Valores éticos para a profissão docente

Lucélia Ribeiro[1]

"Somos irremediavelmente produto dos infinitos discursos que nos atravessam e constituem."

Alfredo José Veiga

Antes de iniciarmos falar em Ética, vamos conceber quem é o educador, que nos coloca frente a tecer discussões sobre ética. Muitos são os conceitos para o educador, objetivando-nos conhecer e compreendemos melhor esse termo tão difundido e alargado no meio educacional.

Segundo a determinação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, a Ética é responsabilidade de todos os professores e constitui um dos temas transversais que devem perpassar todos os conteúdos de ensino em uma escola, em todos os níveis

Por isso a ética é retratada com significativos especiais para a vivência no mundo globalizado em seus múltiplos aspectos, em meio a abalos e desordens, que desobedecem à ética, sendo esta atingida a cada dia numa enorme "desordem moral", como diz MacIntyre (1984), pois percebemos em meio a crises diárias que esta perdeu seu real significativo, perdendo seu lugar para valores até então desconhecidos, porem valorizados pelos seres humanos.

Perante esta constatação é imprescindível que busquemos compreender verdadeiramente qual o papel do Educador nesta sociedade e como sua formação ética é importante para a construção de novos valores numa sociedade, digamos assim com seus aspectos éticos significativamente abalados, inclusive por crises constantes na educação. É necessário, pois que a formação do educador seja uma preocupação constante nas discussões educacionais. Pensando na formação do educador, alertamos que esta não é particular do professor, mas é visivelmente observada na vida do ser humano no contexto geral.

Vendo por esse lado, observamos que o homem vem se afirmando pela evolução dos tempos em seus conhecimentos técnicos e científicos, que o faz se afastar cada vez mais das questões éticas, consolidando-se numa crise existencial que o coloca a subjugar e desrespeitar esse valor tão questionável e essencial na profissionalização do ser humano em todas as áreas, não só na educação.

Consolidando por todos os contextos podemos conceituar Ética como uma área do saber à qual corresponde o estudo dos juízos de valor referentes à conduta humana, seja tomando por referência as regras de conduta vigentes numa determinada sociedade ou tomada de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar. Assim, a Ética pode ser entendida como relativa à moralidade, como avaliação dos costumes, deveres e modos de proceder dos homens para com os seus semelhantes.

Entendemos que o homem não nasce ético, mas reconhecemos que sua estruturação ética vai acontecendo juntamente com seu desenvolvimento. É neste momento de formação de um futuro profissional, que devemos ter a consciência do tipo de didática e metodologia a serem norteadoras de cada conteúdo, respeitando o universo do aluno, sua realidade e aplicabilidade.

Voltemos à concepção do educador, conceituando-o como um ser humano voltado para a execução de ações interventivas e que vive diariamente o exercício da cidadania, a prática, a ética e a busca incessante para a construção de valores necessários para a relação o eu com o outro, e que de suas ações dependem as do educando.

Esta definição fica claramente posicionada, alertando que o educador está presente por conta do educando, confirmando que o mesmo também se encontra nos seus espaços formativos, e por isso se faz necessário que as formações do educador estejam centradas em função das necessidades do educando.

É válido lembrar que o docente tem um papel de fundamental importância na formação de cidadãos críticos e reflexivos, exercendo um papel competente e ético, aliando a criatividade, reflexão, coragem, e entender que fazer não se constitui no todo, mas querer fazer é acreditar em si mesmo e afirmar sobre suas reflexões que é possível realizar significativas mudanças.

Ainda segundo Lins (1999),

É preciso que se volte à razão, não de forma absoluta, mas na medida em que esta possibilita a reflexão crítica e venha a estabelecer a ética/moral, tanto na vida individual como social, para que os seres humanos, vivendo moralmente, encontrem a felicidade para a qual foram feitos, principalmente a partir da consciência da dependência dos seres humanos pela ética.

A docência, entre as diversas funções específicas do educador deve ter a certeza da tomada de conhecimentos no meio de suas competências e habilidades e estas devem ser seguidas por uma educação que busque na aquisição de conhecimentos e, por conseguinte acompanhadas por uma educação pautada nos valores sócios culturais acontecendo o verdadeiro sentido da responsabilidade social, e assim afirmando que os profissionais reconheçam seu desejo, liberdade e determinação, eixos importantes para que aconteça o reconhecimento profissional/docente sobre suas relações éticas no desenvolvimento de suas habilidades como educador.

Pressupondo todas essas reflexões que se constituíram um momento impar e que vem mostrar a habilitação do educando em atuar profissionalmente no mercado de trabalho com autonomia e assim influenciar sobre a realidade numa perspectiva de mudanças a partir da visão critica da realidade, enfatizando que outros fatores interferem no despertar do graduando frente as suas análises sobre a cultura, e as políticas da organização escolar.

O entendimento e funcionamento do ensino e da aprendizagem como serem comprometidos com mudanças e transformações, participando ativamente das práticas pedagógicas curriculares e ao ingressarmos profissionalmente no processo educativo realizar nossas atividades docentes com direção e autonomia, assim como prezar pela ética profissional.

Nessa corrente de ajustes, é certo afirmar que a Ética profissional consolida-se em orientações dos comportamentos humanos dentro de sua posição pessoal e profissional, servindo de estimulo e parâmetros para que os profissionais ampliem sua capacidade de pensar, analisando mais claramente seu papel e executando ações eficazes perante a sociedade.


REFERÊNCIAS

BRASIL. Diretrizes Curriculares dos Cursos de História. MEC – Secretaria de Educação Superior: Departamento de Políticas do Ensino Superior, Brasília, 1999

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 8ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1998.

LIBÂNEO, José C. Formação de Professores e Nova Qualidade Educacional - Apontamentos Para Um Balanço Crítico. Educativa - Rev. Dep.Educação UCG, Goiânia - GO, v. 3, p. 43-70, 2000

PRESTES, Maria Luci de Mesquita. A Pesquisa e a Construção do Conhecimento Cientifico: do planejamento aos textos, da escola à academia. 3ª ed., São Paulo: Rêspel, 2005.



[1] Lucélia Ribeiro – Professora Titulada do Município de Juazeiro-Ba. Graduada em letras:Português/Inglês. Cursando Pós-Graduação em Psicopedagogia Clinica e Institucional