A sustentabilidade é um assunto que está sendo discutido desde o final do século passado, e vem ocupando espaço no contexto mundial por conta das consequências dos processos de globalização. Decerto, o advento da globalização foi, e ainda é de extrema importância, entretanto o desenvolvimento insustentável e carente, quanto a solucionar os problemas acarretados pela exacerbação do consumo, deve ser o foco das atenções.

Então, qual é o verdadeiro conceito que temos a respeito da sustentabilidade? Seria uma simples alusão às necessidades atuais, e os reflexos delas no setor econômico? Ou talvez, mais uma forma de camuflar os erros, sem endireitá-los adequadamente? Sem dúvida a relevância de tal tema é indiscutível, mas a abordagem do mesmo pelas mídias e órgãos governamentais não está tendo a devida reflexão na sociedade, isso porque, apesar dos inúmeros recursos que existem atualmente, a aplicação deles para uma solução eficaz não satisfaz alguns grupos sociais.

Com toda certeza existem sim, movimentos, organizações, atitudes e projetos que aderem o verdadeiro ideal sustentável, e que são importantíssimos, pois todas as ações são capazes de mudar o mundo. Todavia, o percentual de reformas necessárias, estudos a serem feitos, medidas para se concretizar é muito grande e, portanto a conscientização aliada à prática deve ser, de certo modo, o estopim das revoluções que possibilitem as melhorias nos setores social, ambiental e econômico e, por conseguinte acarretem um desenvolvimento completo, uma verdadeira era sustentável.

 

O advento da Globalização

 

            Apesar de muitos historiadores, terem relatado o inicio do processo de globalização por volta da época das grandes navegações, sua acentuação se deu no final do século passado após o fim do socialismo. Com isso, surge uma nova era onde tudo acaba estando interligado, diminuindo fronteiras e aumentando relações.

            Por certo, um grande fator agregado à globalização é a alta produção e o consumo exagerado, já que as disputas entre mercados tornam-se acirradas e evidenciam uma luta maior entre o poder financeiro das classes altas contra as de menores recursos. Sendo assim, além de haver uma grande exploração do meio ambiente – muitas vezes não tomando as devidas atitudes de conservação – ocorre a evidenciação de uma pequena faixa social em grandes vantagens econômicas, em contraste a muitas pessoas sobrevivendo a condições de misérias.

            Segundo o Beato Papa João Paulo II: “É consternador ver uma globalização que dificulta cada vez mais as condições de vida dos pobres, que em nada contribui para resolver a fome, a pobreza e o desequilíbrio social, e que espezinha o ambiente. Esses aspectos da globalização podem levar a contrárias reações extremas, como o nacionalismo, o fanatismo religioso e até o terrorismo”.

            Logo, não adianta uma sociedade evidenciar a importância dos modelos sustentáveis ignorando uma realidade como esta que deve ser corrigida, e que até mesmo pelo próprio conceito de globalização, deveria se tornar uma preocupação a nível global e não só do particular de alguns.

 

Conceito de Sustentabilidade

 

Pode-se falar, de certo modo, que a sustentabilidade caiu no “modismo”, onde por ora não passa de grandes conceitos longe de atitudes. Essa realidade pode muito ser ilustrada através das reuniões com várias federações, que desde 1972 – na Conferência Mundial de Estocolmo – até atualmente – marcada pela Rio+20 – apresentam grandes e boas propostas,  mas não possuem a mesma disposição quanto aos resultados.

Dessa forma, para se aplicar um módulo sustentável na atualidade é necessário primeiramente conhecer o significado desse conceito, e para tanto há a divulgação de um fluxograma explicativo denominado “tripé da sustentabilidade”. Nele são destacados três pontos essenciais para o desenvolvimento, são eles: o econômico, o social e o ambiental. Conquanto, basear-se somente nessa explicação acaba sendo vaga, pois omiti grandes aspectos que devem ser integrados.

Assim, é necessária uma melhor explicação e conscientização do termo sustentabilidade. Pois, agrega sim o econômico, social e ambiental, mas tem que ser mais aprofundado, ressaltando importantes subdivisões desses campos. Estas que podem ser descritas em três fatores, por exemplo, no campo social em: família, governo e educação; no econômico em: produção, comercialização e proteção; e no ambiental em: exploração, conservação e reposição.

Com a conscientização desses pontos apresentados, a aplicação de atitudes de equilíbrio neles torna-se mais fácil por conta da participação mais efetiva de toda uma comunidade.  Proporcionando, assim, o desenvolvimento melhor e mais justo.

