Uns poemas
Publicado em 26 de fevereiro de 2014 por António Lourenço Marques Gonçalves
As palavras das imagens 15
UNS POEMAS
(ilustraram mais algumas das minhas fotografias, em particular sobre os sítios, publicadas no facebook, durante os últimos meses)
O que é isto?
A leira medrou em sarça.
Mas mesmo quem lá comeu
Julga que não é desgraça.
Irrita lá o borrego.
Olha que marra uma vez,
P’ra depois ter desapego.
O ladrão não é culpado.
Culpado sim é quem foi
Sobre o roubo descuidado.
Vejo tanta explicação:
Doutores, videntes, que sábios!
Só falham na solução.
E também os tribunais.
P’las leis em que eles bebem
Dão sentenças magistrais.
Se à igreja vão os crentes,
Estou certo que outros mais
Estão lá de corpos presentes.
Dizem que são pessimistas.
Pudera! Com um leme assim!
E então, que dizer às vistas?
Rei e dança no terreiro
Do Rossio coração.
Cruz e preito: mais cimeiro.
Porque o outro é de ferro e bem possante
Lá está seguro, em Espanha. Vê-se sempre.
Este aqui está vivo, aqui, aqui... Instante?
Impressiona tanta folha
À vista nos escaparates.
E ideias? Que fraca escolha!
Os cortes…já lá vai o irrevogável…
E é mesmo definitivo, num prazo curto
Provável!
Quando incensam o dinheiro,
Põem os pobres em primeiro!
Mó “esbulhada” (das notícias do dia)
Se é banco, leva maquia,
Já se viu e está provado.
Mas dizendo obra pia
Vai levar o reformado.
Mesmo em estado de direito,
Não concordam? Pois então,
O contrato já foi feito
A valer só p’ró patrão?
E que dizer à confiança
Que está na Constituição?
Quando é caso de finança
Só vale como ilusão?
Quando alguém é roubado,
Atenção, queixe-se logo.
Não vá o ladrão dizer:
Não foi roubo. Foi um jogo.
Maduro
Duro?
Escuro?
Muro.
Apuro?
Esconjuro?
Monturo?
Futuro,
Eu juro.
Arco do Bispo
Arco
Do Bispo
Parco?
Chispa.
Já foi o cortejo
De púrpuras austeras. /
(...)
Garridas lá vão...
Vastas...
Sinceras.
Num cruzamento da serra da Gardunha, com um destino cortado
Eram olhos a ver, rumo ao destino,
Bem cheios de horizontes, nos pinhais.
Mas já tão saciados, meios tontos,
Deram com o norte cortado, por demais…
Apre
Apre!
Arre!
Irra!
Fora!
Caluda!
Não leves meu pão logrado.
Não logres, pois não foi dado.
No campo da Lardosa, com rebanho em fundo
Sim.
É a noite que assoma e vai chegar!
O prado é branco.
Rapou a erva toda.
E se o leite flui
daquelas tetas cavas
tem destino:
fartar ao gringo
a boda.
António Lourenço Marques