15 de agosto de 2012,

Como parte do PAC (Programa de aceleração do crescimento) a Presidenta Dilma anuncia o Programa de Investimos em Logística em que visa à reforma e construção de aeroportos, portos, ferrovias e rodovias.

Na primeira parte do programa destinado à área rodoviária e ferroviária, o governo pretende investir R$ 133 bilhões até 2037, sendo R$ 42 bilhões em rodovias e R$ 91 bilhões em ferrovias. Nestes próximos cinco anos 23,5 bilhões dos 42 bilhões serão investidos e os outros 18,5 bilhões ao longo dos próximos 15 (Isso, lógico, se a política de governo não mudar, os preços não inflacionarem, as obras não forem embargadas ou não houver nenhuma denúncia de corrupção. Fatos comuns em nosso país desde as formas de governo mais antigas).

O problema nisso tudo é que; desses 23,5 bilhões de reais investido em cinco anos, serão destinados somente à duplicação 7,5 mil km de rodovias, sendo que 1,8 mil (o governo usa este termo  “já” em tom de eficiência) foram duplicadas anteriormente ao longo dos oito anos de mandato Lula. Ou seja, para cada km de rodovias federais serão gastos  R$ 7.456.140,00 aproximadamente 7,5 milhões de reais, um tanto quanto caro este km brasileiro, acho que vou acabar comprando um e vendendo mais tarde já que, essas rodovias serão apenas duplicadas e concedidas à empresas até meados de 2013 e a empresa com 10% da obra concluída poderá cobrar pedágio e terá 5 anos após assinatura do contrato para concluir as obras de melhorias. Algo que o governo considera de extremo bom gosto. Obs.: O Brasil já contem 5,5 mil km de rodovias sobre concessão de empresas.

Voltando ao ponto do dinheiro mal gasto, o território brasileiro segundo o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), possui pouco mais de 1,7 milhões de quilômetros de estradas, sendo, 14,4% estaduais 78,8% municipais e 6,7% federais. Nesse total  estão inclusos 141.000 km de vias inacabadas e em construção. As estradas não pavimentadas são a maioria, sendo 88,8% de estradas de chão, contra apenas 11,1% de rodovias pavimentadas, ou seja, somente 196.093 km de rodovias asfaltadas. Dos quais 57.211 km são de estradas federais (33%), 94.753 km são de estradas estaduais (55%) e 20.914 km são de estradas municipais (12%) (80% dos pavimentos têm mais de dez anos). Se para cada km de rodovia federal já pavimentada restante após a conclusão do programa tivermos que fazer  o mesmo, pelo preço equivalente para ser apenas duplicada e posteriormente concedida à empresas, o Estado terá que investir mais de R$ 370.652.175.540 (aproximadamente 370,7 bilhões de reais) correspondente à 37% do PIB brasileiro e equivalente à 88,95% do “tesouro” brasileiro (reservas internacionais) , US$ 288,57 bilhões (R$ 461,7 bilhões) até o final de 2010.

Em termos de logística isto é incabível já que a termo de comparação com os países que compõem o BRIC, que são Brasil, Rússia, Índia e China, todos com área territorial equivalente, enquanto nosso país possui algo em torno de 200.000 km de estradas asfaltadas, a Rússia tem mais de 600.000 km e a Índia e a China possuem cada uma, algo em torno de 1,5 milhão de km asfaltados. Em pesquisa realizada pela ABCR – Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, em 2008, na comparação do Brasil com os demais Países da América Latina, o levantamento revelou que o país que tem melhor oferta de rodovias pavimentadas é, surpreendentemente, a Costa Rica, 12ª economia da América Latina. Outro dado interessante é que a infraestrutura ferroviária disponível em Cuba é a melhor da América Latina, proporcionalmente ao tamanho do país e a sua população. Já a Colômbia, sexta economia da América Latina, tem a quantidade de hidrovias mais adequada para tamanho do seu país e sua população, e o Brasil com quase 8.000 km de costa marítima praticamente inexplorada. Logo o nosso país que onde mais de 60% das cargas são efetuadas por meio do transporte rodoviário, onde a frota de caminhões é uma das maiores do mundo, O Brasil possui atualmente segundo a CNT, uma frota de caminhões e ônibus superior a 40.000.000 de veículos, com os ônibus apresentando uma média de 12,5 anos e os caminhões apresentam uma média de 13,8 anos, idade avançada para o transporte de cargas numa malha viária cada vez mais deteriorada, que os detentores do poder dentro das empresas têm que levar em conta e ter pleno conhecimento da logística que se apresenta em todo o percurso de nossas estradas.

Não poderia deixar de ressaltar que apesar de inúmeros pontos negativos gritantes neste projeto que só começou já que ainda temos a parte de aeroportos e portos a ser “melhorados”. O governo teve ao menos a capacidade de fazer investimentos nas ferrovias e nas rodovias em lugares pontuais onde se poderá obter uma transação entre essas duas, oque irá melhorar significativamente a logística no território brasileiro, e irá atrair certo investimento estrangeiro aquecendo a economia brasileira, uma bela estratégia. Porém como foi possível observar ainda possuiremos uma infraestrutura que ainda será fraca e atrasada para o tamanho do nosso país e para aonde planejamos chegar. Os projetos e ações deveriam ser elaborados e executados de formas mais claras e limpas já que é um tanto quanto contraditório ser tão tolerante paciente com assuntos comerciais e empresariais e tratar a mão de ferro e com total intolerância e negligência o servidor público federal.

Vale lembrar, é este o mesmo mandato de governo que gasta dinheiro de forma estúpida e abusiva desembolsando mais de 130 bilhões de reais para uma melhora muito menor do que a esperada e ao mesmo tempo se recusa a investir mais do que 20 bilhões na educação que segue carente de recursos e financiamento adequado.