DUARTE NETO, Grigorio[RS1]  [1]

SALGADO, Rita de Cassia Falleiro [2]

 



[1] Pedagogo pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico com ênfase em Supervisão e Orientação Educacional pela Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER. Pós-graduando lato sensu em Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo Centro Universitário Internacional UNINTER. Professor na Rede Oficial do Município de São Luís-MA e Especialista em Educação Básica na Rede Oficial do Município de Paço do Lumiar-MA.

[2] Mestre em Educação - UTP PR, Doutoranda em Educação - UTP PR; Psicóloga Clínica e Institucional – PUC-PR; Especialista em Bioenergética, Sexualidade Humana, Medicina Tradicional Chinesa; Professora do Núcleo de Avaliação do EAD e orientadora de Psicopedagogia Clínica e Institucional-UNINTER.

 

RESUMO

A pesquisa tomou como ponto crucial a estrutura curricular dos cursos de especialização lato sensu das faculdades que oferecem o curso de Psicopedagogia à distância da grande São Luís no Maranhão, buscando mapear nos sites das faculdades e desenvolver estudos comparativos com base nas exigências determinadas pela Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp e Ministério da Educação – MEC quanto ao estágio curricular supervisionado e legalidade de pós-graduações. Com isso, necessitou-se recorrer à literatura já existente sobre teoria e prática, histórico do curso no Brasil, na Argentina e na Europa como um todo, bem como estudos, teorias ou visões sobre currículo escolar.

 

Palavras-chave: Estágio. Prática Psicopedagógica. Aprendenfte. Ensinante.

Introdução

 

Prática, teoria, reflexão-ação são elementos constitutivos de todo e qualquer processo de formação acadêmica que se queira transformador e progressista nos dias atuais. Com isso, o curso de especialização em Psicopedagogia no Brasil, por se tratar (contemporaneamente) de um curso que visa formar o profissional e não unicamente o especialista, vem procurando se adequar às exigências da ABPp [RS1] (Associação Brasileira de Psicopedagogia) no que tange à formação inicial do pós-graduando lato sensu e as diretrizes emanadas pelo Ministério da Educação, através da Resolução Nº 01/2007.

Discorrer sobre estágio curricular supervisionado nos deixa a percepção de que, como disciplina, possibilita o contato direto com o campo de trabalho ao qual se escolheu, além de possibilitar a integração entre teoria e prática, complementando a formação acadêmica. Porém, muito mais do que isso, a existência ou não de uma disciplina descrita dessa forma nos faz refletir sobre sujeito epistêmico (quando colocamos o sujeito que aprende como indivíduo capaz de construção de [RS2] conhecimentos, ou seja, o estudante de Psicopedagogia), objeto do conhecimento (a disciplina de Estágio a ser cursada), homem, mundo, posicionamento sociopolítico diante da realidade social, bem como outros.

Durante a pesquisa, optou-se por levantar informações (na forma de levantamento) nos sites das instituições de ensino superior que oferecem o curso de especialização em Psicopedagogia na modalidade à distância na Grande São Luís (englobando os três municípios maiores, exceto Raposa), tentando aproximar a compreensão sobre as diretrizes emanadas pela Associação Brasileira de Psicopedagogia, Ministério da Educação (este, quanto às exigências legais dispostas para os cursos de pós-graduação lato sensu no Brasil) e o currículo expresso das faculdades que oferecem este curso em São Luís, como já foram expostos.

O presente trabalho está didaticamente compartimentado em quatro partes, compostas da seguinte forma, assim sendo: o recorte geográfico da Grande São Luís e dados coletados sobre as I. E. S. [RS3] com graduação e pós-graduação EAD; para começo de conversa: breve contexto histórico europeu, argentino e brasileiro; e Intervenção Psicopedagógica: o psicopedagogo em busca de uma fundamentação teórico-metodológica a partir do Estágio Curricular na pós-graduação. Cada parte discorre a respeito de uma subtemática direta ou indiretamente relacionada ao objeto principal em estudo, procurando perfilar ideias que possam conduzir debates produtivos acerca da formação do profissional psicopedagogo, seja na graduação ou na pós-graduação lato sensu.

