Wilhelm Dilthey. A questão das Ciências do Espírito e as Ciências da Natureza.
Publicado em 01 de fevereiro de 2013 por Edjar Dias de Vasconcelos
Wilhelm Dilthey.
Talvez seja o filósofo mais importante do relativismo histórico, começou produzir seu pensamento no final do século XIX e início do século XX, foi muito influente ao conjunto das Ciências sociais especificamente no mundo cultural alemão.
Sua influencia foi muito diversa inclusive influenciando a Filosofia marxista. Nos dias de hoje sua epistemologia é indispensável para entender o mecanismo de fundamento dos fenômenos.
A primeira grande contribuição dada por ele, a eminente divisão dada as Ciências da natureza e as Ciências do social. É muito importante verificar os critérios usados por ele para fazer essa classificação.
O primeiro critério utilizado é que a Ciência do espírito é muito diferente da Ciência da natureza, pelo seguinte motivo, o que deve ser explicitado, nas Ciências culturais e históricas.
O sujeito e o objeto são idênticos, o que significa o objeto como fenômeno é produzido Pelo mesmo meio cultural, do mesmo modo o sujeito que vai compreender o objeto, o próprio sujeito regra geral produz o objeto.
Isso se determina na prática que o homem estuda a si mesmo, do mesmo modo o espírito, como produto cultural do mesmo fenômeno.
Isso significa misturar epistemologia com ideologia, nesse sentido o homem não é independente do mundo cultural que desenvolve suas ideologias de compreensão ou análise representativa.
Já no caso das Ciências da natureza, o comportamento científico é completamente diferente, o homem e o objeto em estudo são totalmente diferentes ao meio cultural produzido pelo o homem.
Não existe identificação entre o mundo cultural antropológico e a realidade material. Com efeito, o estudo é compreendido fora da realidade do sujeito. O fenômeno em si, a sua realidade manifesta sem as produções ideológicas.
Com efeito, o objeto é exterior ao homem, faz parte de outra realidade a indutiva, o homem estuda os astros, planetas ou tudo aquilo que se verifica na prática aos objetos fora das ideologias culturais. O método da particularidade estuda se um fenômeno individualizado, um dos aspectos dele.
Quanto às Ciências do espírito, o objeto está de certo modo dentro do espírito cultural do homem como sujeito, naturalmente é exatamente isso que se deve realizar. Tudo se mistura, desenvolve apenas a subjetividade do entendimento.
O homem quando está estudando um determinado objeto, ele de certo modo está estudando a si mesmo. Nas Ciências da natureza o comportamento é completamente diferente, desenvolve o que está fora do espírito, ou seja, do mundo da cultura.
Então o homem estuda a si mesmo na medida em que ele é produto cultural ao entender o fenômeno, está tentando compreender os fundamentos da própria cultura.
O que é importante entender para compreender os condicionamentos culturais o homem identifica profundamente com o objeto, essa identidade leva a cegueira da própria razão como mecanismo do entendimento.
Nesse caso especifico coloca-se o problema da objetividade completamente diferente com o método aplicado as Ciências da natureza. Quando alguém estuda um objeto fora da sua realidade cultural, como por exemplo, a terra em órbita em redor do sol, é diferente quando o homem de certo modo estuda a si mesmo, ao estudar, por exemplo, o fenômeno dos conflitos sociais.
Aquele que estuda a si mesmo, como objeto cultural projetado no fenômeno implica se em uma grande dificuldade para o homem tomar distância do objeto, ou seja, do objeto material em análise.
Desse modo a identificação entre sujeito e objeto, coloca-se a dificuldade do problema da objetividade, não tem como a análise ser completamente objetiva.
A outra questão colada por Dilthey no segundo critério o que depende naturalmente do primeiro, nas Ciências do espírito, na chamada ciência do social, os juízos de valor e os juízes de fato são obviamente inseparáveis.
