UNIVERSIDADE DA TERCEIRA IDADE: um caminho para a reinclusão social do idoso 

Adelaide Viana Pereira

Lucas Magalhães Barbosa[1] 

Sumário: Introdução. 1- A igualdade e a desigualdade social: um breve apanhado. 1.1- A educação como meio de reincluir o cidadão na sociedade. 2- Os desafios da pessoa idosa nos tempos hodiernos. 2.1- Universidade da terceira idade como meio de reinclusão social. 2.2- UNITI/UFMA. Conclusão. Referências. 

RESUMO

A desigualdade com a pessoa que envelhece é mais uma forma de desigualdade que toma espaço na sociedade brasileira, combatê-la se faz necessário, pois população idosa só aumenta. O movimento Universidade da Terceira Idade vem difundindo conceitos e experiências que representam uma nova forma de promover a saúde física, mental e social da pessoa que envelhece. O resultado é a reinserção e ampliação da participação social dos seus participantes.

Palavras-Chave

Desigualdade social. Educação. Universidade da Terceira Idade.

 

 

 

INTRODUÇÃO

Envelhecer é algo que acontecerá a todos nós. Através dos tempos nossos corpos e nossa mente irão mudar. Tornaremo-nos mais maduros e consequentemente teremos mais conhecimento sobre a vida e sobre o mundo. A maturidade pode ser vista como uma qualidade- devido a e experiência de vida- ou como um obstáculo devido à pejorativa taxação de invalidez.

Retirar pessoas maduras do convívio social, antigamente, era algo imperceptível aos olhos da sociedade, contudo, hoje, com o grande aumento da população mundial, a quantidade de pessoas com mais de 60 anos aumentou tanto que isso está se tornando cada vez mais difícil. A exclusão social dos idosos é um problema que deve ser estudado e tratado.

Existem muitos programas voltados para lutar contra a exclusão social do idoso, procuramos neste artigo mostrar uma das soluções aplicadas para a reintegração do idoso a sociedade maranhense.

1 A IGUALDADE E A DESIGUALDADE SOCIAL: UM BREVE APANHADO

 

Ronald Dworkin[2] afirma que existe uma diferença notável entre dar um tratamento igualitário as pessoas, e tratá-las como iguais. Isso ocorre, porque, segundo ele, existem duas teorias da igualdade, sendo que a primeira é conhecida como Igualdade de bem-estar e a segunda, como Igualdade de recursos.

A igualdade de bem-estar afirma que o esquema distributivo trata as pessoas como iguais quando distribui ou transfere recursos entre elas até que nenhuma transferência adicional possa deixá-las mais iguais em bem-estar. A igualdade de recursos afirma que as trata como iguais quando distribui ou transfere de modo que nenhuma transferência adicional possa deixar mais iguais suas parcelas do total de recurso.[3]

A teoria da igualdade de bem-estar se compromete a afirmar que o nível de bem-estar que cada pessoa alcança com uma mesma quantidade de recursos pode variar devido as capacidades distintas que elas possuem para “transformar recursos em bem-estar”.  Uma das consequências da igualdade de bem-estar seria a necessidade de compensação àqueles cujo déficit em bem-estar decorre dos “gostos dispendiosos”, pois se o bem-estar de uma pessoa depende, por exemplo, da satisfação de sua preferência por champagne, enquanto o de outra pessoa depende da satisfação de seu gosto por cerveja, essa teoria faria com que houve mais recursos favoráveis à primeira.[4]

A desigualdade social ocorre quando problemas afetam a distribuição de renda, a assistência social etc. Como consequência desta, a maior parte fica nas mãos de poucos (aqueles que possuem os gastos dispendiosos), e a maioria arca com os problemas advindos desta má distribuição. No Brasil, a desigualdade é uma das mais retalhadas do mundo e por causa disso, classes distintas da sociedade se veem vulneráveis, pois a exclusão os torna cada vez mais incapazes de terem uma vida digna.

1.1 A EDUCAÇÃO COMO MEIO DE REINCLUIR O CIDADÃO NA SOCIEDADE

                                     

No tempo em que vivemos, é comum nós nos depararmos com certas palavras e proposições referentes a temas que se relacionam com o termo desigualdade. No livro A virtude soberana, Dworkin defende a sua concepção de igualdade e as consequências práticas da mesma. Podemos ver isso quando ele fala sobre a ação afirmativa nas universidades dos Estados Unidos da América (capítulos 11 e 12), sobre os direitos dos homossexuais e a questão da eutanásia (capítulo 14), sobre a igualdade política (capítulo 5), sobre a justiça distributiva (capítulos 1, 2 3, 7, 8 e 9) entre outros tópicos.

