VIVA A ÁGUA, O NOSSO MAIOR TESOURO!

 

Quem, neste contexto do fim,

Pode sinceramente dizer para mim,

Destituído de lance tendencioso,

Se há um líquido mais precioso

Do que aquele que é, outrossim,

Desta vida o bem mais valioso?

 

Na minha liberdade de expressar,

Eu anelo oportunamente enunciar,

Sem apelar para qualquer agouro,

Visando o tempo atual e o vindouro;

Sim, eu desejo amiúde proclamar

Que a água é o nosso maior tesouro!

 

Nasça no monte ou na mata,

Flua do remanso ou da cascata

E forme ela lagoa ou represa,

Confere-me a inarredável certeza

De que, mais do que o ouro e a prata,

A água é a nossa sublime riqueza!

 

Mas o homem de dura cerviz,

Cuidar desse bem nunca quis,

Como cuida da sua própria vida;

E agora, amargando vasca dorida

Ele contempla, deveras infeliz,

O fim dessa dádiva tão querida!

 

Porquanto há nascentes morrendo,

Quando precisamos delas nascendo;

Outras fontes, que um dia banharam

As urzes, há muito tempo secaram;

E este revés está inste acontecendo,

Mas os homens ainda não atentaram.

 

Extensos rios que outrora serpenteavam

Pela vastidão verdejante e formavam

Imensos lagos, agora são só lembrança

Do saudoso tempo de abastança,

Quando as águas dessedentavam

A nossa sede e nutriam a nossa esperança.

 

Nas urbes é patente o desperdício,

Assaz demonstrado num vil exercício

Que descamba para a generalização;

Portanto, urge-nos a forte ação

De findarmos — hoje — este malefício,

Para evitarmos uma futura lamentação.

 

Eu temo sobremaneira chegar o dia

Em que, com inocultável agonia,

Da antiga canção infantil terei

Que viver a frase que tanto cantei;

Sim, receio mesmo ter que dizer um dia:

Eu fui ao tororó beber água e não achei”...

 

Louvado seja eternamente o nosso Deus,

Aquele que imputou a todos os filhos seus

Zelo absoluto às coisas que Ele criou,

A tudo o que, com Amor, nos entregou;

Rejubilemo-nos em louvar o nosso Eterno Deus,

O Criador que, abundantemente, nos abençoou!

 

Lázaro Justo Jacinto