Porque cada sujeito cultural tem seus próprios valores, que inevitavelmente as ideologias de valor cultural estão na sociedade e no individuo como sujeito que representa.
O terceiro critério epistemológico desenvolvido por ele, a respeito das Ciências do espírito, a necessidade não apenas de explicar os fatos, mas por outro lado, é fundamental compreendê-los, as Ciências da natureza não precisa compreendê-las, isso porque elas não trabalham com questões do simbolismo.
O exemplo da cruz, o que teria que explicar a Ciência natural, um prego unindo dois pedaços de madeira, o significado ideológico cultural que a mesma tem para determinadas culturas, refiro ao cristianismo, a cruz nesse caso é ideologizada, representa o valor simbólico ideológico.
Para Ciência social o cientista tem que compreender o significado, uma explicação exterior não dá conta do significado cultural do objeto, motivo pelo qual o mesmo além de ser explicado tem que ser compreendido.
Com essa separação de campo Dilthey chega a seguinte conclusão que as Ciências sociais são produtos históricos e tem sua validez limitada ao tempo como fruto da produção histórica.
As verdades não podem ser absolutas, apenas relativa e podem também ser interpretativas. Isso vale para totalidade das produções culturais de uma determinada sociedade.
Então a respeito às visões de mundo, revela-se cada sistema como relativo, passageiro, cujo significado prende aquele tempo, é inútil tentar construir a objetividade.
Não é possível existir nas Ciências do espírito a objetividade. A história é um imenso vácuo de interpretações, diversos sistemas e cada qual destrói um ao outro.
Essa destruição é da natureza do campo da subjetividade. Nenhum sistema consegue provar nada definitivamente, o que ele chama de anarquismo epistemológico, cada valor de análise preso ao seu tempo histórico e suas ideologias.
Tudo é relativo a uma determinada situação histórica, exprimem tão somente às particularidades, tudo é unilateral, toma um aspecto da particularidade e pensa que é a verdade, um aspecto da dimensão da realidade e imagina que compreendeu o fenômeno na sua natureza essencial.
Dilthey percebe que a Ciência do social ou do espírito é determinada por grandes contradições irreconciliáveis, ao mesmo tempo em que busca o conhecimento objetivo, um conhecimento como válido do ponto de vista do fundamento epistemológico.
Percebe se totalmente preso ao tempo da subjetividade e da particularidade. Na verdade cada obra científica é vinculada a uma determinada visão de mundo, que expõe apenas a parcialidade, conhecer a realidade e expressar a mesma pela metade. A limitação das perspectivas das análises. Edjar.
Na verdade o relativismo dentro do historicismo consegue apenas apresentar quando conseguem verdades parciais, o entendimento dos fenômenos é apena uma projeção fragmentária do aspecto particular não existe um ponto comum para uma posição de conciliação dos diferentes entendimentos da realidade.
Mas qual é o grande perigo dessa visão relativista do conhecimento, é que o sujeito pode cair no ceticismo uma vez que não se pode chegar a uma verdade absoluta.
Não existe verdade objetiva no campo das Ciências do espírito. O grande problema não existe uma verdade da realidade ela é de certo modo incognoscível.
A questão que ceticismo é uma espécie de ponto inútil as Ciências, não é bom para o espírito humano, então para Dilthey resta tão somente como saída objetiva o desenvolvimento das Ciências empíricas fundamentadas nas observações.
Esse método traz em si a objetividade, é sempre a analise de um objeto em particular, resulta-se do princípio da individualidade, estuda a particularidade dela, sem fazer uso da identificação cultural entre o sujeito que estuda e o objeto em estudo.
Como é nas Ciências do espírito, a conclusão que se chega nessa epistemologia vale para o mundo inteiro, exemplo um exame de DNA, tem o mesmo resultado quando feito corretamente em qualquer parte do mundo. A questão fundamental é entender as diferenças entre os dois métodos.
Edjar Dias de Vasconcelos.