Chave para todas as portas, a educação nos serve de suporte em “todas as situações de nossas vidas”. Isso acontece, pois, segundo Severino ela faz com que o homem tenha consciência do espaço que habita, do seu papel neste, etc. Além de informar, a educação nos faz interagir cada vez mais com os membros da sociedade, sendo assim, podemos notar que uma de suas principais contribuições é a ajuda na formação de uma igualdade na sociedade. Essa igualdade surge quando entramos em contato com outras culturas, outros lugares. Ou seja, surge quando a educação entra em nossas vidas e nos propícia todo um apanhado de formas de como lidar com a desigualdade.[5]

2 OS DESAFIOS DO IDOSO NOS TEMPOS HODIERNOS

Em uma sociedade criada para o jovem, a pessoa idosa é considerada inapta e incapaz de adquirir conhecimento e vitalidade para desempenhar papéis, devendo, por isso, ser afastada do convívio social, do trabalho e do lazer. A degradação do idoso faz parte de nossa ideologia, pois nós possuímos a cultura de inferiorizar e excluir aqueles que não são capazes de produzir e consumir continuamente. O desenvolvimento e o avanço do capitalismo moldam o modo ocidental de ser e estar no mundo, priorizando a capacidade produtivo-acelerada em detrimento de outras capacidades do ser humano. Isto acarreta a perda do valor social do idoso, pois ele passa a ser visto como um elemento descartável.

No Brasil, envelhecer está relacionado a um composto de decadência física e mental, conceito este totalmente equivocado, pois muitos idosos- pessoas com idade igual ou superior a 60 anos[6]- ainda são completamente independentes e produtivos. Dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) revelam que a população está envelhecendo em ritmo acelerado. O IBGE, no último mês de agosto, demonstrou que a população com 60 anos ou mais é de quase 15 milhões de pessoas, o que representa 8,6% do número total de habitantes de um país. E o PNAD, em 2007, demonstrou que a população idosa chega a quase 20 milhões de brasileiros, ou seja, 10,5% do total de brasileiros.[7] A partir destes dados nota-se que conviver de forma igual com os idosos se faz cada vez mais essencial, para isso é preciso vencer as barreiras da desinformação, do desrespeito e do preconceito para com a velhice.

O Estatuto do Idoso, aprovado em 2003, amplia os direitos dos cidadãos com mais de 60 anos, instituindo no seu Art. 2:

O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.[8]

Por proteção integral entende-se o conjunto de ações- vinculadas à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao trabalho, ao lazer, à cidadania etc.- que visam reduzir os impactos que possam vir a causar malefícios às pessoas idosas e, consequentemente, originar a exclusão social.

Em abril de 2002, na Segunda Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento, realizada em Madri, foi aprovado o PIAE: Plano Internacional de Ação sobre o Envelhecimento. O documento foi assinado por todos os países membros das Nações Unidas e representa um compromisso internacional em resposta ao rápido envelhecimento da população mundial.[9] Para atender as necessidades do PIAE é preciso desenvolver modelos de atenção ao idoso que não se restrinjam apenas ao tratamento clínico, mas que possibilitem a prática de programas de inclusão social.

2.1 A UNIDADE DA TERCEIRA IDADE COMO MEIO DE REINCLUSÃO SOCIAL

O movimento Universidade da Terceira Idade (UniTI) vem sendo desenvolvido desde 1970, promovendo assim uma nova forma de interação social à pessoa que envelhece. O movimento visa produzir meios que propiciem uma melhora na saúde física, mental e, principalmente, social das pessoas idosas. Todo o trabalho da UniTI tem como meta reverter os estereótipos e preconceitos associados à velhice, através da autoexpressão e da convivência grupal, pois há o fortalecimento da consciência sobre as responsabilidades e os direitos do cidadão.

