Edson Silva

Nasci e moro em Campinas (SP), cidade onde trabalhei em tantos órgãos de imprensa e da qual saí para trabalhar em cidades próximas (já que estou numa Região Metropolitana), como foram os casos da simpática cidade de Artur Nogueira e de minha querida Sumaré, onde trabalho há 13 anos, contando as idas e vindas a que estão sujeitas todas profissões, quanto mais a de jornalista. E é em um evento realizado em Sumaré há seis anos que busco inspiração para contar aos amigos leitores que o ser humano é muito importante quando participa em busca de conquistas benéficas a todos, tal como a paz.

Refiro-me a 6ª Caminhada pela Paz, ocorrida 20 de abril, com participação de cerca de 500 alunos de quartas séries e quartos anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professora Anália de Oliveira Nascimento, no Jardim Bom Retiro, bairro da região conhecida como Área Cura, a mais populosa de Sumaré, com 60 mil habitantes. Como ocorre desde 2005, quando comunidade e Poder Público se uniram e decidiram lutar contra índices que colocavam o município proporcionalmente como mais violento do estado, o pequeno exército de estudantes marchou meia hora, acompanhado de professores e outros funcionários da escola, além de pais, direção do estabelecimento e obviamente moradores e comerciantes locais.

Uma marcha comovente e com palavras de ordem pela Cultura da Paz, vindas de um exército de pequeninos que traziam como "armas e escudos" os balões coloridos e os cartazes; o uniforme era a roupa colorida e tênis das mais variadas cores no lugar de sisudos coturnos. A caminhada é de meia hora e este ano, além da mobilização pela paz em Sumaré, ela teve aula de cidadania, lembrando a terrível tragédia ocorrida, em 7 de abril, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo(RJ), onde um ex-aluno matou 12 estudantes à tiros, feriu mais de uma dezena e suicidou-se, sendo que antes trocou tiros com um sargento da PM, o que impediu massacre ainda maior.

Vale lembrar que a tragédia no Rio (e tantas outras no mundo) tem como pano de fundo o chamado bullying, em linhas gerais casos de humilhações no ambiente escolar e que, quase sempre, acabam em violências absurdas, o que reforça mais a importância de esclarecer e envolver nossas crianças e adolescentes em atos pela paz, incentivar a convivência em harmonia e provar que ser bom, respeitar e amar o próximo faz a diferença. Alguns podem pensar e o que o evento que envolve menos de mil pessoas pode significar em universos onde moram dezenas de milhares, centenas de milhares, milhões, centenas de milhões ou bilhões de pessoas?

A resposta é "se o pessimista acha que mobilização pela paz é gota de água num oceano, o otimista sempre vai acreditar que conhecer e participar são formas que se tem para deixar os oceanos da ignorância e da omissão para, quem sabe, se tornar gotas que formarão ondas de solidariedade e até mares de esperanças de dias melhores, com paz e plena igualdade." Parabéns alunos, funcionários e direção da EMEF Anália e a todos que participam de eventos voltados à cultura da paz. Parabéns Sumaré por levar para as escolas mensagens de amizade e de desarmamento do espírito. É assim que esperanças se transformam em boas realizações para todos.

Edson Silva, 49 anos, jornalista, trabalha em Sumaré

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