Com isso, primeiro recorreu-se à literatura que trata de aspectos importantes como teoria e prática, ensinante e aprendente (sujeitos da Psicopedagogia) e elementos de currículo escolar, buscando contextualizar historicamente o surgimento desse campo de conhecimento no Brasil pelas vias de sua criação na Europa e na Argentina e entrelaçando as análises a partir da existência ou não da disciplina Estágio Clínico ou Institucional na pós-graduação em Psicopedagogia.

1. O RECORTE GEOGRÁFICO DA GRANDE SÃO LUÍS E DADOS COLETADOS SOBRE AS I. E. S. COM GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO E. A. D. EM PSICOPEDAGOGIA

 

Upaon-açu, como foi chamada pelos indígenas que aqui viveram anteriormente à ocupação dos europeus, a ilha de São Luís é banhada pelo Oceano Atlântico Sul e ligada ao resto do Estado (o Maranhão) [RS4] através da BR-135.

Atualmente, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), só o município de São Luís conta com cerca de 1.011.943 habitantes em 2010, o que o coloca no lugar de município que vem crescendo desordenadamente e sem um prévio planejamento urbanístico adequado às reais necessidades da população ludovicense. Isto sim, contra 104.881 de Paço do Lumiar, 162.925 de São José de Ribamar e apenas 26.280 de Raposa, municípios que também fazem parte da grande Upaon-açu aprendente, nas acepções de Alicia Fernández (1991, p. 41) em seu livro A inteligência Aprisionada.

O espaço geográfico da ilha de São Luís é politicamente dividido em quatro municípios: São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, como já vêm sido colocado nos dados relatados. Sendo que, dos quatro municípios, o que mais possui instituições de ensino superior é São Luís, com um total de 36 registradas com base no sistema e-mec do Ministério da Educação, sendo que 21 destas oferecem cursos de graduação e/ou pós-graduação à distância e apenas 13 destas E. A. D. possuem o curso de especialização em Psicopedagogia.

Paço do Lumiar conta com duas instituições, sendo que apenas uma possui cursos de graduação e/ou pós-graduação à distância; São José de Ribamar tem duas instituições de ensino superior, sendo que, também, apenas uma oferece esta modalidade de ensino, à distância. Todos os dados, conforme o sistema de monitoramento e-mec (emec.mec.gov.br), autorizando e regulamentando a educação superior à distância.

            Sendo as instituições de nível superior que oferecem a pós-graduação em Psicopedagogia e demais especializações, conforme a Resolução nº 01/2007, obrigadas à autorização e reconhecimento por parte do Ministério da Educação, optou-se pela pesquisa no sistema e-mec, pois engloba, além da EAD, a modalidade presencial de ensino de graduação e pós-graduação. Anteriormente a esse sistema, o SIEAD (Sistema de Ensino Superior à Distância) poderia ser acessado, a fim de que o aspirante a um curso superior à distância pudesse cientificar se o curso era regularizado junto ao MEC.

            Existem, ainda, muitas críticas a respeito da educação à distância no Brasil, não como modalidade de ensino e educação, mas como forma de generalização de uma compreensão conforme o senso comum, colocando modalidade de ensino como fator determinante para a qualidade de ensino. Dizemos, neste caso, conforme Salienta Brandão (1991, p. 7), que não há uma única forma de educação, mas educações. Cada pessoa, adulto ou criança, jovem ou idoso consegue procurar a que se ajusta melhor às suas capacidades e potencialidades, incluindo aí a disciplina para o estudo. Assim, como consulta realizada ao site UEMANET, temos o seguinte sobre a educação à distância:

“A Educação à Distância é uma modalidade de educação mediada por tecnologias em que alunos e professores estão separados espacial e/ou temporalmente, ou seja, não estão fisicamente presentes em um ambiente presencial de ensino-aprendizagem (...).”[RS5] 

Muitas escolas de educação superior à distância possuem este mesmo conceito, porém algumas diferem quanto ao projeto pedagógico e, assim, na sua metodologia, forma de avaliação (mesmo levando em consideração os pressupostos do MEC), o material didático usado (incluindo as mídias digitais e interação presencial ou à distância, sincronicidade, assincronicidade etc.) [RS6] e a interatividade entre os estudantes de um mesmo curso ou de diferentes cursos.

