Violência na Escola

Wanderson Vitor Boareto

Graduado em História e Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social, Docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora.

Resumo

 A violência nas escolas públicas está chegando a níveis alarmantes, e os agentes dessa violência devem ser analisados de uma forma coerente, para que através do entendimento possamos chegar a medidas que a eliminem; já que o problema é de todos os setores da sociedade.

Palavras Chave

Escola, Violência, Adolescente, Família, Grupos Sociais.

 

Analisando o comportamento dos estudantes do ensino médio das escolas públicas de Minas Gerais, podemos apontar vários fatores que estimulam a violência dentro do ambiente escolar. Levando em conta a proposta oferecida pelas escolas, através do currículo, percebe-se a falta de interesse por vários conteúdos. Esta falta de gosto por determinadas disciplinas leva os alunos a ansiedade. Ansiedade é um fator gerador de violência.

“O comportamento normativo não se reduz a moral e ao direito. Existe também outro tipo de comportamento normativo que não se identifica com o direito e com a moral, e que abrange as várias formas de saudação, o modo de uma pessoa dirigir – se a outra, de atender a um amigo ou a um convidado em casa, de vestir com decoro etc., bem como as varias manifestações de cortesia, o tato, a fineza, o cavalheirismo, a pontualidade, a galanteria etc. “(VÁZQUEZ, Pg. 101, 2005)

Não é difícil de perceber que as salas de aulas se dividem em vários nichos diferentes, mesmo o foco inicial sendo o mesmo: aprender. Esses grupos que se formam podem ser detectados em salas de 40 alunos; são seis, sete ou mais grupos diferentes, interessante analisar que muitas vezes não é por afetividade e sim para a autopreservação dos seus modos de comportamento dentro das instituições de ensino.

Esses grupos se agridem verbalmente, já que cada grupo se sente dono da verdade comportamental, e qualquer um que não se encaixe nos padrões, de determinado grupo comportamentais, é visto como “rival”. Sem dúvida isso eleva muito os padrões de violência dentro e fora das escolas, já que muitos impasses são resolvidos fora dela, mas tem seu início de conflito dentro da instituição de ensino.

A arrogância dos adolescentes é outro fator fundamental para entender o aumento da violência nas escolas e na comunidade que esses jovens estão  inseridos. Quem está em sala de aula ou convive com os adolescentes, percebe o uso de algumas frases que estimulam a violência, como por exemplo: “eu sou mais eu”, “não levo desaforo para casa”, “quem você pensa que é”, e dai por diante, o discurso dessas frases mostram bem o comportamento violento dos adolescentes em seus grupos.

“É certo que a arma da crítica não pode substituir a crítica das armas, que o poder material tem de ser derrubado pelo poder material, mas a teoria converte – se em força material quando penetra nas massas. A teoria é capaz de se apossar das massas ao demonstrar – se ad hominem, e demonstra–se ad hominem logo que se torna radical”. (MARX, Pg. 151, 2005)

As relações afetivas na escola muitas vezes incentivam a competição entre os grupos. Os valores éticos no sentido humano não existem o que há é objeto de uso ou de poder. Isso está presente tanto na vida dos meninos quanto na vida das meninas, que demostram uma agressividade muito maior na relação afetiva. A vulgaridade na postura e nas vestimentas dos jovens e adolescentes mostra a agressividade dos grupos. A pergunta é: qual o discurso que os professores e familiares devem entender, para amenizar a violência entre os mesmo.

No entanto, vários estudiosos dos comportamentos sociais apontam também as famílias desregradas como sendo um agente estimulador da violência dentro e fora da escola. Pais que não conseguem olhar os erros dos filhos e são imparciais na sua formação, já que sendo omissos ao comportamento antissocial dos filhos estimulam ainda mais a violência. A omissão em vários casos influência a rebeldia dos filhos na escola, sendo que os filhos não erram quem erra é os professores, a escola, os amigos. Neste sentido, tem famílias que estimulam a violência usando um termo horrível, que se fundamenta em “bateu levo”, ou seja, se apanhar na rua, vai apanhar em casa também.

“Entendemos por cidadania o processo histórico – social que capacita a massa humana a forjar condições de consciência, de organização e de elaboração de um projeto e de práticas no sentido de deixar de ser massa e de passar a ser povo”. (BOFF, Pg51, 2000)

A falta de participação das famílias no ambiente escolar é também brecha para a violência ou posturas violentas levando em conta que a agressão verbal também é um forte indício para evoluir para a agressão física. As novas propostas da educação pública tenta amenizar isso através de projetos para trazer as famílias para dentro da escola, no entanto, são vários os desafios para esta realidade se concretizar.

Porém, não existe uma receita pronta para enfrentar a violência dos diversos grupos sociais, mas é fundamental que se faça uma análise de alguns agentes da violência dentro das escolas para tentar de uma forma direta a amenizar os conflitos. No entanto, os agentes da violência se diferem de uma região ou de um grupo social para outros. Na realidade a responsabilidade é de todos nós, ou seja, família, escola, igreja e a comunidade são os agentes que podem e devem interferir na violência dos jovens e adultos dentro e fora das escolas.

Bibliografia

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez, Ética, Ed Civilização Brasileira, 2005,Rio de Janeiro, RJ:

MARX, Karl, Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, Ed Boitempo, 2005, São Paulo, SP;

BOFF, Leonardo, Depois de 500 Anos Que Brasil Queremos? , Ed Vozes, 2000, Petrópolis, RJ;