como:

·Sala administrativa

·Sanitários com vestiário para funcionários

·Depósito de material de limpeza

·Almoxarifado (1)

Conforme a resolução RDC nº 307, Brasil, 2002, determina as atividades básicas desenvolvidas na CME, que são:

§Receber, desinfetar e separar os artigos;

§Lavar os artigos;

§Receber as roupas vindas da lavanderia;

§Preparar os artigos e as roupas em pacotes;

Esterilizar os artigos e as roupas por meio de métodos físicos e/ou quími -

cos proporcionando condições de areação dos produtos, conforme necessário:

§Realizar controle microbiológico e de validade dos artigos esterilizados;

§Armazenar os artigos e as roupas esterilizados;

§Distribuir os artigos e as roupas esterilizadas;

§Zelar pela proteção e pela segurança dos operadores.

Embora nesta resolução não sejam contempladas as atividades técnico-administrativas, estas devem integrar o cotidiano da CME. (2)

De acordo com o artigo nº 11 da lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986 – que dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem, o enfermeiro exerce todas as atividades de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde pública ou privada; a chefia do serviço e da unidade de Enfermagem; a organização e a direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços; e o planejamento, a organização, a coordenação, a execução e a avaliação dos serviços de assistência de Enfermagem.

Como integrante da equipe de saúde, cabe ao enfermeiro participar do planejamento, da execução e da avaliação da programação de saúde; tomar parte da elaboração da execução e da avaliação dos planos assistenciais de saúde; realizar prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a assistência de Enfermagem; e atuar em conjunto com a

Comissão de controle de Infecção Hospitalar no sentido de reduzir essas ocorrências. (2)

São atribuições do enfermeiro:

Supervisionar e controlar as atividades desenvolvidas em cada uma das aré-

asda CME, para assegurar o bom funcionamento da unidade, o que reverterá em segurança na assistência ao paciente.

§Prover a unidade de recursos humanos e materiais, levando em conta a qualidade e a quantidade, de modo a atender à demanda de atividades realizadas.

§Planejar e fazer orçamentos anualmente da CME com a antecedência de quatro a seis meses.

§Planejar e executar programas de treinamento e educação continuada.

§Realizar reuniões periódicas com a equipe de enfermagem para passar informações gerais e específicas da unidade, estimulando maior interação entre os seus componentes.

§Emitir parecer técnico na compra de equipamentos e materiais de que dispõe a unidade.

§Estabelecer um sistema de controle de equipamentos e materiais que dispões a unidade.

§Fazer levantamento mensal dos materiais solicitados pelos diferentes setores do hospital, a fim de planejar o suprimento da unidade para atendê-los.

§Manter-se atualizado em relação os novos tipos de materiais e equipamentos disponíveis no mercado.

§Manter relacionamento efetivo com a Diretoria de Enfermagem e outros serviços,

·Elaborar e manter atualizado o manual de normas, rotinas e procedimentos

da CME, que deve estar disponível para a consulta dos colaboradores.Fazer parte da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e outras afins ao funcionamento da uni-

dade.

Efetuar a regularmente testes bacteriológicos nos aparelhos de esterilização,avaliar e divulgar os resultados obtidos.

§Prevenir incidência de riscos ocupacionais, notificarem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na ocorrência de acidentes, se houver e avaliar a dinâmica de funcionamento da unidade para intensificar as medidas de prevenção. (1-2)

Segundo o artigo nº 12 da Lei do Exercício Profissional, o técnico de Enfermagem exerce atividades de nível médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de Enfermagem, em grau auxiliar, e participação no planejamento da assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente participar da equipe de saúde. Como membro da equipe de Enfermagem de uma CME, o técnico de Enfermagem deve executar atividades de nível de complexidade intermediário:

·Fazer a leitura dos indicadores biológicos, de acordo com as rotinas da instituição;

·Receber, conferir e preparar os artigos consignados;

·Realizar a limpeza, o preparo, a esterilização, a guarda e a distribuição de artigos de acordo com solicitação;

·Preparar carros para cirurgias;

·Preparar as caixas cirúrgicas;

·Realizar cuidados com artigos endoscópicos em geral;

·Monitorar efetiva e continuamente cada lote ou carga nos processos de esterilização;

·Revisar as listagem das caixas cirúrgicas,bem como proceder à sua reposição

·Participar de reuniões de Enfermagem e de avaliações, de acordo com a solicitação do enfermeiro. (2)

