INTRODUÇÃO

A Filosofia da Linguagem é um ramo da Filosofia ainda não muito definido, pois os problemas da linguagem que são tipicamente tratados pelos filósofos constituem uma coleção pouco conexa, para a qual é difícil encontrar qualquer critério nítido que a distinga dos problemas de linguagem de que se ocupam gramáticos, psicólogos e antropólogos.
?Seria ilusório sugerir que a filosofia da linguagem, mesmo como é praticada pelos filósofos analíticos, esteja limitada à análise conceptual, ao esclarecimento dos conceitos básicos referentes à linguagem.? (W. P. 1972) Há várias outras tarefas que os filósofos tipicamente se impõem: classificação de atos lingüísticos, "usos" ou "funções" da linguagem, tipos de indefinição, tipos de termos, várias espécies de metáforas. Existem estudos sobre o papel da metáfora na ampliação da linguagem; sobre as inter-relações entre linguagem, pensamento e cultura; e sobre as peculiaridades do discurso poético, religioso e moral.
Escolher Humboldt 1 para falar de filosofia da linguagem significa compreender a linguagem não como um sistema acabado. Em suas palavras ?é preciso considerar a linguagem não como um produto morto (todtes Erzeugtes), mas, sobretudo, como uma produção (Erzeugung) (...) Em si mesma, a linguagem não é um produto (Ergon), mas uma atividade (Energeia)? (Humboldt, 2002, p.
416 e 418).
São as reflexões humboldtiana um marco importante não só para a lingüística, mas também para a filosofia contemporânea.
Conforme precisa Cristina Lafont:
A mudança de paradigma levada a cabo por Humboldt ocorre em duas dimensões diferentes. Em sua dimensão cognitivo-semântica, essa mudança consiste em encarar a linguagem não como um mero sistema de signos, não como algo objetificável (intramundanamente), mas como algo constitutivo da atividade de pensar, como a própria condição de possibilidade dessa atividade. A linguagem é, então, elevada a um estatuto quasi-transcendental, que reivindica contra a subjetividade a autoria das operações constitutivas da visão de mundo do sujeito (...) Em sua dimensão comunicativopragmática, a mudança consiste em ver esse caráter constitutivo da linguagem como o resultado de um processo ou atividade: especificamente, a atividade de falar. Nesse sentido, a linguagem se torna a garantia da intersubjetividade da comunicação, a condição de possibilidade do entendimento entre falantes? (Lafont, 1999, p. 17-18).