Cá estava o homem mais complexo do mundo. Sua sabedoria e a maneira singular de agir expressa a grandeza descomunal de um Ser cuja glória é infindável. Sua majestade é exuberante e Seu amor, impactante. A forma como agia mediante as circunstâncias da vida é uma lição fabulosa de como superar situações adversas.

Lá estava Ele ensinando no templo quando, de súbito, seu sermão é interrompido pelos gritos acusadores de fariseus religiosos. A multidão se agita na medida em que acusações maléficas são lançadas sobre determinada mulher cuja vergonha é assimilada por todos. Jesus se inclina e começa escrever na areia respondendo com o silêncio atordoante aos ouvidos dos religiosos.

Em alta voz, com a intenção maligna de surpreender Cristo, os fariseus acusam a mulher de cometer adultério transgredindo, portanto, a lei dada por Moisés. Eles diziam: "Essa mulher foi pega em pleno ato de adultério. Não deve ficar impune. Devemos apedrejá-la até a morte. O que nos diz Mestre sobre essa situação? A lei nos manda apedrejar em caso de adultério! O Senhor deixaria impune ou cumpriria a lei?" No entanto, Jesus continua escrevendo na areia causando a insistência dos fariseus até que, sabiamente, Cristo pronuncia a mais famosa das declarações: "Quem não tem pecados que seja o primeiro que lhe atire pedras"! Em outras palavras, Ele queria dizer: "Olhem para dentro de si e vejam se estão isentos de pecados! Analisem suas atitudes e vejam se são perfeitos e fidedignos em cada detalhe! Então, mediante essa análise, vocês se consideram aptos para jogar alguma pedra? Se existe alguém, seja o primeiro"!

A astúcia dos fariseus é incomum. Se Jesus dissesse que o correto seria apedrejar a mulher, de fato incorreria num erro, afinal, somente os romanos poderia imputar pena de morte. Desse modo, Cristo estaria se rebelando contra a jurisdição de Roma gerando, dessa forma, um motim. Diante disso, portanto, Jesus seria acusado de decretar o que somente poderia ser feito pelos romanos.

Mas, se Cristo afirmasse que não era para apedrejá-la, os judeus o acusaria de transgressor da lei, afinal, a lei ordena a morte de adúlteros e adúlteras! No entanto, a lei é enfática que tanto o homem como a mulher devem ser mortos, logo, onde estaria o homem? Apenas trouxeram a mulher! Será que seria uma pessoa eminente na sociedade? Um político ou, até mesmo, um fariseu? Não sabemos, o fato é que esse homem desapareceu. Ou conseguiu escapar, ou, de certa forma, os fariseus deixaram fugir. Porém, o que, de fato, importa é a resposta fascinante de Cristo que, portanto, silenciou os fariseus e, com a consciência gritante, voltaram atrás e não ratificaram a iminente condenação.

Depois da declaração inimaginável de Cristo, um a um, começando pelos mais velhos, soltaram as pedras e se retiraram ficando só Jesus e a mulher. Com um olhar que vaza amor, Jesus se dirige a ela e pergunta: "Onde estão teus acusadores? Onde estão teus condenadores"? Ela, com tremor, responde: "Foram embora". Jesus, portanto, acrescenta: "Eu também não te condeno. Vai-te em paz e não peques mais"! Em outras palavras: "Refaça sua vida e viva a felicidade de me conhecer. Não cometa os mesmos erros novamente e siga em frente"!

O único que poderia condenar aquela mulher se calou. Ao invés de apedrejar, Ele curou. Ao contrário dos fariseus, Ele amou. O que definiria Esse Homem senão a revelação perfeita de Deus. O próprio Deus na terra sendo homem. O Deus Filho virando carne humana. O mais humano de todos os humanos!

Por,

Adriano Neto