Segundo o artigo nº 13 da Lei do Exercício Profissional, o auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de enfermagem sob supervisão, bem como a participação, em nível de execução simples, em processo de tratamento, cabendo-lhe especialmente tomar parte da equipe e saúde e efetuar ações de tratamento simples. Como membro da equipe de Enfermagem de uma CME, o auxiliar de Enfermagem deve realizar as seguintes atribuições:

·Receber e limpar os artigos;

·Receber e preparar roupas limpas;

·Preparar e esterilizar os artigos e instrumental cirúrgico;

·Guardar e distribuir todos os artigos esterilizados;

·Participar de reuniões de enfermagem e de avaliações, de acordo com as solicitações do enfermeiro. (2)

A CME é uma das unidades mais importantes do hospital, tanto do ponto de vista econômico, quanto técnico-administrativo e assistencial: "de acordo com seu funcionamento pode-se avaliar a eficiência hospitalar prestada ao cliente". No entanto, a polêmica é freqüente pelo fato do enfermeiro da CME lidar com a coordenação da produção de material e não com a coordenação do processo de cuidar, esta última considerada, por algumas correntes teóricas, como finalidade, campo de ação específica e de caráter identificador da prática do enfermeiro. Observa-se, portanto, tensão entre uma prática historicamente realizada pelo enfer-

meiro, numa de suas vertentes assistenciais - o cuidado do meio - e uma concepção teórica que valoriza a vertente da assistência diretamente para ou com o paciente. (3)

Para se garantir a eficiência dos processos de esterilização deve-se elaborar um programa de monitoramento para controle de qualidade de esterilização. (4)

Este programa deve avaliar e controlar todas as fases da esterilização, a fim de se detectar possíveis falhas e onde elas ocorrem:

1.4.1 - IDENTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS

Os materiais a serem esterilizados devem conter o nome do material, tipo de esterilização, lote da esterilização, a data de validade da esterilização, nome do responsável pelo empacotamento; (4)

Cada ciclo de esterilização deve manter um registro com o lote, o conteúdo do lote, temperatura e tempo de esterilização, nome do operador, resultado do teste biológico e do indicador químico obtido e qualquer intercorrência. (4

1.4.2 - MONITORAÇÃO MECÂNICA 

A monitoração mecânica consiste no controle e registro de parâmetros tempo, temperatura e pressão durante a esterilização e na manutenção do equipamentos dos aparelhos de registro manômetros e termômetros. (4

1.4.3 - INDICADORES QUÍMICOS

Os indicadores químicos são fitas de papel impregnadas com uma tinta termo

crômica que mudam de cor quando expostas à temperatura elevada por certo tempo. Elas podem apenas indicar a exposição ou não ao calor como os indicadores

específicos de temperatura ou ainda indicar a ação de diferentes componentes como tempo, temperatura e vapor assim como os integradores. (4)

Devem ser colocados indicadores externos nos pacotes a serem esterilizados. Essa prática indica apenas que o material passou ou não pelo processo de esterilização. (4)

Indicadores colocados no interior dos pacotes devem estar posicionados em locais de difícil acesso ao agente esterilizante, assim poderá obter informações sobre falhas na esterilização com relação à penetração do vapor ou concentração de óxido de etileno. Para cada processo existe um tipo de indicador apropriado: autoclave, calor seco ou óxido de etileno. (4)

Outro teste químico utilizado é o Teste de Bowie-Dick. Este método testa a eficácia do sistema de vácuo na autoclave de pré-vácuo. Para sua realização faz-se um pacote com campos empilhados um sobre o outro formando uma pilha de 25 a 28 cm de altura, no meio desta pilha coloca-se um papel com fitas de autoclave ou fitas zebradas coladas em forma de cruzes, cobrindo toda a superfície do papel. O pacote deve ser colocado acima ao dreno da autoclave, com esta vazia. Processa-se então um ciclo a 132oc por 3 a 4 minutos. Se as fitas não apresentarem homogeneidade na coloração indica que ocorreu a formação de bolhas de ar e deve ser feita a revisão do equipamento. Este teste deve ser realizado todos os dias, antes da primeira carga ser processada. (4)

1.4.4 - INDICADORES BIOLÓGICOS

A utilização destes indicadores permite a comprovação da eficiência da esterilização, uma vez que o crescimento de microorganismos após a aplicação do processo é diretamente testado.(4)

Este indicador consiste em uma preparação padronizada de esporos bacterianos em suspensões que contém em torno de 106 esporos por unidade de papel. (4)

