Nomes sugestivos, fachadas, atividades, encontros, congressos, palestras, figuras, oradores nobres, viagens, danças, baterias, vídeos, lanchonetes, vendas de livros, CDs, camisetas, vasos floridos, gritos, uivos, nariz de palhaço, boletins, reuniões festivas, homenagens... MAS NÃO VEJO O ESSENCIAL.

    O dia a dia, continuísmo, mesmices, o saber o que acontecerá numa reunião denominada culto, o falar à assistência e não a Deus, o não exalta-Lo, trato dos problemas humanos, busca de soluções para crises, doenças, desarranjo matrimonial, núpcias, namoro... MAS NÃO VEJO O ESSENCIAL.

    Letras de cânticos que ferem os escritos bíblicos, ao vernáculo, sem pontuação, sem rima, sem concatenação de sentidos, sem inspiração, apenas para o gingado do corpo... MAS NÃO VEJO O ESSENCIAL.

    Propaganda de astros e estrelas da música gospel, venda de ingressos para seus shows, entrevistas em rádios, cartazes de viagens turísticas em murais, panfletos propagando locais para retiro, balancetes, escalas, internet, antiga sala de oração agora sala de tv...MAS NÃO VEJO O ESSENCIAL.

    Eu, domingo após domingo, grudado ao banco, sabendo o que irá acontecer, sem estímulo, sem vontade de bater palmas, preso ao tradicionalismo, às músicas de conteúdo de uma Sarah P. Kaley e outros; não me declinando em adotar a modernidade por não fazer meu gênero; não conseguindo encontrar substância nos sermões; estes não dirigidos a Deus em um culto de adoração mas, sim, ao e do homem...afinal, Deus não precisa de sermões...MAS NÃO VEJO O ESSENCIAL.

    Oradores de fora, chamado a pregar para quem está cansado de ouvir a mesma coisa por décadas e mais décadas, com passagem paga, de avião, de carro, não de ônibus; despesas com conjunto iguais aos mesmo encontrados no recinto hospedante, o não sair a campo visando levar a mensagem de salvação aos perdidos...MAS NÃO VEJO O ESSENCIAL!

    Divisões, subdivisões, "rachas", formação de novas greis com os dissidentes; alguns deles voltando após algum tempo; não havendo reconciliação entre as duas alas, sem o perdão, sem acerto, sem o ajuste...MAS NÃO VEJO O ESSENCIAL!

    O "foi uma bênção", sem resultado prático para o reino, mas que atendeu à demanda; microfones, risos, piadinhas, bibliotecas empoeiradas, celulares no recinto, figurinhas, botões, touch screen, conversa alta parecendo mercado de peixes, cumprimentos por desencargo de consciência, o faz de conta...MAS NÃO VEJO O ESSENCIAL!

    Um coral que teima em prosseguir, apesar de sua finalidade, com deficiência de número, de interesse, falta de gosto por parte da nova geração, alguns já velhos, deficientes no apanhar os acordes, atrasos aos ensaios, outras coisas no lugar...MAS NÃO VEJO O ESSENCIAL!

    Escola dominical, assistência reduzida, os mesmos domingo após domingo, velhos, meia idade, ausência de crianças, os poucos presentes tomando lugares nos fundos, o professor com a mesinha no meio do templo, ,vir à frente nem matando, desinteresse no aprendizado, lições que tratam dos problemas e relações humanas, sem  trato com o conteúdo bíblico, mas domingo à noite recinto lotado, palmas balanços...MAS NÃO VEJO O ESSENCIAL!

    Sim, tudo isso vejo menos o ESSENCIAL!

    Mas... o que seria o ESSENCIAL que não vejo? O que muitos iguais a mim não veem?

    Você - em particular - o que não vê? Poderia me dizer?

    Como? Cego eu que nada vejo? Se vi tudo isso, MAS NÃO VI O ESSENCIAL, como posso estar cego?

    O ESSENCIAL, o que seria então? 

    ? ? ? ?  

    Você que não viu NADA, não pode dizer coisa alguma, nada sobre o  que seja ESSENCIAL numa comunidade!  A vida espiritual meu caro! Esta ausente, porque as comunidades transformaram-se em meros clubes, onde o social predomina, no qual o faz de conta que se é cristão ganhou vulto tamanho, que o homem é, se a menor sombra de dúvida, o centro de tudo que é realizado nas greis. Esta, por sinal, tomando o lugar da verdadeira igreja, aquela que fazia converter mais de três mil pessoas e... anos a fio “acrescentando os que iam sendo salvos”. Agora o não sair das quatro paredes, não a atenção à essência do evangelho, mas total dedicação a continuar como está para ver como é que fica.

   Ausência, sim, dos preceitos divinos, da obediência aos ensinos do Mestre, não ao que ele mandou: “vós sereis meus amigos se fizerdes o que vos mando”. Não, não é feito o que ele mandou e sim o que o homem acha que é correto. Pastores de gabinete, ar condicionado, internet, bons administradores do patrimônio eclesial e, sobretudo, com altos rendimentos, casa, telefone, água, luz...tudo de graça, às expensas do cofre da comunidade.

  Por outro lado, a grei majoritária, aquela que tomou as rédeas do cristianismo a partir dos séculos subsequentes ao primeiro, com seus cultos aos seres, ladainhas, fugas do cerne da mensagem de Cristo, medianeiras acrescidas à corrente da intercessão, com milhares de figuras que tomam o lugar do Criador nos atos apelativos, nos louvores e agradecimentos. Em seu seio os três poderes que determinam tudo! Politico, material e religioso, o comando que fez, e faz, ser a maior organização em posses no Ocidente e...ate no Oriente. Sem a essência espiritual, um faz de conta que é a igreja de Cristo, não obstante remar em duas canoas: a do poder material/religiosos e político, com um portento estadista, um verdadeiro chute no “meu reino não é deste mundo”. Um estado, organizações financeiras, hotéis, turismo que auferem altos rendimentos, uma sé a fazer inveja aos domínios de Salomão.

  Não mesmo à essência cristã, não mesmo ao fator espiritual que capenga e perde viço à medida em que os séculos se sucedem. Ficou, sim ficou nas cercanias da Palestina do primeiro século, quando os líderes davam suas vida por amor ao evangelho. Paulo que o diga! Depois, com o passar dos anos, a miscigenação, o casamento promíscuo com fatores pagãos e material, depois os “rachas” começado com o Cisma do Oriente, quando o a sede do domínio pelo poder eclesial tomou as rédeas da condução. Dai pela frente não mais parou a insanidade das divisões. Milhares delas, grupelhos ostentando-se a Igreja de Cristo, mas que nos seus seios o caráter segregacionista domina em alta escala.

  Não, não vi e não vejo nada do “negar a sim mesmo”! O “tomar sua cruz” e seguir os ditames de quem os ordenou. O que vejo são os interesses pelo vil metal, pelo poder material, pelo “bem estar bem” e pelos atrativos das posses, com parladores a pregar a plenos pulmões que suas greis auferem conforto, posses aos quem delas se aproximam. Tudo a peso de objetos místicos, altas somas do poder de Midas, assim como de um deus que “é obrigado a dar prosperidade à criatura por ele criada.

  Se o que hoje vejo é realmente ser igreja, então rasguemos incólumes as paginas daquele livro, que deveria ser o manual por excelência na condução de um povo que se autodenomina cristão.