Os programas das universidades da terceira idade brasileiras, em sua maioria, caracterizam-se de duas formas: como propostas de educação permanente ou como proposta de educação continuada. A primeira é concebida como um fato educativo global, que surge da necessidade de instruir o homem sobre o convívio com as mudanças que ocorrem em todos os aspectos da vida humana, tanto em níveis econômicos, políticos e culturais. A mesma se prolonga por toda a existência humana, sem limites cronológicos, remetendo a uma nova concepção de homem, que busca o aperfeiçoamento integral e integrado ao longo de todas as etapas do desenvolvimento de sua personalidade. De forma diferente, a educação continuada refere-se à prolongação do sistema escolar, segundo a demanda do indivíduo e da sociedade.[10]

É indispensável ressaltar que o papel da educação nas UniTIs não é o de divertir ou entreter o idoso, mas sim de proporcionar meios para que o ser humano, independentemente de sua idade, consiga manter seus níveis normais de funcionamento e de desenvolvimento.

As três áreas de atuação da universidade- ensino, pesquisa e extensão- voltadas para o idoso, proporcionam a criação de atividades que envolvem produção de conhecimento, formação e aperfeiçoamento de recursos humanos e prestação de serviços, simultaneamente. Estas ações permitem que o idoso entre em contato diário com milhares de pessoas de faixas etárias diferentes, agindo como meio para reduzir a desigualdade de valores e ideias entre as gerações. A busca por esta integração entre gerações contribui para reverter a curto, médio e longo prazos, o processo de exclusão social da pessoa idosa na nossa sociedade.

2.2 UNITI/UFMA

Em outubro de 1995, através da parceira das Universidades Federal e Estadual do Maranhão, do Serviço Social do Comércio e da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do Maranhão, foi criado o Projeto UNITI- Universidade Integrada da Terceira Idade, que hoje representa um projeto de ampla repercussão social na realidade maranhense, tendo como objetivo oferecer à população idosa a prática de atividades que lhes possibilite fortalecer a participação social e política. Assumir conscientemente o processo de envelhecimento é gozar de pleno exercício de sua cidadania, pois cria condições para o resgate da autoconfiança e da autoestima.

O público alvo da UNITI constitui-se de pessoas maiores de 50 anos, formando turmas que possuem desde alunos semianalfabetos a alunos graduados. A sua proposta não constitui em conceder-lhes mais um possível diploma, mas sim de lhes proporcionar ensinamentos e atividades que aperfeiçoem o seu crescimento individual e social. O Projeto tem a duração de 1 ano (280h), cujo eixo baseia-se numa metodologia extensionista, dinâmica e autoconstruída através de atividades sócioeducativas, esportivas, culturais e de lazer, atualizando conhecimentos e incentivando o ingresso, ou reingresso, do aluno, em atividades produtivas.[11]

A carga horária da UNITI/UFMA é dividida em disciplinas básicas, disciplinas optativas (oficinas), atividades físicas e atividades extraclasses. As disciplinas básicas são: noções básicas de geriatria e gerontologia social, psicologia na terceira idade, vida e espiritualidade, turismo na terceira idade, conhecendo e sentindo o corpo da terceira idade, nutrição na terceira idade. As atividades optativas são escolhidas no período das inscrições e atende por: fitoterapia, terapia ocupacional, história da arte, artesanato, informática na terceira idade, atividades psicomotoras com arte e imagem e reflexão. As atividades físicas e extraclasses estão relacionadas às atividades aquáticas, de movimentos, excursões etc.[12]

O Projeto também criou o AAUNI- Associação dos Amigos da Universidade Integrada da Terceira Idade, organização social que trabalha com os idosos depois da conclusão da UNITI. Os membros do AAUNI participam e auxiliam na organização dos livros produzidos pelos alunos da UNITI: 30 anos de Miritiba- Raimundo Antunes/1996; Primavera a Tempo (Coletânea) /2002. Participam do coral oferecido pela UNITI, entre outras atividades.

A Universidade Integrada da Terceira Idade, da Universidade do Estado do Maranhão funciona, hoje, de segundas as sextas com um total de 120 alunos inscritos (segue em anexo o perfil socioeconômico dos usuários da UNITI 2008). Este majestoso trabalho apresenta como coordenadora geral a professora Hortencia Maciel Gago Araujo. No final de 2009 se formará a décima quarta turma da UNITI/UFMA.