Os microrganismos utilizados são de acordo com o processo de esterilização:

- Autoclave a vapor: B. stearothermophilus;

- calor seco: B. subtilis Var. niger;

- autoclave a óxido de etileno: B. subtilis Var. niger;

- plasma de peróxido de hidrogênio: B. subtilis Var. niger;

- radiação gama: Bacillus pumilus; (4)

Após o processamento dos indicadores, eles devem ser incubados para se verificar se as cepas ainda são viáveis. As condições de incubação e o meio em que os indicadores devem ser incubados devem ser fornecidos pelo fabricante das preparações. O indicador que fora processado é incubado nas mesmas condições e juntamente com outro que não tenha passado pelo processo de esterilização a fim de se verificar a viabilidade das cepas e as condições adequadas de incubação que favoreçam o crescimento bacteriano. A realização de testes biológicos deve ser realizada no mínimo uma vez por semana e após cada manutenção ou suspeita de mau funcionamento. No processo de esterilização a óxido de etileno o teste deve ser realizado em cada ciclo de esterilização devido à complexidade do processo e a maior probabilidade de falhas. (4)

1.4.5 - PESSOAL E PRÁTICAS DE TRABALHO

A atuação do pessoal que trabalha nesta área e as práticas empregadas devem ser constantemente supervisionadas, verificando assim a adesão aos métodos adotados para o controle de qualidade dos processos. (4)

A validação dos processos de esterilização a vapor é uma exigência legal, que vem sendo adotada de forma crescente por várias instituições de saúde, visando à adoção de um modelo de monitoramento dos ciclos que ofereça segurança e qualidade à esterilidade do artigo final, juntamente com as outras práticas envolvidas nesse contexto. (5)

Validar um esterilizador a vapor é um procedimento complexo, até mesmo no entendimento das etapas que precisam ser qualificadas. A validação de uma autoclave deve contemplar todos os tipos de ciclos adotados pela instituição. Alguns esterilizadores funcionam com o produzido pelo gerados elétrico do esterilizador e o proveniente da caldeira, também denominado vapor de rede. A utilização deste último está relacionada com a economia de energia elétrica em relação ao uso do vapor gerado pela própria máquina. A grande maioria dos hospitais trabalha com caldeira para abastecer a cozinha e a lavanderia, de modo que o suprimento de vapor para o CME possa resultar em economia significativa para a instituição. Assim sendo, validar as duas fontes de vapor é um procedimento de grande relevância. (5)

O processo de trabalho do enfermeiro em CME é diferente do realizado em unidade assistencial, mas também se constitui em serviço da saúde, e de alguma forma, pode ser classificado como cuidado. O que difere é sua finalidade imediata. Para executá-lo, o enfermeiro desenvolve conhecimentos específicos sobre diversidade de materiais e equipamentos e a forma de processá-los, configurando o domínio de uma área de saber e, por conseqüência, desfrutando de um determinado grau de autonomia, com o propósito de garantir produtos seguros para a assistência ao paciente. Já na unidade assistencial, o enfermeiro organiza e/ou presta o cuidado diretamente. (6)

O que se questiona na coordenação dessas atividades pelo enfermeiro de CME é que ele lida com o material, e não com o paciente diretamente, como argumentam algumas correntes de pensamento da enfermagem sobra à prática do processo de cuidar atual, no qual o que realmente tem valor é o cuidado direto com o indivíduo hospitalizado. A concepção do trabalho na CME como cuidado depende do referencial conceitual da assistência, cuja busca bibliográfica permite identificar duas vertentes. Uma delas admite que o cuidado ocorra somente na inter-relação pessoal e a outra vai além.Abrangendo também os atos que configurem conforto, segurança física e mental. Em decorrência dessa concepção, a Enfermagem moderna incorporou várias atividades não diretamente relacionadas com a assistência ao paciente, entre as quais as referentes à organização do ambiente terapêutico, tendo como instrumento fundamental o saber administrativo. Tal desenvolvimento propiciou o afastamento do enfermeiro do cuidado direto com as pessoas. (6)

Ao nos referirmos á educação e o cuidado, compreendemos que se insere neste contexto a educação continuada, como um fator de preparo do enfermeiro a executar com segurança e efetividade os cuidados de Enfermagem, sendo neste cuidado não dissociado do educativo. Uma vez que, visualiza-se a educação e o cuidado como atividades inerentes à Enfermagem, não havendo condições de dissociá-los, pois quando cuida-se/educa-se e quando se educa também se cuida (7).