2. INFORMAÇÕES QUANTITATIVAS NA RELAÇÃO SÃO LUÍS VERSUS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR À DISTÂNCIA

 

            Das 21 faculdades que oferecem cursos de graduação e pós-graduação à distância na grande São Luís, constatou-se que, apenas quatro oferecem o curso de pós-graduação lato sensu em Psicopedagogia com a disciplina de Estágio, sendo que dentre elas, uma com a abordagem clínica e institucional e as outras, apenas institucional: a Faculdade de Tecnologia e Ciências (com sede em Salvador-BA), a UNISA (Universidade Santo Amaro) e o Centro Universitário Internacional UNINTER (com sede em Curitiba-PR) e UAM (Universidade Anhembi Morumbi).

            Como o estudo foca apenas a educação superior à distância em nível de pós-graduação lato sensu, quanto ao curso de Psicopedagogia, deixemos de apresentar detalhadamente aspectos relativos à modalidade presencial, já que a crítica aos cursos de pós-graduação em Psicopedagogia se gera em torno dessa modalidade de ensino.

            Porém, há um impasse na própria oferta regular da graduação ou pós-graduação no Brasil, já que a ABPp, único órgão responsável por defender a regulamentação da profissão de psicopedagogo, não desprende-se da ideia de que os cursos devem ser presenciais. O que acontece, conforme a metodologia e mídias utilizadas por algumas faculdades presenciais é que, mesmo sendo seus cursos ofertados na modalidade presencial, acontecem apenas em um fim de semana por mês, como acontece em muitos casos. Já em casos de pós-graduações à distância que colocam a exigência de frequência e participação mínima de 75% nas aulas ou tele-aulas presenciais dentro da instituição ou polo de apoio presencial (PAP, como é chamado).

            Assim, busca-se através da autorização e reconhecimento das instituições de ensino superior a oferta de cursos de pós-graduação em Psicopedagogia (não importando o âmbito, se clínico ou institucional), [RS7] pois nos editais de concurso público, raramente ou nunca se encontram exigências do gênero.

            Percebeu-se que a maioria dos cursos de Psicopedagogia (especialização) não oferta a disciplina Estágio Clínico ou Estágio Institucional, mesmo alguns já tendo sofrido um processo de adequação curricular e; ainda assim não com a mesma nomenclatura, as outras em sua maioria possuem disciplinas voltadas para avaliação e intervenção psicopedagógica. Com isso, levanta-se a hipótese de que os coordenadores ou responsáveis pelo planejamento, execução, acompanhamento e avaliação desses cursos acreditam estarem formando unicamente o especialista, docente de ensino superior e não o profissional stricto sensu. E não só os coordenadores ou responsáveis diretos por esses cursos, como também a sociedade civil como um todo, incluindo pessoas que são atendidas por psicopedagogos em fase pós-formação inicial (aqui entendida como término da especialização, já que na região há graduação na área somente na Universidade Federal da Paraíba).[RS8] 

            A qualidade da formação inicial do psicopedagogo (seja em graduação ou pós-graduação)[RS9]  passa pela necessidade de componente curricular voltado para o estágio supervisionado, mesmo que este componente se nomeie diferentemente, pois a supressão desta disciplina não anula a prática Psicopedagógica do profissional.

3. PARA COMEÇO DE CONVERSA: BREVE INCURSÃO HISTÓRICA EUROPEIA, ARGENTINA E BRASILEIRA DA PSICOPEDAGOGIA

 

Nascendo sob a égide da atuação de outros profissionais de saúde e educação como psicólogos, pedagogos, médicos e filósofos, preocupados com as crianças que apresentavam rendimento insatisfatório na aprendizagem, a Psicopedagogia tem seu pressuposto básico nos problemas de aprendizagem, mesmo que nos dias atuais tenha se dedicado ao estudo e trabalho relacionado à compreensão do processo de aprendizagem como um todo.

