Bastam minutos frente aos noticiários televisivos, ou mesmo uma passada rápida em meio a bancas de jornais e revistas, nas últimas semanas, para nos depararmos com as manchetes sangrentas envolvendo os massacres realizados contra civis pela ditadura síria. Como dizia o título de um texto que li em alguns dos vários sites abordando essa questão, não é necessário muito esforço para chegar a triste máxima, Síria 2011: uma primavera pouco florida!
Pois bem, como já dito supra, inúmeras são as notícias versando sobre o tema e não menos numerosa a quantidade de pessoas que se aventuram a comentar e emitir opiniões sobre a situação de repressão vivida por protestantes e cidadãos sírios frente a um governo violento e inescrupuloso. O presente artigo, portanto, tem como escopo expor uma opinião crítica sobre o assunto tão veiculado na mídia, longe, porém, de ter a pretensão de apresentar aqui uma solução para o caso.
É certo, todavia, que não só na questão síria debatida agora, como também em tudo que se relaciona a direitos humanos, bem mais importante que emitir pareceres, sancionar leis ou aprovar resoluções, é sim promover a efetiva realização dos direitos do homem, é garantir que os direitos dos cidadãos - sejam eles sírios, brasileiros, libaneses, enfim ? não sejam violentamente feridos.
No que tange a questão síria, tantas medidas já foram tomadas no âmbito político, diplomático, jurisdicional, sem, contudo, apresentar efeitos no campo prático, o que nos faz pensar que as imposições de sanções e as estratégias de endurecimento contra a Síria de nada - ou sendo otimista ? pouco valem.
Portanto, o que nos parece mais plausível, diferente do que pensa uma parcela da população brasileira de que "o Brasil tem que salvar o povo da Síria", é aguardar que as coisas se resolvam com o tempo, por meio (mais uma vez!) de gestões diplomáticas, alternativa, concordo, bem passiva e, desculpe-me a franqueza, talvez por isso tão brasileira. A outra possibilidade, mais corajosa, e não defendida pelos nossos governantes, é permitir que se faça uma intervenção estrangeira no país, e estes, então, os recolonizarão.
Entretanto, permitindo que o país seja invadido por estrangeiros, resolveríamos um problema, ocasionando outro, senão maior que o problema anterior. Faríamos crer que "invadir outros países" é algo justificável, comum, e enterraríamos um dos pilares do Estado, a soberania, elemento constitutivo principal do Estado. Logo, que se multiplique a característica de "Brasil, país modelo de paz e integração", e como já disseram as autoridades brasileiras, que o uso da força como meio coercitivo seja usado somente em última instância.