Este trabalho tem por finalidade mostrar a atuação da mídia frente a uma sociedade que se baseia no novo. Além disso, busca responder por meio de pesquisa qual a consequência da atuação desenfreada ou de uma falta de preocupação com as informações repassadas por esse meio importante de informação, entretenimento. Nesse sentido parte da busca de conhecer a origem da mídia para assim conseguir chegar ao resultado ou a uma possível resposta posta a pergunta: Uma sociedade manipulada?

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por finalidade mostrar a atuação da mídia frente a uma sociedade que se baseia no novo. Além disso, busca responder por meiode pesquisa qual a consequência da atuação desenfreada ou de uma falta de preocupação com as informações repassadas por esse meio importante de informação, entretenimento.

Nesse sentido parte da busca de conhecer a origem da mídia para assim conseguir chegar ao resultado ou a uma possível resposta posta a pergunta: Uma sociedade manipulada?

Para isso este trabalho se divide em três capítulos: no primeiro, surgimento e função destacam-se a busca pela origem e a função exercida. No segundo, o poder da mídia, procura demonstrar a força que a mídia possui e algumas de suas artimanhas além do papel que ela exerce na sociedade. Já no terceiro capitulo, proposta de uma educação crítica, surge a educação para ampliar o conhecimento e o poder de pensar sobre tudo o que é repassado pelos meios de comunicação.

 
2. SURGIMENTO E FUNÇÃO

A mídia em seu desenvolvimento veio para suprir a necessidade de comunicação do ser humano. Ele (o ser humano) que desde seus grunhidos, que era uma forma de comunicação, na Era Antiga passou a desenvolver um método de linguagem, a fala, a partir daí precisava fazer sua voz chegar mais longe e a comunicação foi evoluindo. Surge a escrita na pedra, argila, depois no papiro e assim os primeiros jornais que eram diários e lidos em praça publica surgem.

Mas os jornais não eram suficientes para a evolução, precisava-se um avanço ainda maior, então mais tarde, e depois com a Revolução Industrial onde as tecnologias também se fortalecem, e também com a evolução exigida pela Segunda Guerra Mundial, começa-se um aperfeiçoamento gigantesco nas comunicações. E precisamente "em outubro de 1954 o primeiro rádio comercial a transistor, o Regency TR-1, foi apresentado aos consumidores americanos" (MELLO, 2000).

Surgem também os telefones, fax e assim também nessa evolução, e sentindo a necessidade de ver a imagem de quem está falando, é criada a televisão, é claro que a televisão em cores só surge bem mais tarde, "em 1954, na rede norte-americana NBC" (wikipédia, 2009). Retratando sobre essa evolução Neitzel (2009) diz:

Num processo crescente, o homem desenvolveu a pré-escrita (modelagem), criou a xilografia (árabes), o papel, os caracteres móveis para impressão manual e a impressão mecânica. Assim, os escritos puderam atravessar distâncias geográficas e cronológicas, foram levados de um lado a outro do planeta e, ao transmitir conhecimentos entre pessoas de sua época, contribuíram para o registro da história humana.

Debruçado sobre seus projetos, o homem avança e transforma o presente e o futuro, num constante processo evolutivo, "O homem é o único ser que planeja. Joga-se para além de si, não aceitando o que a natureza lhe propõe nem o destino. (...) O futuro é dimensão fundamental do homem. Pelo projeto, torna-se senhor do futuro. Analisa o passado, retoma-o na memória, para ir adiante com ele ou apesar dele." (ALMEIDA, 1998, p. 78),sem que haja a simples substituição de uma técnica por outra, mas um "deslocamento de centros de gravidade"(LÉVY, 1993, p. 10.). Constata-se que sempre há movimentos crescentes e sucessivos na história: da oralidade para a escrita, da escrita para a imprensa, desta para o rádio e para a televisão, até chegar-se à informática e esta não pressupõe o fim dessa corrente evolutiva na construção das comunicações humanas.

Como disse no início deste capitulo o aperfeiçoamento dos meios de veicular a informação foram criados pela necessidade de o homem se comunicar. E este ao longo de sua história, mantém-se sempre na expectativa de desvelar novos horizontes, explorar territórios alheios, impulsionado pelo desejo de interação, de descoberta. A invenção da imprensa veio ao encontro desse desejo, "divide-se a História em antes e depois do surgimento da escrita" (FIALHO, 1993, p. 15).