            A prática em Psicopedagogia é tão antiga quanto o surgimento da escola tal como conhecemos hoje, pois com o advento da era industrial, a produtividade passou a ser o foco central, buscando-se uma forma de negar a improdutividade, não se fazendo diferente na instituição escolar.

            Diz-se que o início da Psicopedagogia tomou impulso com o atendimento de um jovem selvagem na França, Victor de Aveyron, pelo então médico Jean Itard, que buscou uma forma de reeduca-lo para a convivência em grupos humanos, adquirindo conhecimentos na leitura e na escrita. Nesta época, quem se ocupava dessas ações era chamado médico-pedagogo.[RS10] 

            Nos seus primórdios, o atendimento psicopedagógico revelava-se como reeducação das capacidades cognoscitivas e morais dos indivíduos, embora Sara Paín (1985, p. 12) a conceitue como técnica de condução do processo psicológico da aprendizagem. A mesma psicopedagoga ainda diferencia dois tipos principais, uma que não desconsidera a não aprendizagem enquanto processo e outra designada como Psicopedagogia adaptativa, que visa fortalecer os processos sintéticos do ego, buscando colocar o sujeito no lugar que o sistema o designou.

            Na Argentina, como é relatado, tanto a Psicopedagogia enquanto prática, sistema de ideias sobre aprendizagem ou campo do conhecimento como o curso de graduação em Psicopedagogia, [RS11] já vem sofrendo grandes reformulações ao longo do tempo. Hoje, com a presença de elementos que contemplam as dimensões estruturais, energéticas e funcionais do sujeito aprendente nas práticas clínicas e institucionais, tanto se passou a respeitar o relacional, o desiderativo e o racional quanto se elevou a respeitabilidade social desse fazer.

            Jorge Visca, por muitos, considerado pai da Psicopedagogia, começou a fazer estudos sobre a aprendizagem de comunidades, porém sua vida cessou bem próximo à conclusão desses estudos. Por isso, a partir do que convencionou o psicopedagogo argentino, a partir de Pichon-Rivière, é que se entende na Psicopedagogia brasileira de que, quando falamos nas relações entre as dimensões constitutivas do aprendente, ele toma contato consigo mesmo e com o ensinante. Assim, não nos atemos ao atendimento individual ao sujeito epistêmico apenas, mas também aos sujeitos nos obstáculos epistemológico, [RS12] epistemofílico e funcional.

            Quando atingimos o paciente, mesmo no âmbito clínico de atuação, procuramos trabalhar com o conhecimento da “Teoria dos 3 D” (Depositante, Depositário e Depositado), acreditando na interação depositante/depositário por meio do depositado segundo Serra (2009: 49).[RS13] 

Tudo isso indica uma necessidade de psicopedagogos brasileiros caminharem para a conquista de um referencial próprio em termos de instrumentais técnicos, teóricos e práticos na área, elevando o patamar de compreensão crítica de uma profissão (que ainda não vem a ser designada dessa forma, por causa da regulamentação que não existe no Brasil) que é nova e acompanha as atuais mudanças econômicas, sociais, culturais e políticas.

 

 

4. INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: O PSICOPEDAGOGO EM BUSCA DE UMA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA A PARTIR DO ESTÁGIO CURRICULARNA PÓS-GRADUAÇÃO

 

            Por se tratar de área de estudos e atuação no processo de aprendizagem humana e existirem parâmetros e diretrizes emanadas pela ABPp e pelo MEC (quanto ao oferecimento de cursos de especialização), optou-se por pesquisa bibliográfica com apoio de mídias digitais, contextualizando algo já publicado à situação curricular em que se encontram os cursos de especialização da Grande São Luís no campo da Psicopedagogia.