CONCLUSÃO

Exercer direitos não é uma questão de idade, cor, saúde ou condição social. É uma questão de cidadania para todos, inclusive para aqueles que a tiveram e perderam. É a partir de uma sociedade conectada que os direitos e as obrigações são vigorados; não pela coerção, mas pela capacidade de compreendermos que todos somos um só povo e os nossos direitos à vida, à liberdade e à igualdade são invioláveis. É esta capacidade que nos possibilita expressar as nossas vivências de forma individual e coletiva.

Kelsen pressupõe um conceito qualitativo de felicidade social e humana; uma ordem social justa deve implicar ‘felicidade um sentindo objetivo-coletivo, ou seja, por felicidade devemos entender a satisfação de certas necessidades tidas como necessidades dignas de ser satisfeitas. [13]

A ideia de alcançar uma sociedade justa é uma tarefa profundamente problemática nos dias de hoje. Sabemos que o nosso sentido de coletividade é uma criação humana e, por consequência disto, devemos criar uma sociedade sensível aos desejos e necessidades de todos. Nota-se, a partir desde artigo, que a velhice não implica doença ou afastamento, e que o idoso tem potencial para mudanças e reservas inexploradas, entretanto, para isso acontecer, são indispensáveis ações que satisfaçam as suas necessidades e os tornem felizes na vida física, intelectual e social.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 10.741, de 1 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do idoso e dá outras providências. Diário oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1 de maio de 2003.

CALDAS, Célia Pereira; VERAS, Renato Peixoto. Promovendo a saúde e a cidadania do idoso: o movimento das universidades da terceira idade. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, abril/jun 204. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232004000200018&lng=en&nrm=iso&tlng=en >. Acessado em: 22 set. 2009.

CARNEIRO, Raquel Shimba; FALCONE, Eliane Mary de Oliveira. Um estudo das capacidades e deficiências em habilidades sociais na terceira idade. Psicologia em Estudo. Maringá, v. 9, n. 1, jan/abril 2004. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722004000100015&lng=en&nrm=iso&tlng=en.> Acessado em: 22 set. 2009.

__________. et al. Qualidade de vida, apoio social e depressão em idosos: relação com habilidades sociais. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 20, n. 2, 2007. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722007000200008&lng=en&nrm=iso&tlng=en>. Acessado em: 22 set. 2009.



[1] Acadêmicos do segundo período de Direito da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco.

[2] DWORKIN, Ronald. A virtude soberana: a teoria e a prática da igualdade. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p 3.

[3] Ibid., p 4-5.

[4] Ibid., p 55.

[5]  SEREVINO, Antônio Joaquim. Educação, Trabalho e Cidadania: a educação brasileira e o desafio da formação humana no atual cenário histórico. Interface - Comunicação, Saúde, Educação. Botucatu, v. 6, n. 10, fev. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000200010&lang=pt>. Acessado em: 22 set. 2009. p. 7.

[6] BRASIL. Lei 10.741, de 1 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do idoso e dá outras providências. Diário oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1 de maio de 2003.

[7] D’URSO, Luiz Flávio Borges. Brasileiros estão envelhecendo sem fazer jus aos seus direitos. Idosos: a nova realidade demográfica, jurídica e cultural que desafia o Brasil. Brasília, ano XIII, n 304, p. 28-39. 15 set. 2009.

[8] BRASIL. Lei 10.741, de 1 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do idoso e dá outras providências. Diário oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1 de maio de 2003.

[9] CALDAS, Célia Pereira; VERAS, Renato Peixoto. Promovendo a saúde e a cidadania do idoso: o movimento das universidades da terceira idade. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, abril/jun 204. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232004000200018&lng=en&nrm=iso&tlng=en >. Acessado em: 22 set. 2009. p. 5.

[10] IRIGARAY, Tatiana Quarti; SCHNEIDER, Rodolfo Herberto. Participação de idosas em uma universidade da terceira idade: motivos e mudanças ocorridas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 24, n. 2, abril/jun 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722008000200011&lng=en&nrm=iso&tlng=en>. Acessado em: 22 set. 2009. p. 3.

[11] UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Pró-Reitoria de Extensão. Universidade Integrada da Terceira Idade- UNITI: histórico. São Luís, 13 nov. 2009.

[12] Ibid.

[13] KELSEN, Hans.  What is justice?: Justice, Laws, and Politics in the Mirror of Science. Berkely: University of California Press, 1971, p. 3 apud  MORRISON, Wayne. Filosofia do Direito: dos gregos ao pós-modernismo. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 457.