VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA: O PAPEL DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM

La ventilación no invasiva: El papel de la atención en enfermería

MACIEL, Aline Gonçalves
SILVA, Fabiane Gonçalves
TEIXEIRA, Valéria Cristina Alves


Resumo: O seguinte artigo trata-se de um novo método em assistência ventilatória, as técnicas não invasivas, que tem sido considerada uma alternativa atrativa à ventilação mecânica convencional no tratamento em pacientes com insuficiência respiratória aguda. A sofisticação dos equipamentos e máscaras tornou os benefícios do método indiscutível. E o enfermeiro é considerado um profissional fundamental e tem ao seu alcance uma gama de estratégias e técnicas que contribuem não somente para o aumento da eficácia da ventilação não invasiva, como também para a redução dos fatores de intolerância a esta terapêutica. Para tal foi necessário realizar uma breve análise do tema, tomando como base artigos e uma literatura selecionada.
Palavras-chave: Ventilação não invasiva, assistência de enfermagem, máscaras.

Resúmen: El siguiente artículo presenta un nuevo método de soporte ventilatorio, las técnicas no invasivas, que ha sido considerada como una alternativa atractiva a la ventilación mecánica convencional en el tratamiento de pacientes con insuficiencia respiratoria aguda. La sofisticación de los equipos y las máscaras se convirtió en el indiscutible los beneficios del método . Y el enfermero se considera fundamental profesional y tiene a su disposición una amplia gama de estrategias y técnicas que contribuyan no sólo a aumentar la eficacia de la ventilación no invasiva, sino también para reducir los factores de la intolerancia a esta terapia. A esto se llevar a cabo un breve análisis del tema, sobre la base de artículos y una bibliografía seleccionada.
Palabras clave: ventilación no invasiva, cuidados de enfermería, máscaras.

INTRODUÇÃO
Novos avanços nos métodos de assistência ventilatória vêm sendo desenvolvidos, como, por exemplo, as técnicas não invasivas que vêm ampliando as opções terapêuticas em pacientes com insuficiência respiratória aguda. (GONÇALVES e PINTO, 2008).
Para o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica (2007), a ventilação não invasiva, é um método onde não há o emprego de qualquer gênero de prótese traqueal (tubo orotraqueal, nasotraqueal, ou cânula de traqueostomia), reduzindo as complicações associadas à ventilação mecânica invasiva e a permanência dos clientes em unidades de terapia intensiva.
Dessa forma, o objetivo do seguinte artigo é abordar o tratamento dos pacientes sob a ventilação mecânica não invasiva, bem como o papel da assistência de enfermagem, tomando como base artigos e uma literatura selecionada.

METODOLOGIA

O presente artigo trata-se de uma revisão literária, com a obtenção de informações pertinentes ao uso suporte da ventilação mecânica não invasiva. Para a sua execução foi feito um levantamento no período de 15 a 25 de agosto de 2009 de artigos publicados nas mais diversas revistas nacionais e internacionais associadas à Informática em Saúde contidas em bases de dados do SCIELO, da Assistência Ventilatória em UTI, baseado no III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica/2007, HCE – Serviço de Medicina Física e Reabilitação e dissertação.