            Pudemos levantar algumas hipóteses a respeito do que o psicopedagogo faz e como o faz, bem como interpretar algumas causas iniciais a partir deste estudo. Mesmo que estas causas iniciais representem conhecimentos sobre as exigências ou diretrizes, nos reportamos à formação inicial do profissional ou especialista (que no Brasil pode-se dar nos níveis de graduação ou pós-graduação).

            No Estado do Maranhão, não há registros de cursos de graduação em Psicopedagogia, apenas sendo oferecida a pós-graduação lato sensu. Este fato não representa de imediato nuances de verificação para a qualidade dessa formação inicial (mesmo que pós-graduada), apesar de, segundo Nádia Bossa (2011; p. 204), alguns currículos de especialização em Psicopedagogia se mostrar inadequados e sua prática não oferecer a experiência requerida à intervenção Psicopedagógica.

            Nos municípios de São Luís, Paço do Lumiar e São José de Ribamar não se encontrou instituições de ensino superior (com especializações à distância na área) [RS14] ofertando o âmbito clínico em quantidade necessária, não deixando de ser um dado importante, já que em alguns casos escolares e institucionais se requer conhecimentos específicos a respeito. Como a pesquisa é descritiva, poderá subsidiar estudiosos para uma luta especificamente nordestina à regulamentação da Psicopedagogia enquanto profissão.

            Se,[RS15]  é bem verdade que alguns estudiosos da Psicopedagogia defendem o fato de que a pós-graduação só forma o especialista ou docente universitário, como Mari Ângela Calderari coloca Oliveira (2009; p. 27), confirmando a vinculação da função de psicopedagogo filiada à graduação de origem daquele que a exerce, outros já afirmam a necessidade de se comprometer com uma base teórica sólida e processamento prático desse fazer, desse acontecer educativo, como Noffs, por exemplo.

            Para que a Psicopedagogia se constitua como profissão regulamentada e com grandes possibilidades de formação coerente, constante e consequente, é necessário levar em consideração a prática Psicopedagógica e, aqui, entende-se que é no estágio supervisionado que se possibilita isso.

            Os cursos de pós-graduação lato sensu tem carga horária prevista na Resolução 01/2007 do CNE de no mínimo 360 horas, porém pela especificidade da formação do psicopedagogo e até mesmo pela complexidade da atuação prática deste, a Associação Brasileira de Psicopedagogia recomenda que as especializações tenham o mínimo de 600 horas e que destas, sejam reservadas no mínimo 25% do total a ser cursado pelo estudante na forma de estágio supervisionado.

Embora a ABPp evidencie que o curso de especialização seja desenvolvido presencialmente, muitas universidades e faculdades isoladas o ofertam na modalidade à distância, nos termos do Decreto Nº 5622, de 19 de Dezembro de 2005, como se vê neste trecho da lei:

Art. 1º Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares e tempos diversos.

         §1º A educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de momentos presenciais para:

I – avaliações de estudantes;

II - estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;

III - Defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente; e

IV - atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso.

Ainda a respeito das exigências para oferta de cursos de educação superior à distância, temos o seguinte, pesquisado na página de Perguntas Frequentes do sistema e-mec:

“Para a oferta de educação superior na modalidade a distância, as instituições deverão ser credenciadas para atuar nesta modalidade de ensino. Para tanto, deverão estar previamente credenciadas para oferta de educação superior na modalidade presencial no sistema federal.”

            No que tange à legislação que trata do assunto no Brasil, uma vez autorizadas e reconhecidas, credenciadas para a oferta de graduação presencial, a I. E. S. poderá ter o reconhecimento para especializações, bem como poderá oferecer cursos de graduação e pós-graduação à distância:

“Art. 1o  Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

        § 1o  A educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de momentos presenciais para:

        I - avaliações de estudantes;

        II - estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;

        III - defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente; e

        IV - atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso.

