Viagens 8 - NA NATUREZA TUDO SE PERDE, NA SUIÇA TUDO  SE ACHA

 

Embarquei para Roma, no aeroporto de Genebra.

Iluminação perfeita, alto falantes que falavam tão claramente que dava para entender tudo, qualquer língua que usassem.

Lojas deslumbrantes, luxuosas, com tudo quanto é produto  que naquele tempo no Brasil nem sonhávamos. 

Calçadas móveis subterrâneas, para levar os passageiros sem esforço algum,  até debaixo do avião.

Eu estava absolutamente e completamente estupefato com o progresso.

Tinha conhecido, cinqüenta anos antes,  o antigo aeroporto, que parecia um campo de futebol. Tinha até bandeirinhas, correndo ao longo da pista; e acendiam lanternas, quando tinha neblina.

Nessa de admiração, você acaba esquecendo alguma coisa.

É desculpável.

O avião levantou vôo e em dois minutos estava atravessando os Alpes.

O dia estava magnífico, era cedo e as sombras estendiam-se pelos vales, deixando os picos ainda mais luminosos, brilhantes.

Enfim um espetáculo, digno de uma fotografia.

Acho que vou tirar uma e ... ué, cadê a máquina?

Meu Deus, esqueci-me dela.

Onde?

No balcão de check-in da Swissair, em pleno aeroporto!

Com milhares de pessoas de todas as origens, indo e vindo, correndo, apressados, carregados de malas e pacotes...

Nunca mais vou vê-la!

Era uma Nikon, novinha, belíssima, caríssima, do meu filho!

Entrei em pânico, até a pressão subiu. E agora o que faço? 

Não deu tempo de pensar.

O vôo demorava apenas 45 minutos, logo estávamos descendo em Roma.

Desanimado, procurei a Swissair, mas sem nenhuma esperança.

A moça, sorridente, ligou para Genebra.

Em dois minutos vinha com a resposta.

Sim, sua máquina está lá. Quer retirá-la aqui em Roma,ou lá em Genebra?

Não, não; eu volto a Genebra amanhã; com quem falo lá? 

Vá direto aos Achados e Perdidos. Qualquer pessoa pode atender.

No dia seguinte, recuperei minha preciosa Nikon.

Claro, paguei uma taxa; dez por cento do valor estimado;

Deu três por cento do que ela valia.

Simples assim,  num mundo que era civilizado.

Ouso imaginar, mas sem muitas esperanças, que continue como era. 

A vida era mais simpática, sorridente, então.

Como as moças da Swissair.