Parto, se Deus quiser e continuar me dando saúde, para a minha 16ª votação, em meus 50 anos de vida. Assim como todos brasileiros de minha idade, só pude começar votar a partir de 1982, portanto aos 20 anos, quando eu iniciava minha vida universitária, privilégio permitido a poucos naquela época e concretizado a duras penas. Mas, desde criança, o ato de votar ficou marcado em minha vida. Morando em Campinas, lembro, nos anos da Ditadura Militar, quando havia dois partidos (o do governo e o da oposição) e só era permitido votar em vereador, deputados e prefeito, já que governadores e presidente eram escolhidos pelos militares, do ritual que meu pai fazia para ir votar, que incluía até vestir-se com o melhor terno. Ele dizia que fazia aquilo desde quando nem eu ou meus irmãos éramos nascidos e ele morava, como nossa mãe, nos estados de Pernambuco e da Paraíba, no Nordeste. Ao crescer, minhas convicções políticas divergiram de posicionamentos de meu pai, mas diferente do restante do país dos generais, pelo menos em casa havia diálogo e todos acabavam com suas opiniões ouvidas e, se não todas acatadas, pelo menos respeitadas. Votar, em 82, pela primeira vez para prefeito, vereador e governador e depois, em 89, para presidente, posso dizer terem sido emoções sem iguais. Eram, aos meus 20 e 27 anos, realizações que, no caso de presidente, nós brasileiros não tínhamos desde o Golpe de 64. Por isso, para mim, Eleição não é obrigação, mas direito sagrado de exercer democracia, objetivo pelo qual tanto lutamos. Devemos escolher com critério nossos representantes, sempre com objetivo de acertar. E nesta jornada, vamos exercer nosso direito para manter sempre acessa a chama de que a esperança sempre vencerá qualquer medo.