        Art. 2o  A educação a distância poderá ser ofertada nos seguintes níveis e modalidades educacionais:

        I - educação básica, nos termos do art. 30 deste Decreto;

        II - educação de jovens e adultos, nos termos do art. 37 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996;

        III - educação especial, respeitadas as especificidades legais pertinentes;

        IV - educação profissional, abrangendo os seguintes cursos e programas:

        a) técnicos, de nível médio; e

        b) tecnológicos, de nível superior;

        V - educação superior, abrangendo os seguintes cursos e programas:

        a) sequenciais;

        b) de graduação;

        c) de especialização;

        d) de mestrado; e

        e) de doutorado.

            Ao procurar enquadrar a Psicopedagogia numa prática persistente de transformação através da realização de estágios, nem a legislação já existente no MEC e nem mesmo as indicações e predisposições emanadas da ABPp são suficientes e capazes por si só de promovê-la.  Pois, não dando conta dos problemas relacionados à artificialização de estágios ou a não existência de suas disciplinas nas pós-graduações lato sensu em Psicopedagogia essas duas instâncias tem feito muito, mas ainda há muito por fazer, para que não se façam fragmentações na formação parecidas com as habilitações pedagógicas do Parecer do CFE nº 252/69, que ajudou a formar especialistas em educação com viés tecnicista.

            O estágio supervisionado muitas vezes cumpre o que chamamos de panaceia para a resolução dos problemas de muitas áreas do conhecimento. Isso vem delimitar e restringir a relação conhecimento-trabalho de forma a polarizar as responsabilidades no segundo elemento do binômio.

            Especificamente no curso de especialização em Psicopedagogia, mesmo ainda não havendo material suficientemente amplo (em relação ao estágio supervisionado), não podemos dizer diferentemente dos cursos de graduação em Pedagogia e demais licenciaturas, onde o papel da prática é fundamentalmente, por vezes, dicotomizar os resultados ou produto final do trabalho realizado em relação aos pressupostos teóricos adotados ou pretendidos, mesmo que implicitamente de forma ingênuo-irreflexiva. Porém, o viés que adotamos no presente estudo não explicitará este ângulo de visão do Estágio Curricular, tão somente focamos o levantamento em I. E. S. que possuem ou não a disciplina, especificamente os cursos à distância em Psicopedagogia.

            Para se buscar fundamentos teórico-metodológicos condizentes com um olhar e uma escuta longitudinal da ação, devemos antes de tudo situar suas atividades e estudos numa perspectiva de busca constante da propriedade ética, política e estética e numa dada identidade construída direta ou indiretamente com o sujeito aprendente, que neste momento, define-se como a Grande São Luís (pelos quatro municípios que o constitui, e principalmente os três que oferecem a especialização a distância em Psicopedagogia) [RS16] e que, necessariamente a identidade que é brasileira e multidisciplinar.

            Como neste trabalho o objeto de estudo está voltado para as pós-graduações lato sensu à distância na área da educação, mais especificamente, a Psicopedagogia, não nos interessa discutir a respeito do âmbito de atuação ou o enfoque, se preventivo ou terapêutico. Porém, vê-se que a maioria dos cursos de Psicopedagogia oferecidos na Grande São Luís só oferta a habilitação de âmbito institucional.

            Este fato pode sinalizar a ideia ou hipótese de que, sendo a Psicopedagogia filha dos casos de problemas de aprendizagem sofridos por estudantes do final do século XIX e as mudanças ainda serem tímidas para o âmbito de atuação efetivamente institucional (com enfoque de caráter preventivo), os estágios acabam por não compor estruturas curriculares de Psicopedagogia nesses três municípios (São Luís, São José de Ribamar e Paço do Lumiar), [RS17] além de representar um contraponto ao preconceito sobre o não oferecimento da disciplina de Estágio por parte desses cursos na modalidade à distância. 

