Victor Hugo foi um dos maiores escritores franceses do século XIX e teve uma importante atuação social. Suas obras como “Os Miseráveis”, “O último dia de um condenado” e “Claude Gueux” criticavam as condições de vida das classes baixas da França oitocentista e alguns dos seus argumentos são atuais no Brasil atual. Uma das virtudes do autor é que ele não era Marxista, as suas análises da vida social e seus problemas se baseavam em mudar a realidade sem revoluções sociais. O autor era um capitalista liberal e acreditava que as pessoas deviam ter liberdade para se desenvolverem, sem construir uma igualdade que nivelasse para baixo como propunham os Marxistas. Mas ele defendia que o estado tinha a obrigação de oferecer saúde, educação e segurança para as pessoas e melhorar suas condições de vida, criando a chamada “rede de proteção social” para melhorar a qualidade de vida da população permitindo o desenvolvimento da burguesia. Em “Claude Gueux” ele censura a forma como a população carcerária era tratada e faz um manifesto contra a pena de morte. Diz que se a população fosse educada e tivesse boas condições de vida e de renda os crimes seriam reduzidos e os conflitos resolvidos de forma pacífica. A história francesa no pós-guerra mostrou que o estado do bem-estar social realmente tornou a sociedade francesa pacífica e justa, e que a crise econômica e a imigração ilegal perturbaram esta ordem. O Brasil atual parece sob muitos pontos de vista com a França de Victor Hugo. A injustiça social é gritante, os conflitos incluindo roubos e homicídios estão entre os maiores índices mundiais e a nossa população carcerária, embora não exista pena de morte por aqui, vive em condições miseráveis. Acima de tudo, nosso sistema carcerário segue o modelo punitivo dos norte americanos, onde o objetivo é destruir e castigar o prisioneiro e não recuperá-lo. No caso brasileiro, como no americano, existe um agravante, além do preconceito de classe, existe um racismo inerente ao sistema. Não interessa reformar de forma educativa porque as duas populações são grandes e um marginal a mais e um cidadão a menos fazem pouca diferença. Porque os presos são em sua maioria pobres, e não tem grande valor social, nem educacional ou produtivo. Porque são em sua maioria pretos ou pardos, como nos EUA onde predominam negros e latinos.