Utilizando contos como ferramenta auxiliar nas metodologias de
ensino.

Resumo:

A utilização de contos como ferramenta auxiliar nas metodologias de ensino pretende propiciar aos alunos do curso para jovens e adultos metodologia próxima às suas realidades. Muitos alunos que compõem o Ensino para Jovens e Adultos, muitas vezes, se sentem desmotivados aos estudos, pois outrora podem não ter conseguido aprender, causando assim a sensação de que eram “burros” ou que “não levam jeito para os estudos”. O que não é verdade. A utilização de contos em sala de aula poderá agregar novos saberes, pois a partir dos contos será possível assimilar os vários conhecimentos pertinentes com as bases tecnológicas; pode-se utilizar a interpretação, atenção, memória, assimilação, motivação, enfim, muitas são as possibilidades de aprendizagem a partir de contos, para tanto o professor deve estar atento ao aluno como um ser intelectual e afetivo. “O afeto deveria ser a primeira matéria a ser ministrada na escola e a paciência sua guardiã”. (CUNHA, 2008). Não é possível garantir que a utilização de contos irá atender a eficácia no processo ensino-aprendizagem, mas bem provável que trará a sensação de amizade aos alunos e aos professores que adotarem este método. Será preciso pesquisar com mais afinco esta metodologia, pois, poderá produzir melhoras significativas no desenvolvimento da aprendizagem para estes alunos. A utilização de contos para crianças é sem dúvida fundamental já a utilização de contos para jovens requer maiores estudos.

 

Introdução:

 

Propiciar aos alunos do curso para jovens e adultos uma metodologia próxima às suas realidades. Considerando o público de alunos do curso para jovens e adultos, é pertinente utilizar metodologias de ensino que propiciem uma linguagem acessível á suas vivências, portanto, a utilização de contos poderá ser uma linguagem adequada na utilização de metodologia de ensino, pois os “casos” que estes alunos escutam em seu meio familiar, muitas vezes conhecidos como “causos” são muitas vezes a maneira que seus pais os ensinam a vida de acordo com suas crenças e valores, e no qual na presente pesquisa passará a utilizada como “contos”.

(...) é ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a ansiedade, a tranquilidade, e tantas outras mais, e ver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve . (Abramovich, 2001)

 Sabe-se que o conto é uma forma muito antiga de narração, de contar e ouvir histórias. Sua origem se perde no tempo. Por conseguinte, não se pode determinar e demonstrar sua origem exata. Ele nasceu do povo e foi feito para ele (CARVALHO, 1987).

Determinar claramente a identidade de um curso de EJA pressupõe um olhar diferenciado para seu público acolhendo de fato seus conhecimentos, interesses e necessidades de aprendizagem. Pressupõe também a formulação de propostas flexíveis e adaptáveis às diferentes realidades, contemplando temas como cultura e sua diversidade, relações sociais, necessidades dos alunos e da comunidade, meio ambiente, cidadania, trabalho e exercício da autonomia. (MEC, 2002:80)

Sabe-se que os alunos que compõem o Ensino para Jovens e Adultos muitas vezes se sentem desmotivados aos estudos, pois outrora podem não ter conseguido aprender, causando assim a sensação de que eram “burros” ou que “não levam jeito para os estudos”. O que não é verdade, muitos podem ter sido o motivo da interrupção dos estudos, entre eles a sensação de não conseguir aprender.

Segundo Pianta, em uma entrevista para Folha de São Paulo :

“mesmo quando a criança é nova demais para ter um histórico, outros preconceitos do professor se manifestam. Alguns acham que meninas têm dificuldade em matemática, por isso exigem menos delas nessa disciplina. Outros acham que filhos de pais divorciados se saem pior. Somos todos cheios de preconceitos e não fazemos por mal, só precisamos tomar atitudes para impedir que esses preconceitos envenenem o desempenho da classe.”

Independente dos motivos que fizeram com que os alunos tenham desistido dos estudos em outros momentos há a necessidade de trazer para as salas de aulas do curso de Jovens e Adultos linguagens que atendem as suas necessidades, pois, depois de anos sem estudar, eles, ou muito deles, retornam para este grupo de estudos.

Há indicadores claros de que o Ensino Médio não é atrativo, em dois sentidos: na maneira como é ministrado pela escola e como forma de conseguir lugar no mercado de trabalho. O ensino é burocratizado, não entusiasma e não oferece perspectivas para a vida prática — afirma Fernando Becker, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Cabe aos docentes utilizar metodologias que “capturem” esses alunos, portanto, a proposta nesta pesquisa é a utilização de contos na perspectiva de um aprendizado agradável e confortável do qual o educando sinta-se seguro com o processo de aprendizagem.

