Voz do Tempo

Raul Santos
 
Deus, meu Deus, estou sofrendo a solidão desesperada,
Não consigo ver presentes as pessoas ao redor,

São só fantasmas flutuantes voejando pelas estradas

E esta dor da minha angústia se fazendo bem maior.

 

Sofro mais se te recusas a aceitar minha presença,

Dando a outros teu carinho, olhar, sorriso e atenção,

Pois não sei se é timidez, se é medo ou mesmo indiferença,

E me atinges com certeira pontaria o coração.

 

Busco paz, tento afastar-te do meu coração sofrido,

Mas não posso porque fazes parte agora do meu eu,

Tão profundamente que nem posso imaginar, sequer...

 

Vejo, então, que, na verdade, eu quero o que mais faz sentido:

“Ter um lar com teu carinho e seu o pai do filho teu,

Porque não és mais menina, e quero ter-te por mulher.”

São João do Paraíso/BA, 10/08/1992.