REFERENCIAL TEÓRICO

A ventilação mecânica não invasiva é uma importante modalidade terapêutica que possui os seguintes objetivos: manutenção das trocas gasosas pulmonares, redução do trabalho respiratório, manutenção dos volumes pulmonares e a redução da dispnéia. O uso do procedimento através da pressão positiva é executado na ausência da via aérea artificial e com o emprego de máscaras faciais ou nasais, têm recebido cada vez mais importância na literatura e na aplicação clínica (GOMBOSKI, 2005).
As indicações são as seguintes: insuficiência respiratória aguda (IRA) e crônica (IRC); edema agudo de pulmão; doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); doença neuromuscular; doenças deformantes do tórax; pós-operatórios de cirurgias tóraco-abdominais; insuficiência respiratória pós-extubação e no desmame; apnéia do sono obstrutiva; pneumonias; hipoventilação pulmonar; e ventilação domiciliar em pacientes crônicos (GOMBOSKI, 2005, FERREIRA e SANTOS, 2008 e GONÇALVES e PINTO, 2008).
O método possui algumas contra-indicações que devem ser observadas, como instabilidade hemodinâmica ou pós-parada cardiorrespiratória, angina instável, hipoxemia, fadiga muscular respiratória, vômitos, agitação psicomotora e síndrome do pânico, instabilidade neurológica com perda do reflexo protetor, redução do nível de consciência, inabilidade de deglutir ou eliminar secreções, toalete brônquica ineficaz, trauma e queimadura de face, má adaptação a máscara, cirurgia de laringe, hemoptise, pneumotórax não-drenado e obstrução fixa de via aérea superior (GOMBOSKI, 2005 e III CONSENSO BRASILEIRO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA, 2007).
Gonçalves e Pinto (2008), dizem que para o emprego da ventilação não invasiva são usados vários tipos de máscaras como a máscara nasal, a máscara facial ou oronasal, a máscara total, o “helmet” ou capacete.
Gonçalves e Pinto (2008) relatam que a máscara nasal é a mais confortável, dando a possibilidade ao paciente a expectoração; no entanto, depende de uma maior colaboração do mesmo que deverá manter a boca fechada para evitar escape de ar e a obtenção da ventilação desejada.
Os autores dizem que a máscara oronasal, também conhecida como facial, é usada em pacientes com insuficiência respiratória aguda, permitindo maior volume corrente e uma rápida correção das trocas gasosas. A máscara facial total tem a vantagem de reduzir o escapamento e além de possibilitar a utilização de maiores pressões inspiratórias. E os capacetes não entram em contato com a face do paciente, evitando a lesão de pele, uma das complicações da ventilação não invasiva.
Tal como afirmam Ferreira e Santos (2008), para a ventilação não invasiva, qualquer ventilador mecânico e modo ventilatório podem ser usados desde que o funcionamento não seja prejudicado pela presença de vazamento. Os ventiladores apropriados para tal tipo de procedimento são caracterizados pela presença de um único circuito, através do ocorrem tanto a inspiração como a expiração. A presença de um orifício situado na porção distal desse circuito para minimizar a reinalação de CO2 durante a inspiração, fazendo com que haja um escape contínuo de ar pelo circuito, com a eliminação de CO2 exalado pelo paciente durante a sua expiração. Por essa razão, os ventiladores apropriados para a ventilação não invasiva foram criados para funcionar na presença de vazamento.
CPAP
Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas é uma forma de ventilador utilizado com freqüência, possibilitando um fluxo contínuo nas vias aéreas, e a pressão positiva será mantida ao final da expiração em todo o ciclo respiratório (FERREIRA e SANTOS, 2008).
PAV
Ventilação assistida proporcional, PAV, é um tipo de suporte ventilatório espontâneo, que funciona de forma sincronizada, de apoio parcial, em que as pressões são geradas pelo ventilador em proporção ao esforço muscular do paciente. Dessa maneira o esforço muscular respiratório do paciente será amplificado sem a necessidade de um ajuste fixo da pressão, fluxo ou volume (FERREIRA e SANTOS, 2008).
Com base a Gomboski (2005) e Ferreira e Santos (2008), existem algumas vantagens na utilização desse método: conforto aos pacientes, evita a intubação traqueal; fácil aplicação e remoção permitindo o uso intermitente; propicia a possibilidade de falar e alimentar oralmente preserva a tosse, a umidificação e o aquecimento do ar inalado. Sua utilização impede as complicações decorrentes do uso da ventilação invasiva através da intubação endotraqueal como lesões ao nível da traquéia e cordas vocais, pneumonia, necessidade de sedação e parada cardíaca.
Além disso, as autoras complementam que a ventilação não invasiva facilita o processo do desmame em clientes que são dependentes da ventilação mecânica invasiva. É efetivo para a redução da necessidade do uso de uma via aérea artificial e o tempo de internação em unidades intensivas.
Entretanto, o procedimento possui algumas desvantagens associadas à necessidade de cooperação dos clientes, fraqueza do músculo orofacial, distensão abdominal e risco de broncoaspiração, reinalação de gás carbônico, redução da capacidade de aspiração das vias aéreas, necessidade de monitoração e vigilância intensiva respiratória (BLANCAS e CATENA, 2004).
Ferreira e Santos (2008), dizem que para a execução efetiva do método, os procedimentos são os seguintes:
- O paciente deverá sentar em um ângulo superior a 30º em relação ao plano horizontal;
- Escolher o tipo de máscara confortável ao paciente e sua fixação;
- Explicar ao paciente a técnica e as vantagens;
- Selecionar o ventilador ideal, colocar a fixação e a interface; evitar tensão excessiva da fixação; encorajar o paciente a tolerar a máscara;
- Observar o nível do ajuste da máscara;
- Efetuar a conexão da interface no circuito do ventilador;
- Aumentar aos poucos com a pressão inspiratória ou volume conforme a tolerância do paciente para obter alívio da dispnéia;
- Instituir oxigênio suplementar, se necessário, para obter saturação periférica de oxigênio maior que 90%;
- Certificar se não há escape; reajustar a fixação, se necessário;
- Adicionar umidificação;
- Conferir os alarmes.
- Orientar o paciente a checar e realizar os ajustes necessários;
- Reavaliação constante na primeira hora.
Gomboski (2005) afirma que é indispensável a monitoração da saturação do oxigênio (SaO2) e a adição do oxigênio para manutenção dos níveis de saturação entre 85-90%, por, pelo menos, 24 horas consecutivas. O sucesso do tratamento e a recuperação do paciente são os fatores mais imprescindíveis que determinarão o momento ideal para a retirada da terapia com segurança.
Como intervenções de enfermagem o Protocolo do Paciente com Ventilação Mecânica não invasiva (2005), diz que antes de realizar o procedimento deverá ter os seguintes cuidados:
- Promoção da correta nutrição e hidratação do paciente durante o uso prolongado com a ventilação não invasiva;
- Explicar ao paciente os cuidados para favorecer sua melhor adaptação ao respirador;
- Proporcionar o maior bem estar e conforto possível do paciente;
- Facilitar a informação e apoio aos familiares;
- Preparar o paciente de acordo as indicações do procedimento;
- Inspecionar a via aérea para descartar obstáculos;
- Preparar o material necessário conforme o procedimento;
- Atentar para as lesões na pele, pelo uso da máscara facial;
- Acompanhamento do padrão respiratório e da oximetria de pulso;
O Protocolo do Paciente com Ventilação Mecânica não Invasiva (2005) ainda complementa que durante a realização do procedimento alguns aspectos são fundamentais para o êxito do tratamento:
A. Segurança:
- Estabelecer uma vigilância contínua do paciente;
- Avaliar o estado de consciência e orientação;
- Avaliar o estado psicológico;
- Controlar os sinais vitais, monitoria da oximetria e função respiratória.
B. Higiene:
- Proporcionar uma adequada higiene do paciente, com banho diário e pele hidratada;
- Observar a integridade da pele e mucosas;
- Mudar os pontos de apoio da máscara para evitar a pressão cutânea contínua;
- Ministrar uma dieta adequada segundo a prescrição médica.
- Trocar os filtros a cada 24h;
- Manter a higiene adequada do sistema;
- Manutenção do material.
- Verificar o procedimento de desinfecção e esterilização do equipamento utilizado.
C. Registros
- Data e horário do procedimento, modelo e tamanho da máscara utilizada; cuidados de enfermagem e intervenções e evolução de enfermagem.
Na concepção de Ferreira e Santos (2008), Blancas e Catena (2004), Gonçalves e Pinto (2008) são algumas complicações do uso da ventilação não invasiva: fugas e deslocamento da máscara, asfixia pela perda do fluxo ou desconexão do circuito, necrose facial, distensão abdominal (aerofagia), aspiração do conteúdo gástrico, hipoxemia transitória, ressecamento nasal, oral e de conjuntiva e retenção de secreções.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente revisão de literatura teve o objetivo de mostrar que a ventilação mecânica não invasiva como um marco no avanço ao longo dos tempos no tratamento nas mais variadas enfermidades que implicam a falência ventilatória e uma suma importância para evolução das patologias respiratórias proporcionando ao cliente a qualidade de vida.
Contudo o sucesso da terapia de insuficiência respiratória depende de uma equipe treinada e experiente. O enfermeiro é considerado um profissional fundamental e tem ao seu alcance uma gama de estratégias e técnicas que contribuem não somente para o aumento da eficácia da ventilação não invasiva, como também para a redução dos fatores de intolerância a esta terapêutica.

