É uma mania antiga de qualquer morador “do continente”, ou “do interior”: quando vai à praia, tem que voltar pra casa com um monte de pescado. E não é porque não se acha peixe de qualidade nas peixarias do interior! Não, não... o problema é outro: além do preço do peixe comprado na praia ser reconhecidamente menor, ele foi comprado lá: na praia. E isso dá um status todo diferente pro prato! “Olha, esse peixe aqui eu comprei lá no mercado de pescado da cidade X!”. É... pelo orgulho, a gente pensa até que foi a própria pessoa quem o pescou! Rsrs

O problema de trazer um peixe no isopor é mesmo a conservação. Ainda que seja num isopor atolado de gelo, nem sempre a temperatura se mantém adequada ali dentro ao longo da viagem – na verdade, não se mantém nem nas viagens curtas, porque o ideal é que o congelamento fosse total, e numa situação dessas nunca é. Mas algumas técnicas como embalagem selada a vácuo ou caixas térmicas podem ajudar.

Questão de segurança alimentar

Quando se trata de transportar pescado, a primeira coisa que deve passar pela cabeça de qualquer um é a segurança alimentar da família. Peixe é um alimento que estraga muito, mas muito rápido MESMO, inclusive quando conservado no congelador, se compararmos com outras carnes. Uma caixa de isopor tem um ótimo isolamento da temperatura externa mas não é capaz de “gerar” frio, e por isso o gelo colocado dentro dela se derrete todo, mesmo com a temperatura interna ainda baixa.

A-caixa-pode-ser-uma-boa-ideia-mas-a-conservacao-ainda-fica-comprometida.

Nessa situação, o peixe também descongelará (se é que estava congelado antes) e carne descongelada é altamente suscetível ao ataque de bactérias e consequentemente a deterioração. Isso significa que poderá chegar impróprio para consumo em casa – mas como os estágios iniciais de apodrecimento nem sempre são perceptíveis, pode acontecer do peixe ser considerado saudável, ser preparado e servido... e pronto: uma casa inteira com intoxicação alimentar severa. Quem já teve sabe como a coisa é feia – e séria, muito séria! Por isso não convém arriscar. Dependendo da intensidade da intoxicação, ela pode evoluir até chegar a óbito.

Fazendo o peixe chegar fresquinho em casa

Uma alternativa para a caixa de isopor é a caixa térmica. Essas caixas são feitas com camadas de material isolante (às vezes, fibra de vidro, como as usadas em forros de geladeiras) que mantém a temperatura interna, seja fria ou quente, com mais eficiência dos que as de isopor. Como não têm superfície porosa como o isopor, são mais higiênicas e isso ajuda ainda mais na conservação dos alimentos. Aliás, essa porosidade das caixas de isopor pode ser muito perigosa, caso a higienização do interior não seja feita imediatamente após seu esvaziamento e da maneira adequada. Este ambiente, quando sujo de alimentos e umidade, é ideal para a proliferação de fungos e bactérias perigosíssimos. Não descuide da higienização dessas caixas de jeito nenhum!

Não-transforme-sua-casa-em-uma-lata-de-sardinha.

Mas mesmo tomando todo esse cuidado, ainda fica difícil evitar que alguma coisa ou outra não acabe estragando, e por isso, se você não quiser fazer da sua casa a próxima caixa de sardinha por causa do forte odor, tudo fica mais fácil se você deixar os alimentos pertos de um grande vitro na cozinha ou na própria despensa dependendo do caso. Uma outra dica bacana é usar uma seladora a vácuo para acondicionar o pescado antes de colocá-lo na caixa.

Mas antes, e para aumentar ainda mais o tempo de conservação fora do refrigerador, faça o seguinte: no dia anterior à viagem, congele o pescado a pelo menos -25°C – é importante que ele seja congelado já limpo, sem as escamas, sem a cabeça, sem as nadadeiras e sem as vísceras. No dia seguinte, coloque-o num saco plástico apropriado e sele-o a vácuo; só então coloque-o na caixa térmica – ou mesmo no isopor, com bastante gelo. Com isso, ele chegará em excelentes condições ao fim da viagem, mesmo que seja longa.

O retorno da viagem de passeio sempre dá um gostinho de “quero ficar mais”, mas é importante que os alimentos vindos de lá – nesse caso, o pescado – volte bem conservado e sem gostinho de “não quero comer isso nunca mais”. Todo cuidado com os alimentos é pouco.