Faltavam dez minutos para as seis horas da manhã quando acordei. O preto era a cor que encobria os meus olhos. Não esperei que o celular desse sinal para o despertar. Fui logo me antecipando e tratando de desligá-lo. As luzes foram acesas e meus companheiros de quarto continuaram a dormir. Tentei não fazer tanto barulho. Mantive a discrição. Passei despercebido. Quando retornei do banheiro os dois ainda roncavam, os sons emitidos davam notas de que o sono deveria continuar. Mas tinha que acordá-los. O dia era longo e o exame vestibular os esperava. Cutuquei um, fui logo esperando um xingamento, mas não – de pessoas educadas, o vocabulário chulo é apenas uma variante de nossa língua portuguesa. O outro logo acordou. Éramos três naquele quarto arejado e abundante em luz. Outra menina estava do outro lado do pensionato, parte reservada às garotas. Era mais uma integrante da nossa caravana. Formávamos um quarteto.

            Seis horas e o café estava espalhado pelas mesas. Seu aroma convidava-nos para a degustação. Não titubeei. Tratei de chamar os meus alunos, que estavam se dirigindo à cozinha guiados pelo o olfato apurado e preciso, tratava-se de um lauto café. Comemos o suficiente. Não fomos gulosos feitos Luís Fernando Veríssimo, autor de um dos sete pecados capitais. Algumas xícaras para despertar-nos da sonolência.

            Sete horas estavam no ônibus que levava os discentes daquela pensão para os locais de prova. Sem atraso. Os portões da universidade não esperavam. Acompanhei-os. Desejo de boa sorte, boa prova. Cada aluno deixado no seu devido exame.

            Assim foram os três dias, que permanecemos na “Cidade Cidadania”, Maringá, entre provas de conhecimentos gerais, língua portuguesa e redação, além da avaliação de conhecimentos específicos. A cada retorno destinava-me às bancas, sebo, livrarias, teatro, para o preenchimento do vazio que sentia de minha família. Jornais li muito, destaque para a “Folha de Londrina” e o meu “O Estado de São Paulo”. Livros comprei alguns. Na Catedral de Maringá fui pedir à benção aos meus familiares e aos vestibulandos que ali estavam para darem início às suas vidas profissionais e o corte do cordão umbilical.

            Ufa! Já havia me esquecido o quanto viajei no período de vestibular. Tempos em que o branquear dos cabelos era coisa para um futuro ainda distante. Mas é muito bom termos discentes que enxergam o seu futuro de uma maneira clara e objetiva. Se todos fossem assim...