REFERÊNCIAS

BLANCAS, I.L.; CATENA, M.T.S. Planificación de cuidados de enfermería en el paciente con fallo respiratorio agudo sometido a ventilación mecánica no invasiva. Línea de Urgencias y Críticos del Hospital de Montilla,2004.
Disponível:http://www.enfermeriadeurgencias.com/ciber/PRIMERA_EPOCA/2008/febrero/planificacioncuidados.pdf Acesso: 19/08/09

FERREIRA, H.C.; SANTOS; F.B. Aspectos Gerais da Ventilação não invasiva. Revista Científica do HCE - Ano III • Nº 02, 2008.
Disponível: http://www.hce.eb.mil.br/rev/rev2008/aspectosgerais.pdf Acesso: 20/08/09.

GOMBOSKI, S.M.. Utilização de Ventilação Mecânica Invasiva e não invasiva em unidade de terapia intensiva. Dissertação de Mestrado apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre em Clínica Médica e Ciências da Saúde. Porto Alegre, 2005.
Disponível: www.cipedya.com/web/FileDownload.aspx?IDFile=166527 Acesso: 19/08/09.

GONÇALVES, M. R.; PINTO, T.Ventilação Mecânica Não Invasiva: Novos horizontes para a intervenção da fisioterapia. EssFisiOnline, vol. 4, nº 2. Revisão da Literatura. Abril/2008.
Disponível: http://www.ess.ips.pt/EssFisiOnline/vol4n2/revisao_VMNI.htm Acesso: 19/08/09

Protocolo paciente con ventilación mecánica Protocolo General. Atención al paciente con ventilación mecánica no invasiva.. Comunidad de Madrid, diciembre, 2005 Pág. 3 de 5.
Disponível: http://www.madrid.org/cs/Satellite?blobcol=urldata&blobheader=application%2Fpdf&blobheadername1=ContentDisposition&blobheadervalue1=filename%3Dprt_AtencionPacienteconVentilacionMecanicaNoInvasiva.pdf&blobkey=id&blobtable=MungoBlobs&blobwhere=1202756185701&ssbinary=true Acesso: 17/08/09.

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e Associação de Medicina Intensiva Brasileira. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. J Pneumol 26(Supl 2), 2007. Disponível:http://www.santacasago.org.br/fisioterapia/arquivos/Consenso%20Ventilacao%20Mecanica.doc Acesso: 19/08/09.