A CME precisa de profissionais capacitados para o alcance das suas metas e objetivos. A presença de profissionais qualificados, com freqüentes aperfeiçoamentos, é necessária para que se possa aprimorar a execução do trabalho, contribuir no controle de infecção hospitalar e assegurar a melhoria da assistência ao paciente. Uma das estratégias para que isso ocorra é a educação do funcionário no seu local de trabalho, sendo essencial para a sua aprendizagem, pois permite vivenciar as atividades que irá desenvolver. Afinal, ninguém pode conhecer melhor os problemas e dificuldades de seu setor do que ele, que trabalha ali várias horas por dia e pode colaborar com sugestões para melhorar o desempenho daquele setor. O treinamento e desenvolvimento de pessoal é um fator de extrema importância para o sucesso do setor. (8)

2 - OBJETIVOS

Comprovar a Importância do Enfermeiro na Central de Material Esterilizado em relação à qualidade do trabalho, cumprimento da padronização, redução de custos e os testes químicos e biológicos que são realizados na CME.

3 – MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizada pesquisa bibliográfica a partir de artigos indexados nas bases eletrônicas de dados Medline/PubMed, Lilacs, no período de 1994 a 2008, presentes nos sites: wwwncbi.nlm.nih.gov/pubmed e www.bireme.br. Também foram coletados dados nos arquivos da biblioteca do Hospital Ana Costa e da Unicamp. Utilizou-se as palavras chaves: Centro de Material Esterilizado, Enfermagem e Esterilização.A busca ocorreu no mês de setembro de 2008, sendo avaliados 25 artigos, destes 13 foram excluídos, usando como critério de inclusão artigos que abordavam a Central de Material Esterilizado.

4- RESULTADO E DISCUSSÃO

Laufer Neto, Kern e Santos (9) estudaram o método de autoclave para esterilização. Embora o estudo tenha sido feito em consultório odontológico, a técnica é considerada a de maior segurança, contudo, submete-se a alguns fatores que determina o seu sucesso, entre estes fatores estão à eliminação completa de microorganismos dos materiais, manutenção das boas condições de funcionamento da autoclave (temperatura e pressão), embalagem e acondicionamento dos instrumentais, disposição dentro da autoclave, tamanho e adequação aos pacotes.

Acreditamos que o estudo em consultório contribuiu para mostrar que a técnica de autoclave é um método simples e que também pode ser utilizado com grande eficácia nos consultórios odontológicos da mesma forma que é utilizado nas instituições hospitalares.

Silva e Daltin (10) analisaram o uso da autoclave em hospitais e constataram que é o processo mais utilizado por ser seguro, apresentar baixo custo e não ocasionar riscos ambientais, sendo que o enfermeiro é responsável pelo melhor fluxo de trabalho.

Observamos que o método de esterilização na autoclave é seguro, mas existem fatores que podem influenciar na qualidade como a eficácia do equipamento que deve ser garantida por meio de manutenção preventiva ou corretiva.

Tavares et al. (11) definem que o monitoramento do processo de esterilização deve incluir combinação de indicadores químicos, biológicos e controles físicos para avaliar as condições e a eficácia do ciclo de esterilização. Pelo estudo sobre a estufa de Pasteur, também em consultórios odontológicos, evidenciaram que quando obedecidos os parâmetros indicados, o processo é eficaz, contudo, não é automático e depende da variável humana, o profissional que realiza os ciclos e que estes precisam ter além do conhecimento e qualificação profissional, comprometimento para a segurança dos usuários.

Avaliamos que quando são realizados todos os monitoramentos no processo de esterilização, a autoclave se torna um meio seguro e eficaz.

Delgado (12) Bartolomei e Lacerda (13) analisaram o significado que os funcionários da enfermagem atribuem ao processo de trabalho no CME, evidenciando que estes sentem-se engajados no processo de cuidar, co-responsáveis e co-participantes, o que indica uma mudança de perspectiva da prática na CME, que pode ser analisada com a ótica do cuidar.

Acreditamos que os funcionários que atuam na CME ampliaram sua compreensão com relação ao trabalho executado, bem como se sentindo mais importantes e valorizados na realização de suas tarefas.

Taube e Méier (14) entendem que os elementos de trabalho da enfermagem no CME são diferentes, pois o setor é uma área de atuação peculiar destes profissionais, que utiliza seus conhecimentos empíricos, científicos e tecnológicos para a coordenação do trabalho e esterilização, além de possuir visão das necessidades não somente de sua área, mas também de outros profissionais, o que contribui para a eficácia na CME.

