“Panicat” é a versão contemporânea da “Chacrete”. Que, por sua vez, a evolução da “vedete” era. Da dançarina que saiu do “teatro de revista” para se apresentar na TV; inicialmente, no “Cassino do Chacrinha” e no “Pânico na Band”, posteriormente.

            Pois o sedentarismo é um dos efeitos colaterais do progresso. Já que, com o advento da televisão, não mais se precisou sair de casa para buscar um determinado tipo de entretenimento.

            Somando-se a isso o aumento da expectativa de vida. O que, consequentemente, retardou o amadurecimento dos jovens. De um contingente que passa boa parte de seu tempo cultivando pensamentos desconexos sobre sexo.

            Ou seja, criando o cenário certo para que a Panicat seja o resultado de uma revitalização orgânica do passado.

            Pelo menos, como parte de um aspecto superficial do burlesco – ou a vertente menos intelectual do teatro de revista –: que é o humor físico e a exploração da libertinagem.

            Assim, em sua carreira, Carol Narizinho passou por vários veículos de comunicação, até se estabilizar em um patamar em que seu sex appeal fosse devidamente valorizado. Dado que o Pânico na Band é um programa que se sustenta sobre o talento de seus humoristas e a verve calipígia de suas vedetes.

            E por isso, com o rotineiro fraquejar de seu corpo cômico, o Pânico se apoiou sobre o corpo de suas vedetes. Das quais, Carol se destacou.

            Porém, não foi esse sucesso que a levou a debutar nas páginas da Playboy de março de 2013. Ora que, na edição de julho de 2011, na seção das Coelhinhas, como Carolina Gonsalves, pela primeira vez, ela apareceu. Sendo, então, eleita como a mais gostosa do mês. E, ao término do ano, se sagrando como a “lagomorfa mor”.

            Tal qual se deu com os fotógrafos Jaime Pilnik e Renan Rêgo. Que já haviam comprovado a eficácia de sua parceria ao se incumbirem, em uma edição nacional da revista, do ensaio fotográfico de Mari Paraíba. De onde extraíram e, depois, reproduziram a fórmula no ensaio de Carol. Uma fórmula que se caracteriza por evitar afetações.

            Afetações que ficaram ao encargo da linha editorial da publicação.

            Visto que quem, de acordo com a proposta interativa da mesma, se aventura a procurar a silhueta do coelho, que é esconda em algum lugar da foto que ilustra a capa, não encontrará os mamilos de Carol. Sim, não verá os mamilos que, com certeza, ela pinçava com os dedos, antes de passar pelo photoshop.

            Ademais, se um infeliz “factoide” mutilou a moça, por um lado, pelo outro, a qualidade das fotografias amenizaram o fiasco.

            Posto que elas revelam a tranquilidade de uma mulher que não precisa de uma calcinha para ser feliz. E, sem reservas, mostram uma genitália totalmente depilada. Que confere personalidade a um corpo lapidado por curvas e coberto por pintas. Pintas, aliás, que inspiram o mais malicioso a perguntar: “Onde mais?”

            Sendo que essa pergunta se justifica no correr de uma breve entrevista. Onde se comprova que o caráter de uma pessoa é definido em seu momento de dúvida, de contradição ou de um mero mal-entendido.

            Como quando ela é inquirida sobre suas incursões sexuais. E diz que, na alcova, se “transforma”. O que, ao ser, em seguida, questionada sobre suas restrições, ela esclarece ao dizer que dispensa o “sadomasoquismo” e os “50 Tons de Cinza”. 

Mateus Duarte

Autor de A Quadrilha das Misses Assassinas