VELOCIDADE
Publicado em 09 de dezembro de 2009 por Henrique Araújo
VELOCIDADE
Palmiro era o homem mais atarefado do mundo. Jamais tinha tempo de sobra. Morava afastado do centro da cidade, mas o carro estava ali mesmo para qualquer eventualidade.
Certa vez recebeu um chamado telefônico dizendo que ele teria que ir ao banco com uma certa urgência.
Rapidamente ele pegou o carro e logo estava em alta velocidade no amplo asfalto. Passou pelo guarda, foi multado, que importava? O carro pertencia à firma, fez uma curva em duas rodas. Ele corria, corria e a distância ia sendo vencida.
Ao virar outra curva, já na cidade, chocou-se horrivelmente com um outro carro e ali tudo se apagou para Palmiro.
Para ele não foi nada. Continuou correndo desesperadamente e por uma estrada larga e bonita. Interessante, ele já tinha passado pela cidade e agora aquela estrada...Viu ao longe um portão e ao lado deste um guarda de barbas compridas. Ele deu sinal para que o guarda abrisse o portão, mas o guarda não se mexeu. Ele parou o carro e foi abrir o portão quando o senhor exclamou:
- Onde pensa que vai?
- Abrir o portão.
- Não é preciso.
- Mas eu tenho que tratar de um negócio urgentemente.
- Tinha moço. Agora você precisa tratar de outro negócio. Este é o portão que dá entrada ao outro mundo. Você é um espírito e seu corpo está na terra.
Só então o homem percebeu que seu corpo não tinha mais vida e permanecia entre os destroços do carro.
Palmiro voltou, entrou e sentou em seu carro. Como ocorrera aquela mudança e nem percebeu? Fez mentalmente muitas perguntas e foi esmorecendo todo o corpo. Acabou perdendo o sentido e dormiu profundamente. Era o sono final da vida material.