Observamos que a enfermagem é uma profissão que possui preparo para trabalhar no CME, pela diversidade de tarefas e pela responsabilidade com o cuidado a pessoa durante a assistência ao paciente, desta forma, a preocupação deixa de ser apenas nas técnicas de esterilização, passando a incluir o indivíduo nas decisões e responsabilidades.

Bartolomei e Lacerda (15.) consideram que a atividade principal do enfermeiro no CME é a gerência pelas funções de planejamento, elaboração de instrumentos administrativos e operacionais, administração de recursos materiais e pessoais, e supervisão. Desta forma, a administração de materiais inclui previsão e provisão, controle e checagem.

Analisamos que o enfermeiro tem competência e embasamento técnico- cientifico para desenvolver esse papel, sendo ele responsável por toda parte administrativa,, recursos de materiais e de pessoais, contribuindo assim com uma boa assistência.

Silva (16) deve-se ter cuidado na determinação do número de profissionais que trabalham no CME, uma vez que há interferência de outras áreas, contudo, com a evolução tecnológica, observa-se que os enfermeiros estão aptos a atuar nesse setor, pois o saber destes profissionais relaciona-se a área de microbiologia, ergonomia, informática, química, física, administração, ecologia, dentre outras que são necessárias para a competência de um centro de materiais. Também o trabalho que executam é de vital importância para prestação da assistência a todos os pacientes hospitalizados ou não que requerem materiais processados, esterilizados e em condições seguras de uso para realização de procedimento assistencial.

Observamos que é de grande importância a determinação do dimensionamento de pessoal na CME, uma vez que nem sempre todos profissionais que se encontram no setor são desta área de atuação e também não são capacitados para desenvolver tais funções, desconhecendo eles os riscos químicos físicos e biológicos do setor.

Souza e Ceribelli (17), Lopes et al.(18) propõem que existam programas estruturados para treinamento e continuidade do desenvolvimento dos profissionais para atuar no Central de Material Esterilizado

Verificamos que um programa bem estruturado traz benefícios não somente para a instituição, como também aprimora a capacidade, melhorando as habilidades e a qualidade do desempenho na prestação de serviço, reduzindo assim a incidência de erros e riscos de acidentes, aumentando a confiabilidade do funcionário ou equipe.

Tripple ET al (19) analisaram que a educação continuada aos funcionários deve proporcionar a oportunidade de atualizar seus conhecimentos, o treinamento deve ocorrer tanto de modo formal por meio de cursos e palestras como informal pela orientação e discussão do dia a dia.

Verificamos que a educação continuada proporciona ao enfermeiro a oportunidade de atualizar seus conhecimentos sendo essencial no seu processo de capacitação: se fazer conhecer, habilidade e destreza para atuar na Central de Material Esterilizado.

Quelhas e Lopes (20) propuseram a criação de CME no Departamento de Enfermagem do Hospital Virtual Brasileiro, como forma de aprendizado e educação continuada na Enfermagem, sendo uma área multimídia para simulação de situações e soluções para o desenvolvimento desta profissão.

Analisamos que a criação da CME no Departamento de Enfermagem do Hospital Virtual Brasileiro pode trazer grandes benefícios, e se faz necessário para que se possa aprimorar a execução do trabalho, contribuindo cada vez mais para a redução de infecção hospitalar, assegurando a melhoria e a qualidade dos serviços prestados ao cliente.

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo mostrou que a importância do enfermeiro na Central de Material Esterilizado reside na gerência e administração de materiais, uma vez que este profissional possui a ótica do cuidar, que é uma preocupação não somente com o uso de recursos, mas a aplicação destes na assistência ao paciente.

Também observamos, pela revisão bibliográfica, a necessidade de educação continuada e treinamento a estes profissionais para que cada vez mais saibam como aplicar as novas tecnologias em materiais na unidade hospitalar.

Concluímos que o enfermeiro é o profissional mais indicado para o trabalho na CME devido a seus conhecimentos multidisciplinares e sua capacidade administrativa, que se complementam para a eficácia da esterilização de materiais.

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Silva MAA, Rodrigues AL, Cesaretti IUR. Enfermagem na Unidade de Centro Cirurgico. 2ª ed. São Paulo: EPU; 1997.

2. Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirurgico, Recuperação Pós Anestésica e Centro de Material e Esterilização. Práticas Recomendadas - SOBECC. 4ª ed. Brasil; 2007.