 

Do âmbito Social

 

            Inicialmente partindo do meio social, vê-se a necessidade de uma análise profunda das realidades bem extremas que se tem no mundo. Sem dúvida, as disparidades sociais de hoje em dia são bem tênues, o que pode dificultar as melhorias, mas como para alguma mudança é necessário um esforço, nenhuma boa ideia deve ser menosprezada. Dessa maneira, foquemo-nos em três pontos a serem avaliados: família, governo e a educação.

            Talvez o termo família, por ora tenha sido deixado de lado, mas ao contrário do que muitos pensam ela é o princípios das revoluções, pois é um berço de valores. Muitos chegariam a dizer: como assim? Mas pensemos: se o mundo está em uma fase carente de discernimento – pois o que é ruim caiu na indiferença – e de organização – já que tudo é permitido –, torna-se nítida uma extrema desvalorização. Assim, são nessas ausências que a família – pai, mães e tantos outros membros – devem interagir e integrar a formação compromissada e honrosa de pessoas de caráter.

            Ademais, o governo é outro fator indispensável para o crescimento social. Já dizia Aristóteles: “Todas as ciências e artes tem um fim e o mais importante é a política. O bem maior desta é a justiça; mas esta consiste no bem-estar da sociedade.”, tal afirmação é coerente a toda a realidade. É necessário ordem, e ela precisa se instaurar no mundo através do compromisso com um bem maior daqueles que são responsáveis por aplica-la, o que apesar de ser uma responsabilidade de todos é gerenciada por poucos.

            Por fim, a educação, esta que consolida todos os outros fundamentos anteriores, e que não se refere a somente um sistema capaz de formar intelectualmente o cidadão – o que já é importante -, mas se estende a proporcionar um potencial crítico. Para que, levando em consideração a grande disposição de possibilidades que existem, saibamos escolhe-las e usufruí-las corretamente.

 

Do âmbito Econômico

 

Inquestionavelmente, desde a existência do sistema monetário o desenvolvimento mudou seu foco, e aderiu-o como sendo em torno de todo potencial econômico. Por tal, motivo é que muitas das melhorias que precisam acontecer e que são previstas pelas realidades sustentáveis, são deixadas de lado porque abalariam este setor. Mas como é necessário mudanças conciliativas, o planejamento é uma excelente prática.

De acordo com Robert Greenhill, diretor administrativo e de negócios  do World Economic Fórum: “Os sistemas do século 20 não conseguem administrar os riscos do século 21; precisamos de novos sistemas em rede capazes de identificar e resolver riscos globais antes que se tornem crises globais”, o que reafirma projeções que abarquem ideias inovadoras e baseadas em conceitos sólidos de cooperação, evitando essa possível e futura crise. 

Então, em primeiro lugar deve haver o planejamento de todo o processo produtivo, este que deve agregar desde a extração da matéria-prima até as linhas de finalização. Sendo assim, a procedência de adequações não deve ser tida como uma bomba que surge do nada e corrompe todo o sucesso daquela empresa, mas sim como passos de comprometimento a serem dados que visam um sucesso ainda maior.

Por conseguinte, entra nesse fluxo o comércio, ou seja, toda a parte responsável em fornecer o produto ao seu devido cliente. A expressão “devido cliente” foi utilizada porque existem aqueles produtos cuja destinação é mais direcionada. Portanto, os responsáveis para a manutenção desse ciclo legal de comercialização são os próprios comerciantes, juntamente com os fiscais que tem por obrigação manter essa ordem.

É verídico o fato do crescimento do mercado ilegal, a pirataria, por exemplo, é um assunto de grande relevância no mundo inteiro, o que pode ser observado por uma recente lei formulada nos Estados Unidos – SOPA – contra o uso da internet na divulgação de downloads sem a compensação dos direitos autorais. Isso demonstra uma deficiência não só do setor econômico inteiro, dentro de um módulo sustentável, mas também uma corrupção social, já que a finalidade pelo qual alguns produtos são feitos não está sendo cumprida.

Com efeito, nestes parâmetros é que entra o fator da proteção em dois aspectos distintos. O primeiro deles está relacionado, quanto ao cumprimento da legislação no que tange todos os princípios econômicos, já explicados anteriormente. E o segundo quanto a garantir a validade dos produtos e serviços prestados, pois é muito comum observar problemas relativos aos mesmos após serem adquiridos.

 

Do âmbito Ambiental

 

Constantemente, se houve falar dos diversos problemas ambientais que o mundo está sofrendo, o que sem dúvida prevê uma atenção urgente por se tratar do lugar onde vivemos e obtemos tudo o que precisamos. Pode-se dizer, até mesmo, que a maioria das explicações para a sustentabilidade é o atual comprometimento do meio ambiente e suas repercussões no futuro.

