Edson Silva

O fato da presidente Dilma Rousseff, eleita democraticamente pela maioria de nós brasileiros, ter sido uma de milhares de pessoas corajosas que não aceitaram de "goela abaixo" a Ditadura Militar de 1964, pelo jeito, será discussão crônica e verdadeiro "cavalo de batalha" de seu governo.

Sob alegação de revanchismo, setores reacionários querem esquecer que no Brasil houve perseguição política, torturas, exílios, desaparecimentos e mortes de centenas de pessoas, a maioria cujo único "crime" foi amar a pátria a ponto que não querê-la tutelada por generais e escrava de interesses estrangeiros.

Não vejo revanchismo em se colocar às claras a História de nosso país. Vergonha é renegar ou censurar a História. Admiro, por exemplo, a persistência da comunidade judaica em relação ao terrível Holocausto, ocorrido há 65 anos, entre 1939 e 1945, com extermínio de mais de 6 milhões de judeus. São erros que não podem ser esquecidos para que não se repitam e culpados devem sim ser punidos. No caso do Brasil, a mais recente Ditadura, a Militar, ocorreu há 25 anos, entre 1964 e 1985, com pelo menos 475 desaparecidos e as famílias destas vítimas
merecem satisfações.

Pelo que se nota, parece que tem gente que prefere apagar a História, como ocorre no polêmico livro 1984, romance do autor inglês Eric Arthur Blair, conhecido pelo pseudônimo de George Orwell. A publicação é de 1949 e retrata o cotidiano de um regime político totalitário e repressivo que mudava fatos históricos capazes de incomodar o sistema vigente. Para atingir tais objetivos, documentos eram falsificados, literatura histórica reescrita, enfim fatos eram manipulados, justamente o que Dilma e alguns integrantes de seu governo parece que não admitirão.

No mundo real, recentemente a ministra de Dilma, Maria do Rosário (Secretaria dos Direitos Humanos) insinuou que documentos oficiais sobre a ditadura militar teriam sido destruídos no governo de Fernando Henrique Cardoso. Ao fazer a insinuação, a ministra rebatia declarações do ex-presidente de que arquivos da ditadura não existem mais. FHC diria ser a favor da abertura dos arquivos, mas não adiantava, pois nada seria achado e alegou ter assinado "por engano" decreto que prolongou por 50 anos o sigilo sobre os arquivos. Cá pra nós, "engano" difícil de engolir vindo de alguém tido como culto sociólogo. Já pensaram se o autor do dito "engano" fosse Lula? Certamente seria massacrado pela mídia.

Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

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