Uma verdadeira demonstração de raça e determinação no III Festival Nacional de Cinema e Vídeo Rural de Piratuba. A força de um verdadeiro jovem do campo, aliado ao talento e a dedicação a produção cinematográfica foram decisivas para a conquista do prêmio de melhor fotografia.

Para se tornar finalista no festival, Memorável Trem de Ferro competiu com outros 147 filmes, foi selecionado junto com outros 8 documentários para a etapa final, vencendo a categoria melhor fotografia entre 16 finalistas entre etnográficos e ficção.

Um caminho singular para uma obra que por si só já pode ser considerada um troféu cinematográfico ao resgatar a história da principal ferrovia brasileira: A São Paulo Rio Grande.

Comprovando a natureza ruralista e o olhar aventureiro despertado para a saga de colonização regional, Memorável Trem de Ferro apresenta fortes ligações com a temática rural em detalhes que vão muito além do que é possível ver na grande tela.

O filme gravado em quatro estados do país, é uma verdadeira viagem pelo mundo à vapor, relembrando uma época que o país seguia o caminho dos trilhos de ferro, em que o trem era o principal meio de transporte.

Cenários de saudades e lembranças misturadas à modernidade estão presentes nessa obra que resgata a história de um dos mais audaciosos empreendimentos da construção ferroviária mundial; a Ferrovia São Paulo ? Rio Grande.

Inaugurada em Outubro de 1910, pela Brazil Railway Company, empresa do conglomerado Farquhar, a ferrovia que motivou a Guerra do Contestado e consequente povoamento da região, completou cem anos em completo caus e abandono.

O relato marcante da epopéia ferroviária do Contestado apresenta um outro atributo o qual o diferencia da maioria das produções do cinema nacional: Memorável Trem de Ferro é um filme idealizado e concebido por um jovem da roça, filho de agricultores. Natural de Zonalta, comunidade do interior de Piratuba, Ernoy Mattiello é formado em jornalismo pela UniRG do Tocantins. Iniciou a carreira no rádio aos 14 anos de idade.

Em 2.000 passou a atuar como repórter televisivo e documentarista. Neto de gaúchos, que chegaram de trem em 1935 para colonizar Santa Catarina, o cineasta tem como uma das grandes paixões a pesquisa histórica e a produção documental da cultura regional. Produtor de 14 obras ente institucionais e documentários, ganhou destaque com Heimatland e a História do Kerb (2009), exibido nacionalmente e também na América Latina. Como correspondente da Rede Record no ES, já esteve várias vezes em rede nacional, mas nunca escondeu o sonho de fazer cinema.

De sorriso fácil e muito falante, demonstrou desde a infância inclinações para o mundo artístico e comunicacional. Trocou a roça pelo rádio, mas foi no cinema que conseguiu espaço para mostrar ao Brasil seu verdadeiro talento: O de revelar as lentes o valor e a coragem de sua gente através de imagens memoráveis.