[...] a afetividade pode ser conceituada como todo o domínio das emoções, dos sentimentos das emoções, das experiências sensíveis e, principalmente, da capacidade de entrar em contato com sensações, referindo-se às vivências dos indivíduos e às formas de expressão mais complexas e essencialmente humanas. (BERCHT, 2001)

Professor deve estar atento ao aluno como um ser intelectual e afetivo, pois, reconhecer e identificar a importância da relação afeto e aprendizagem na prática pedagógica é sem dúvida uma competência fundamental na prática docente para garantir a eficácia da aprendizagem. Wallon (1968) argumenta que a afetividade é o mais forte vínculo entre os indivíduos, enquanto base do processo educacional, e está voltado para a formação total do ser humano, enfatizando que os professores devem repensar a prática escolar dando maior valor à dimensão afetiva no processo ensino-aprendizagem.

Desenvolvimento

 

A utilização de contos em sala de aula para educação de jovens e adultos poderá agregar novos saberes, pois a partir de contos é possível assimilar á vários conhecimentos pertinentes com as bases tecnológicas. Pode-se utilizar a interpretação, atenção, memória, assimilação, motivação, enfim, muitas são as possibilidades de aprendizagem a partir de contos, lembrando que não necessariamente apenas a utilização de contos de fadas, e sim contos diversos, contos populares, etc.

De forma a encantar os alunos, o professor escolhe um conto que mais se aproxime da necessidade da sala, faz a leitura com entonação, ou apresenta em slaid, após conta-lo o professor traz para os alunos questões para reflexão, pedido inclusive que os alunos escrevam sobre o que gostaram e o que não gostaram no conto. Em outros momentos será possível pedir que cada aluno traga um conto que ouviu na infância, cada aluno conta o conto, explica a moral deste conto, o significado deste conto ao longo de sua vida; assim todos alunos contarão contos e ouvirão contos, podendo ser todos utilizados para aprendizado. O professor deverá acompanhar a evolução desta atividade e assim trazendo outros contos que interajam com as disciplinas.

Barcellos e Neves (1995) afirmam que, além da atividade educativa, a história ajuda a criança a desenvolver seu intelecto, sua realidade, vocabulário e inúmeras outras competências.

Ao apresentar um conto, seja ele lido pelo próprio professor ou apresentado por sleid, ou vídeo, pode-se observar que há uma transferência de emoções dos personagens e os que os ouvem ou assistem, pois de alguma forma as histórias retratam as mesmas representações familiares, confusões e conflitos enfrentados pelos que a assistem, ou escutam os contos; vemos então uma identificação entre os personagens e os alunos.

O indivíduo pode diminuir ou evitar a angústia identificando-se com outras pessoas ou grupos, de forma a se proteger. Por exemplo, uma pessoa que sofreu um recente fracasso pode identificar-se com o triunfo de outras, como se aquele triunfo também fosse dela. A maior parte das identificações ocorre no mundo da fantasia, temos como exemplo a criança que se identifica com seu herói favorito, a moça que se identifica com a “mocinha” da novela etc. (Sigmund Freud, 1929).

 

Considerações Finais

 

Muito é sabido que os contos de fadas são essenciais no desenvolvimento cognitivo e afetivo das crianças nos primeiros anos escolares, então a proposta é fazer com que os contos sejam contados nas salas de aulas para Jovens e Adultos, com o devido cuidado de trazer contos mais atuais as realidades deste público, entretanto sem esquecer da importância que o conto faz com quem os escuta: Aprender, interagir, sensibilizar, emocionar e desenvolver o afeto. “O afeto deveria ser a primeira matéria a ser ministrada na escola e a paciência sua guardiã”. (CUNHA, 2008). Não é possível garantir que a utilização de contos irá atender a eficácia no processo ensino-aprendizagem, mas bem provável que trará a sensação de amizade aos alunos e aos professores que adotarem este método, lembrando que é de extrema importância a sensação de se sentir acolhido e os contos poderá proporcionar esta sensação a priori, mais adiante estudando com mais afinco esta metodologia, poderá talvez produzir melhoras significativas no desenvolvimento da aprendizagem para estes alunos. A utilização de contos para crianças é sem dúvida fundamental já a utilização de contos para jovens requer maiores estudos.

Referências:

 

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 2001.

Alunos desistem de estudar por causa de modelo do Ensino Médio, por Itamar Melo em 25/09/2012 http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2012/09/alunos-desistem-de-estudar-por-causa-de-modelo-do-ensino-medio-diz-especialista-3896650.html

CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. A literatura infantil: visão

histórica e crítica. 5.ed. São Paulo: Global, 1987.

CUNHA, Eugênio. Afeto e aprendizagem: amorosidade e saber na prática

pedagógica. Rio de Janeiro: Wak Ed. 2008.

Pianta, Robert C., Entrevista para o Jornal Folha de São Paulo http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/70930-a-crenca-que-vira-sentenca.shtml

WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edição 70, 1968