Sobretudo, é fundamental questionar o porquê dessas preocupações, e a resposta a principio é bem simples: as consequências acarretadas pelo mal cuidado com a natureza. Sendo assim, nada mais obvio que iniciar revendo todos os processos de exploração, pois deve haver uma consciência de como se obter os produtos naturais sem interferir de maneira agressiva no ecossistema.

Decerto, cada ação tem uma reação, logo é necessária uma forma de explorar, e outra de recompensar. Para tanto a conservação juntamente com a reposição são ideias promissoras para uma melhora, a primeira porque é responsável por preservar todos os benefícios que o ambiente proporciona; enquanto a segunda se responsabiliza por adequar maneiras de repor tudo aquilo que foi extraído.

Sob o mesmo ponto de vista, prevê o WWF (World Wide Fund) que haverá um colapso na natureza até o ano de 2030, caso não sejam tomadas algumas providências para evitar essa catástrofe. De fato são inúmeros os problemas, e não existe uma solução instantânea para eles, mas é de suma importância nessa hora trabalhar com perspectivas futuras.

 

Aplicações tecnológicas

 

            Atualmente o crescimento tecnológico é muito acelerado, e possui uma vasta gama de áreas a serem exploradas. Cada pesquisa que está sendo realizada faz conexão com muitos conhecimentos, que proporcionarão uma maior aplicação do produto desenvolvido. Um bom exemplo de duas ramificações tecnológicas que estão se aflorando hoje em dia são: a biotecnologia e a nanotecnologia.

            De súbito, ambos os campos podem até parecem novos, mas ao contrário do que se pensa, já exercem influências a um bom tempo. A biotecnologia é uma área da ciência que incorpora os recursos naturais para desenvolver produtos e técnicas de utilidades. Nela há uma preocupação grande com o ambiente, pois busca sim usar recursos naturais, mas de maneira apropriada.

            Também a nanotecnologia, aplica técnicas capazes de explorar um “universo invisível”, ou seja, busca a extensão de propriedades de materiais em um espaço impossível de ser visto a olho nu (nano – micro). Dessa forma, ele já se incorporou no mercado pela capacidade de atuar com eficácia, por conta de um estudo maior desde as micropartículas.

            Entretanto com tantas inovações, a responsabilidade de como aplica-las aumenta, e para isso o conhecimento torna-se uma arma fundamental no bom uso de tais recursos. De acordo com a Dra. Maria Antonia Malajovich, Coordenadora de Biotecnologia do Instituto de Tecnologia ORT: “O desconhecimento aumenta o risco de rejeitar tecnologias promissoras, capazes de abrir perspectivas novas, com vista a um desenvolvimento sustentável em áreas tão críticas como a saúde, a produção de alimentos, a energia e o meio ambiente.” Logo, nada mais sensato de investir em recursos tecnológicos, mas também em profissionais de qualidade que saibam manuseá-los.

 

Provisões sustentáveis

 

Talvez depois da conscientização feita a respeito da sustentabilidade, surja o seguinte questionamento: E agora, o que fazer? Por mais que sejam grandes as necessidades, cada passo tem que ser encarado como uma vitória. Portanto, temos de ter em mente duas medidas, e são elas: as simples atitudes, e os grandes projetos, esta ultima que podem ser organizados por um núcleo de informação e aplicação.

Em primeiro lugar se aplicam as simples atitudes, que apesar de terem esse nome, possuem um grande valor no desenvolvimento, pois se tratam de ações cotidianas. Nesse sentido elas revigoram o meio social, através de participações ativas e conscientes de seu efeito, onde possibilitarão uma maior abertura às reformas ainda maiores.

Por consequência, vêm os grandes projetos que integram ideias maiores a serem aplicadas, ou seja, seriam medidas que exigem uma participação de outros órgãos, além dos cidadãos. Por tal motivo é que devem ser gerenciadas por um núcleo responsável em observar o problema, avaliar uma solução necessária – levando em consideração os princípios sustentáveis – e por fim coloca-las em prática.

Enfim, sabe-se que a sustentabilidade é a união de mediadas conciliativas no presente, para que tanto agora como depois seja possível usufruir os bens do desenvolvimento. E para tanto é fundamental tomar providências que satisfaçam os objetivos sustentáveis, e estas são: a conscientização, onde se interagem com toda a sociedade para a visualização daquilo que está sendo necessário; por continuidade a aplicação, onde as atitudes são tomadas; e por último o tão almejado desenvolvimento. Pois esta sim é uma verdade sustentável.