Visão Poética do Evangelho do Amor Eterno
Publicado em 28 de março de 2012 por Lázaro Justo Jacinto
VISÃO POÉTICA DO EVANGELHO DO AMOR ETERNO
No princípio da preexistência,
À destra da Suprema Onipotência,
Era o Verbo, diz o Sacro Registo;
E Deus, que jamais foi visto,
Revelou-nos a sua Benevolência
Na Pessoa de Jesus Cristo.
E o Verbo estava com Deus,
E o Verbo era igualmente Deus,
No princípio com Deus Ele estava;
O povo hebreu já o esperava,
Destarte, Ele veio para os seus,
Mas o seu povo não o amava.
João Batista, falando aos judeus
Que eram discípulos seus,
Num discurso deveras fecundo,
Deu-lhes um testemunho profundo,
Dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus,
Que tira o pecado do mundo!”
Depois disto houve um casamento,
Festa de grande contentamento,
E foi também Jesus convidado;
E, tendo o vinho logo acabado,
Sua mãe, que assistia ao evento,
Fez-lhe premente comunicado.
Portanto, Ele ordenou aos serventes
Que enchessem de água os recipientes,
Lida que a equipe prontamente executou,
E o Mestre a água em vinho transformou;
Assim, naquela alegre festa de nubentes,
Os seus inúmeros milagres Jesus iniciou...
A páscoa dos judeus se aproximava,
E em Jerusalém Jesus se encontrava;
Então, indo à Casa de Deus Ele achou
A casta que, abjetamente, transformou
O lugar naquilo que Ele não amava;
E a todos fora do templo Ele lançou.
Ora, havia um homem entre os fariseus
Que, sendo um dos principais dos judeus,
Foi ter na calma da noite com Jesus;
Sabedor de que Ele é a verdadeira Luz,
E o Divino Mestre, vindo de Deus,
E que à Verdade a todos conduz.
Da sacrossanta boca do Senhor,
Diretamente para o coração do pecador,
Palavra de Vida Eterna a fluir;
E, visando a Nicodemos instruir,
Jesus diz a mais inefável Palavra de Amor
Que um mortal pecador pode ouvir:
- “Porque Deus de tal maneira o mundo amou
Que o seu Filho Unigênito entregou,
Para que todo aquele que nEle crê não pereça,
Mas tenha a Vida Eterna”; e nunca se esqueça
De que Jesus Cristo para sempre aniquilou
A escura noite, para que o dia eterno amanheça!
Depois de uma viagem estava Jesus cansado,
E em Samária, junto do poço, ficou sentado
À espera de alguém que lhe desse de beber;
Então uma mulher, que foi o seu cântaro encher,
Postou-se vivamente interessada, a seu lado,
Visando à Água Viva do Salvador receber.
No tanque de Betesda jazia grande multidão
Que, sem saúde física e sem Salvação,
Esperava da água o habitual movimento;
Lá, um doente entregue ao esquecimento
Recebeu de Jesus sua terna Compaixão,
E deixou o local com grande contentamento.
Após o sinal que Jesus à multidão operara,
Quando pães e peixes para ela multiplicara,
Passou então a ensinar-lhe sobre outra comida
Muito mais importante que aquela já fornecida;
Ao povo que com o milagre Jesus pasmara,
Ele afirmou ser o verdadeiro Pão da Vida.
Pela manhã cedo Jesus ao templo voltou;
E ali, onde outras vezes ao povo ensinou,
Trouxeram-lhe uma mulher apanhada
Em adultério, para que fosse condenada,
Porque outrora na lei Moisés ordenou
Que tal pecadora fosse apedrejada.
Ao ouvir estas palavras, o Mestre amado
Por um momento permaneceu calado...
E inclinando-se, no chão com o dedo escreveu
Algo que jamais alguém conheceu;
- “Aquele dentre vós que está sem pecado
Seja o primeiro que atire pedra”, Ele respondeu.
Alhures, quando o Senhor Jesus Cristo passava,
Viu um homem cego de nascença, que mendigava;
Então, cuspindo no chão, com a saliva fez lodo,
E curou ao homem cego e perdido, de todo;
Porém, a casta religiosa não acreditava,
Pensando que tudo não passava de engodo.
Noutra ocasião, num belo ensino de Amor,
Jesus afirmou ser o nosso Bom Pastor,
O único que pelas ovelhas dá a sua Vida,
E Vida Eterna absoluta e eternamente garantida;
Da sua Mão e da Mão do Pai, nenhum usurpador
Poderá jamais arrebatar sua ovelha protegida!
- “Eu sou a Ressurreição e a Vida”,
Disse Jesus a Marta, sua seguidora, sentida
Pela morte de Lázaro, o irmão amado,
Que há quatro dias jazia sepultado...
- “Quem crê em mim”, disse à discípula querida,
“Ainda que esteja morto, será ressuscitado.”
Em Betânia, pequena aldeia de Maria,
Onde seu irmão Lázaro igualmente residia,
Houve dura oposição de Judas o traidor,
Aquele que jamais amou ao Senhor;
Quando os pés do Mestre ela ungia,
Evidenciava-lhe perfeito gesto de amor!
Depois, a multidão postou-se no caminho,
E Jesus, montado num simples jumentinho,
Em Jerusalém fez uma entrada triunfal
Que, antes, outra sua não houve igual;
Porém, este fato é apenas um pouquinho
Do que será o seu Reino Celestial...
Aproximava-se o dia da ida do Senhor
Para a Glória Eterna do seu Pai de Amor;
Então, para não deixar-nos na orfandade,
Em seu supremo ato de Bondade
Jesus promete-nos outro Consolador,
Que é o Espírito Santo da Verdade.