            As ações ou dinâmicas no desenvolvimento de algumas áreas do saber foram inicialmente encaminhadas no sentido parte-todo, sujeito-grupo e, no caso da Psicopedagogia, conforme os estudos de Jorge Visca, o quarteto sujeito-grupo-instituição-comunidade. Assim, conforme o que nos orienta Calderari Oliveira (2009: 30) em seu livro Intervenção Psicopedagógica na Escola:

“Na unidade instituição, os elementos constituintes são o conjunto de grupos e as estratégias e mecanismos intergrupais, que caracterizam a aprendizagem institucional e, na unidade comunidade, esses elementos se caracterizam como o conjunto de instituições e os mecanismos e estratégias comunitárias, concebendo a aprendizagem comunitária.”

Neste ínterim queremos colocar a necessidade não só de definir um âmbito específico, clínico ou institucional, mas de, durante o estágio (se assim o existir nas estruturas curriculares), que o acadêmico possa contar com a consistência e vivência de situações que favoreçam a identificação de uma linha própria de trabalho, sem reprodutivismos e receitas prontas (mas sem menosprezar a importância dos bons modelos de prática psicopedagógica).

            Para que o estagiário possa vivenciar um repertório maior, também seria interessante que um conjunto de instituições, ONGs, Empresas de Economia mista, Hospitais pudessem se comprometer com a formação do psicopedagogo, entendendo que a aprendizagem é meio de realização de sujeitos, grupos,instituições e comunidades. A cada nível de constituição, as pessoas estão envolvidas direta ou indiretamente no processo de construção de conhecimentos, possibilitando relação interativa entre afetividade e cognição.

            Por fim, nas palavras de Patto (1990, p. 147), a realidade social, no âmbito da filosofia da totalidade, é concebida como uma totalidade concreta e dialética, produto da atividade humana. Entendemos também que o estágio curricular no curso de Psicopedagogia é uma atividade intencionalmente dirigida aos problemas da prática de intervenção direta e indireta nas dificuldades de aprendizagem.

            Por isso, a prática da prática, ou seja, o estágio, acontecendo conforme os trâmites da instituição formadora e a acolhida da instituição-campo são de suma importância, mas que a sua inexistência nas estruturas curriculares não invalida o que já vem sendo feito criticamente, pois a explicitação de um currículo não é espelho direto do processo pedagógico, o currículo real. Assim, novas pesquisas deverão ser feitas com o intuito de debater e formular melhores propostas de atuação do profissional psicopedagogo.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS[RS18] 

            Compreendendo uma leitura possível sobre estágio curricular no curso de Psicopedagogia (enquanto especialização à distância) na Grande São Luís, buscando enobrecer esses estudos através de fundamentos teórico-metodológicos para uma prática eficaz, realizou-se o presente trabalho voltado a estudantes da área de saúde mental e educação, bem como àqueles que se dedicam ao atendimento de pessoas, sujeitos com problemas ou dificuldades de aprendizagem. Espera-se que tenhamos cumprido com o que nos propomos.

 


 

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Educação. CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. RESOLUÇÃO N° 1, DE 8 DE JUNHO DE 2007.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Federal de Educação. Parecer n. 252, de 11 de abril de 1969a. Diário Oficial da União, Brasília, DF.

FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artmed, 1991.

http://emec.mec.gov.br/acesso em 20 de mai. 2013.

http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces001_07.pdf/acesso em 02 de jun. 2013.

http://www.abed.org.br/site/pt/midiateca/clipping_abed/927/estudar_pelo_computador_exige_comprometimento_e_determina_o_aluno_de_sucesso/acesso em 12 de mai. 2013.

http://www.ibge.gov.br/dados de 2010. acesso em 26 de mai. 2013.

[RS19] 

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm/acesso em 10 de jun. 2013.[RS20] 

OLIVEIRA, Mari Ângela Calderari. Intervenção psicopedagógica na escola. 2 ed. Curitiba, PR: Iesde Brasil, 2009.

PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem; trad. Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre: Artmed, 1985.

PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. T. A. Queiroz: São Paulo, 1990.

SERRA, Dayse Carla Gênero. Teorias e práticas da psicopedagogia institucional. Curitiba, IESDE Brasil S. A., 2009.

WEISS, Maria Lúcia Leme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 14 ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro - RJ: Lamparina, 2012.