3. Bartolomei SRT, Lacerda RA. O enfermeiro da Central de Material e Esterilização e a percepção do seu papel social. Rev. gaúcha enferm. v.27 n.2 Porto Alegre jun. 2006. Disponível em: http://www.portalbvsenf.eerp.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69332006 000200013&lng=pt&nrm=iso. Acessado em:18/09/2008

4. Romano JC, Quelhas MCF. Monitoramento dos processos de esterilização. Disponível em: htt://WWW.hospvirt.org.br/enfermagem/port/testes.html Acessado em:18/09/2008

5. Martinho MAV, Graziano KU, Turrini RNT. Relato de uma experiência sobre a validação dos processos físicos de esterilização a vapor. Revista SOBECC, ano 11, nº 1, jan/mar. 2006, pág. 16-22, São Paulo.

6. Tonelli SR, Lacerda RA. Refletindo sobre o cuidar no centro de material e esterilização. Revista SOBECC, ano 10, nº 1, jan/mar. 2005, pág. 28-31, São Paulo.

 

7.Ferraz F, Silva LSS, Silva LAA, Reibnitz SK, Backes VMS. Cuidar – educando em Enfermagem: passaporte para o aprender /educar/cuidar em saúde. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.ph?script=sci_artext&pid=S003416720005000500020&ing=pt. Acessado em: 18/09/2008

8.Possari JF. Centro de Material e Esterilização Planejamento e Gestão, 3° Edição São Paulo Editora Iátria; Pág. 147/148

9.Laufer Neto, Kern JR, Santos EB. Controle da esterilização em autoclave por meio de métodos químicos e biológicos. Publ. UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta Grossa, v.10, n.3/4, p.43-8, set/dez. 2004.

10.Silva CR, Daltin VC. O papel da enfermagem nos processos de esterilização e nos métodos de controles químicos na central de material a esterilização.Disponível em: http://www.fmr.edu.br/.../o%20papel%20%da20%enfermagem%20%proces... Acessado em: 18/09/2008

11. Tavares SSF, Sousa JT, Tipple AFV, Souza ACS, Pimenta FC, Anders OS. Eficácia da estufa de Pasteur como equipamento esterilizante em consultórios odontológico. Rev. Esc.Enferm USP, 2008, v.42, n.1, p.160-7.

12.Delgado L.H.R. Central de material esterilizado espaço de cuidar autêntico.

Disponível em: http://www.UFMG.br/prpg/dow_anais/cien_saude/enfermagem_///luiz.doc  acessado em: 18/09/2008

13. Bartolomei SRT, Lacerda RA. Trabalho do enfermeiro no centro de material e seu lugar no processo de cuidar pela enfermagem. Rev. Esc. Enferm. USP, v.40, n.3, p.412-7, 2008.

14.Taube SAM, Meier MJ. O processo de trabalho da enfermeira na central de material e esterilização. Acta Paulista da Enfermagem, v.20, n.4, São Paulo, out/dez 2007.

15. Bartolomei SRT, Lacerda RA. O enfermeiro da central de material e esterilização e a percepção do seu papel social. Rev. Gaucha Enfermagem, Porto Alegre, v.27, n.2, p.258-65, jun 2006.

16.Silva A. Organização do trabalho na unidade central de material. Rev. Esc. Enf. USP, v.32, n.2, p.169-78, ago 1998.

17. Souza MCB, Ceribelli MIPF. Enfermagem no centro de material esterilizado - a prática da educação continuada. Rev. Latino-Americana de Enfermagem, v.12, n.5, Ribeirão Preto, set/out. 2004.

18.Lopes DFM. Silva A, Garanhani ML, Merigui MAB. Ser trabalhador de enfermagem da unidade de centro de material: uma abordagem fenomenológica. Rev. Esc. Enferm USP, v.40, n.4, São Paulo, dez 2007.

19.Tripple AFV, Souza TR, Bezerra ALQ. Trabalhador sem formação em enfermagem atuando em centro de materiais e esterilização; desafio. Rev.Esc. Enferm USP, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0080-6234200 5000200007&script= sci_arttext. Acessado em: 18/09/2008

20.Quelhas MCF, Lopes MHBM. A central de material esterilizado do Departamento de Enfermagem do Hospital Virtual Brasileiro. Disponível em: http:www.hc.unicamp.br/servicos/cme/artigo1.htm. Acesso em: 18/09/2008.