Esses dias, bem perto do trabalho do meu marido, uma mulher se jogou do alto de uma ponte e morreu... Conversando aqui em casa, tentávamos entender as razões que levam uma pessoa a interromper a sua passagem (que já é curta) nesta vida e continuamos com as muitas interrogações inundando os nossos pensamentos. Por mais que tenhamos nossas respostas e razões para nos mantermos firmes e resistentes na vida, há quem pense e aja de formas contrárias. Dizer que são fracas nos parece o melhor modo de defini-las, mas é preciso ter cautela nos julgamentos...

Sou uma defensora ardorosa da vida e procuro fazer com que as outras pessoas vejam a mesma beleza que vejo (mesmo que por ângulos diferentes), que encarem os obstáculos como desafios instigadores e não desestimulantes, que respeitem o tempo de plantio e colheita; e, quando tudo parecer desmoronar, que se permitam renascer... mesmo que das cinzas...

Contudo, nem sempre temos o poder de fazer com que as pessoas encontrem em si mesmas essa força (muitas vezes oculta, mas presente em cada um de nós) e se mantenham em pé, dando um passo de cada vez, seguindo adiante e fazendo descobertas importantes e que dão um sentido maior à vida!

Há um grande paradoxo, em minha opinião, nos suicidas. São corajosos, pois tirar a própria vida exige muita coragem! Entretanto são covardes, porque desistiram do maior bem que qualquer ser possa ter – a vida! E abreviaram suas histórias... Deixaram lacunas, interrogações e tristezas para os que ficaram. Agiram no ímpeto do desespero e egoísmo! Pensaram apenas em si e se
recusaram a persistir! Talvez até tenham sinalizado aos outros as suas angústias e aflições, mas será que tiveram humildade suficiente para admitirem que necessitavam de ajuda? Ficaremos aqui com muitas perguntas e quase nenhuma resposta... Ficaremos com os julgamentos... Lamentaremos e nos questionaremos se estivemos atentos e solícitos, mas não saberemos nunca até que ponto a determinação em morrer era maior que a de viver...

Eu fico aqui, perplexa com essa força contrária. Quando vemos alguém praticando o mal, costumamos dizer que se a mesma energia fosse empregada para o bem, o mundo seria muito melhor! Na mesma linha, se a vontade de viver fosse mais forte e não sucumbisse propositalmente à morte, teríamos um mundo melhor e com pessoas muito mais gratas!

Temos o livre arbítrio, temos o poder de escolher e decidir nossos caminhos, mas, acima de tudo, temos o dever de cuidar da vida! Muitos acreditam que passamos pela experiência da vida várias vezes! Que nascemos, morremos e reencarnamos... De qualquer forma, cada vida é única e preciosa, então por que não viver com sabedoria e amor próprio, extraindo dessa experiência as maiores e melhores lições? Por mais problemas e desesperos que uma pessoa possa ter, há sempre uma saída. E há pessoas dispostas a ajudar, a atenuar sofrimentos, a estender uma mão amiga e solidária! Basta querer, de fato, receber ajuda e, o mais importante, é preciso querer viver com intensidade!

Todas as vezes que enfrentei problemas difíceis em minha vida, me fortaleci no seguinte pensamento: “Deus pode fechar uma porta e até mesmo as janelas, mas se olharmos para cima, Ele nos abrirá um grande teto-solar para podermos enxergar a grandeza da vida!”. Sempre funcionou comigo e tenho certeza que, se olhar para cima, você enxergará essa grandeza também!

Jackie Freitas

Viva uma vida boa e honrada. Assim, quando você ficar mais velho e pensar no passado, poderá obter prazer uma segunda vez.

(Dalai Lama)

Fênix - Vidas que Renascem