Vamos pegar o telefone e ligar para aquela pessoa que sempre nos desprezou, que nos abandonou no momento que mais precisamos, que esqueceu de nós nos momentos mais vulneráveis de nossas vidas, mas que mesmo assim sempre fomos perdidamente apaixonados?

Vamos rever aquela fita dos nossos piores momentos, aquela mesma que sempre nos deprime e nos puxa para baixo que, pateticamente nos mostra o quanto fomos imaturos e ridículos para pagar aqueles micos?

Vamos repetir os mesmos erros que consagraram nossa baixa-estima, que nos levaram, sempre, para um labirinto de dor e sofrimento e nos garantiram uma verdadeira perda de tempo em nossa vida, sendo mais improdutivo que estar sob um coma profundo?

Vamos trilhar aquele mesmo caminho cheio de pedras e buracos tão fundos que parecem não ter fim e de galhos espinhentos que impossíveis de fugir?

Vamos dar mais uma chance para o azar, pra ver se desta vez ele não nos surpreende e resolve se transformar em sorte?

Vamos mais uma vez acreditar que desta vez será diferente, pois o pior já passou e ninguém pode ser tão cruel conosco mais de uma vez?

Vamos nos levantar e carregar a certeza de que não nascemos para sofrer e que Deus deve ter algo especial guardado para nós?

Vamos mais uma vez dar uma chance para aquele que só nos procura quando precisa e nunca nos dá uma mínima força quando mais precisamos?

Vamos só uma vez mais tentar ser feliz com aquelas velhas regras estabelecidas que, obrigatoriamente devem ser cumpridas, embora sejam matematicamente provadas que não levam à felicidade?

Vamos folhear aquele velho álbum de desgraças e sofrimentos que sempre que o abrimos, somos levados a um mundo de lembranças tristes e desesperadoras?

A escolha sempre vai ser nossa, aqui e agora.

Nós é que vamos decidir o que queremos para as nossas vidas.

As portas que vamos abrir, os livros que vamos folhear, as escolhas que vamos ter.

O convite para o sofrimento está sempre ali, em cima da mesa, esperando que o peguemos e participemos da grande celebração das nossas tristezas.

Ainda é melhor dançar sozinho e ficar do lado de fora desse encontro programado para garantir a nossa infelicidade.

Um brinde a nós que recusamos o convite!

Sérgio Lisboa.