Ao homem que se encontra imundo,
Visto que do pecado ele é oriundo,
Jesus deixou este importante aviso,
Que a todo pecador saber é preciso:
O Espírito Santo convencerá o mundo
Do pecado, da justiça e do juízo.
Depois de Jesus deste modo falar,
Ao Pai Santo Ele pôs-se a orar
A favor de todos os discípulos seus,
Separados deste mundo de ateus,
Para que todos possamos gozar
Das infindáveis bênçãos de Deus.
E nesta indefectível Oração,
Feita perto de concluir a Missão
Que o Pai Justo lhe entregou,
Jesus a seus discípulos amou,
E amou-os de todo o seu Coração;
E a Oração também nos alcançou!
Para o Getsêmane Jesus se retirou,
E ali, intensamente, ao Pai Ele orou,
Visto que a sua hora era chegada;
Começou, então, naquela madrugada,
O Calvário que à cruz o levou,
Cumprindo, assim, a Profecia anunciada.
Perante o sinédrio e Pôncio Pilatos,
Jesus foi levado pelos insensatos,
Sob guia de Iscariotes, que o entregou;
Enquanto isso, no pátio, onde ficou,
Covarde diante de todos os fatos
Simão Pedro três vezes o negou.
- “Tu és o Cristo, o Filho de Deus?
Tu és o Rei dos judeus?”,
Perguntas formuladas a Jesus,
Que a todos veio trazer a sua Luz...
Mas, resolutos, vociferavam os seus:
- “É réu de morte, destina-o à cruz!”
Então, o dúbio e atemorizado governador,
Atendendo-lhes ao incessante clamor,
Entregou-o para ser crucificado;
Antes, porém, foi duramente açoitado,
E, por causa do seu Inefável Amor,
Por nossas iniquidades Ele foi esmagado!
Tomaram, pois, a Jesus;
E Ele, carregando a sua cruz,
Para o Gólgota a levou,
E ali a soldadesca o crucificou;
E esta Morte Vicária traduz
O quanto Ele nos amou!
- “Porque Deus de tal maneira o mundo amou
Que o seu Filho Unigênito entregou,
Para que todo aquele que nEle crê não pereça,
Mas tenha a Vida Eterna”; e nunca se esqueça
De que Jesus Cristo para sempre aniquilou
A escura noite, para que o dia eterno amanheça!
Então dois homens, cheios de amor,
Tiraram da cruz o Salvador;
E, numa obra plena de ternura,
Com essência aromática, a mais pura,
Prepararam o Corpo do Senhor
Para colocá-lo na sepultura...
Mas o sepulcro não é um lugar
Para o Corpo do Senhor Jesus ficar
Jazendo como um comum mortal;
O Trino Deus, em seu Poder Eternal,
Veio o Senhor Jesus ressuscitar
Para a sua Glória Divinal.
Logo, no primeiro dia da semana,
Do Deus Todo-Poderoso emana
A mais indescritível Obra de Amor,
Tirando do túmulo o nosso Salvador,
Corroborando, assim, o Hosana
Ao nosso Bendito e Eterno Senhor!
Realizada, pois, esta Obra Plena,
Jesus apareceu a Maria Madalena
E aos discípulos, logo a seguir;
Indubitavelmente, o seu ressurgir
Engendrou-nos a convicção amena
De fé, esperança e amor, no porvir.
Oito dias após a sua Ressurreição,
Fez Jesus a segunda aparição
Aos discípulos que Ele amava,
Porque na primeira Tomé não estava;
Pois, em seu fragilizado coração
A incredulidade o discípulo abrigava.
Na casa pelos discípulos habitada,
Estava a porta bem fechada
Quando Jesus lhes apareceu;
Então o Dídimo, vendo-o, creu,
E com a voz assaz emocionada,
Disse: Senhor meu, e Deus meu!
No mar de Tiberíades a pescaria,
No frescor da manhã de um belo dia,
Feita por sete dos seus seguidores,
Os quais eram exímios pescadores;
Na noite anterior, mesmo na calmaria,
O mar não lhes deu os seus favores...
Então Jesus, ali presente,
Vendo o grupo descontente,
Ordenou-lhe a rede lançar
À direita do barco, para achar;
E agora, num milagre evidente,
Não podiam a rede cheia puxar!
Quando do barco eles desceram,
Pão e peixe do Senhor receberam,
Para uma sossegada refeição;
E, nesse clima de alegre emoção,
Depois que todos comeram,
Jesus fez a Pedro a indagação:
- “Tu me ama, Simão, filho de João?
Amas-me de todo o teu coração?”
- “Sim, Senhor; do âmago eu proclamo
Que te amo, te amo, te amo!
Três vezes fiz a minha triste negação
E agora três vezes digo que te amo!”
- “Apascenta os meus cordeirinhos,
A todos os meus amados filhinhos;
As minhas ovelhas deves apascentar,
O ministério da Palavra deves realizar;
Deves trilhar por todos os caminhos
Que de agora em diante te hei de enviar.”
João, o amado Evangelista e Apóstolo do Senhor
Foi quem escreveu o Evangelho do Amor,
Dando-nos este testemunho fiel e verdadeiro;
E todos os Atos de Jesus, do primeiro ao derradeiro,
Se porventura um dia alguém escrevê-los for,
Creio que os livros não caberiam no mundo inteiro...
L ouvado seja o Bendito e Eterno Deus,
A quem rendo graças e os louvores meus;
Z eloso para conosco, emana do seu Coração
A mor Inefável e mui Infinita Compaixão,
R evelando, destarte, a todos os filhos seus,
O seu maravilhoso e eterno Plano de Salvação!
Lázaro Justo Jacinto