Os modelos sociais existentes desaparecem a todos instantes, dando espaço à novas formas de perceber a sociedade e, isso ocorre ao mesmo tempo em que as tecnologia ficam ultrapassadas; ou seja, somente percebemos as mudanças depois que elas acontecem.
Essas constantes alterações nos atuais paradigmas se refletem em todos os segmentos da sociedade, de tal forma que acaba influenciando diretamente na vida privada de cada indivíduo. O desmembramento dessas mudanças e suas respectivas conseqüências são amplos, porém, o que nos interessa neste instante, é refletir sobre como a sociedade e suas transformações afetam o dia-a-dia da escola.
A escola é uma instituição do Estado, seja ela privada ou pública, que deveria preparar o aluno para a sua inserção na vida cidadã, como prevê a L.D.B. 9394/96. Tal afirmação nos apresenta várias possibilidades de questionamento, pois, o que seria a vida cidadã?
Certo sociólogo dos anos 70 de base ideológica aparentemente marxista há alguns anos contradisse sua história acadêmica; minimizando o cidadão à pessoa com possibilidades de ser um bom consumista. Essa afirmação foi proferida por ele quando assumiu o poder máximo de uma nação. Isso seria ser cidadão?
Líderes de associações de bairro afirmam na postura ativa que a pessoa tem para conquistar direitos. Esse sim, seria o exercício da cidadania; porém, algumas coisas são incomodas frente às associações como as amigas de bairro: que cidadania é essa em que os líderes desses grupos fazem seus associados defenderem "seus" interesses políticos e os do partido político em que estão vinculados? Teríamos casos assim em nossa municipalidade?
Sem muito divagar, voltemos ao centro deste debate. A escola que deveria trabalhar a capacidade de criticidade e análise de seus alunos, está meramente uniformizando o aprendizado à serviço do mundo consumista; pois, quando se fala em habilidades e competências para decifrar os códigos sociais existentes, muitos quase educadores; porém diplomados, se ocupam em oferecer os subsídios mínimos para a sobrevivência momentânea da pessoa.
As questões existencialistas e singulares de cada pessoa não são levadas em consideração. Esta crítica ao trabalho dos educadores poderia facilmente ser rebatida, com o argumento de que muitos professores trabalham conteúdos de História a partir de chavões como "Quem sou Eu?" ou "Minha atuação no Espaço/Tempo!", entre tantas possibilidades. Trabalho pedagógico este que bem sabemos é desenvolvido e transcrito; mas que, infelizmente, são apenas palavras que raramente o aluno irá ler novamente em seu caderno e ao fim do ano letivo irá parar na lata de lixo.
Ao invés do sonhado aluno crítico, estamos criando há mais de uma década uma geração de alunos bons fazedores de tarefas onde poucos efetivamente refletem sobre os processos de construção do conhecimento trabalhado.
De nada adianta atendermos as necessidades momentâneas do mundo capitalista, no qual infelizmente estamos inseridos desde sempre, se a sociedade está apagando de suas memórias as celebres perguntas Quem sou eu? De onde venho? Para onde vou? E acaba ignorando suas reais origens. Isso denomimanos alienação e, uma pessoa a ser inserida de forma alienada na sociedade, não é o que deveríamos considerar como alguém apto para a vida cidadã.


MARCO WILLIAM ROMERO
Pedagogo e Professor de História

 


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