Para a evolução na televisão dize-se que só surgiu mais tarde como a fonte Wikipédia(2009) diz:

o primeiro sistema semi-mecânico de televisão analógica foi demonstrado em Fevereiro de 1924 em Londres, e, posteriormente, imagens em movimento em 30 de outubro de 1925. Um sistema eletrônico completo foi demonstrado por John Logie Baird, Philo Farnsworth e Philo Taylor Farnsworth em 1927. O primeiro serviço analógico foi a WGY em Schenectady, Nova Iorque, inaugurado em 11 de maio de 1928.

E nessa evolução de comunicações o Brasil também se destaca com a TV Tupi:

A televisão brasileira, a exemplo da norte-amercana, já inicia sob o modelo comercial. O magnata das comunicações da época, Assis Chateaubriand, é o responsavel pela inauguração do primeiro canal de televisão, 10 de setembro de 1950, em caráter experimental. Oito dias depois,entra no ar, oficialmente, a primeira emissora do Brasil,a TV Tupi Difusora de São Paulo. (GUARESCHI; BIZ, 2007, p.35)

Indicadas a origem e a função da midia na sociedadepartimos para o segundo capitulo onde faz-se um retrato da força que os meios de comunicação exercem sobre a população de massa.

3. O PODER DA MIDIA

Primeiramente especificando um dos principais meios de comunicação de massa, a rede Globo de televisão, no Brasil e aqui retratando uma fala que ouvi recentemente de uma pessoa desconhecida: "instalaram a NET lá em casa, mas não pega a Globo, que fim! A melhor não pega se era pra ser assim nem precisava ter instalado" (fonte oral).

Não reparando a situação, mas avaliando apenas a frase central, a dada importância que se deu a rede Globo e tendo o cuidado para não afirmar que toda a idéia desenvolvida nesse capitulo parte dessa simples fala, segue-se.

Retrata-se nessa frase uma questão interessante o que leva a acreditar que só uma emissora é importante? O que faz da rede Globo ser assim, tão chamativa, ela faria uma espécie de lavagem cerebral onde todo mundo[1] que assistisse uma vez estaria condicionado a ver novamente?

Não, não sei se é certo afirmar que ela produz uma espécie de "zumbis", e isso seria até muito forte de se dizer perante ao pouco conhecido sobre o assunto.

Antes de adentrar no contexto dessa frase gostaria de lembrar que "[...]fundada pelo sofista Roberto Marinho, a TV Globo foi inaugurada em 26 de abril de 1965. Era apenas um pequeno canal do Rio de Janeiro, mas que cresceu e tomou dimensões inesperadas" (ROALY,2009).

Reparem no ano, 1965, estamos em 2009, são quase 45 anos de Roberto Marinho ou de sua família no império chamado de rede Globo. Isso não é um fato negativo, a não ser pelo fato de que todas as redes de comunicação são publicas e não possuem donos bem como é proibido a formação de monopólio, e que muitas pessoas ainda não conhecem esse direito, inclusive alguns "donos", conforme pesquisa feita por Guareschi e Biz (2007, p.17-34). Portanto mostrando uma falta de democracia na comunicação.

E voltando para a frase acima citada, destaca-se nesse contexto a forma chamativa em que os meios de comunicação atuam, trabalhando com clientes telespectadores, usando-se de imagens coloridas, instigantes que conduzem a busca do comprar o que se esta oferecendo.

Schwartz (1985, p.20) utilizando-se de algumas palavras chaves que retratam Deus na atualidade como onisciente, sem corpo, onipresente, compara a mídia com Deus, diz:

Os meios de comunicação são oniscientes, fornecendo conhecimento, provocando emoções e estabelecendo uma moral comum [...] eles afetam profundamente as atitudes da comunidade, as estruturas políticas e o estado psicológico de todo um país.

Para ele a mídia se traduz, ou tem como função muito mais que apenas ser aquele "aparelhinho", televisão, rádio, jornal,... Hoje ela toma a função de ocupar o espaço que eram dos pais na educação dos filhos, nesse caso inculturando a formar apenas um modelo de vida, ou pensar. É ela que traz todas as funções de educar, criar, e fazer pensar na sociedade. Portanto grande função, e para isso também grande responsabilidade.

E nesse retrato ele prossegue dizendo: "Os meios de comunicação são acessíveis a todas as raças e classes sociais: os analfabetos partilham da mesma cultura dos letrados, o filho do parceiro agrícola e o filho do banqueiro absorvem a mesma informação". (SCHWARTZ, 1985, pág.22)

Seguindo nessa lógica, Schwartz diz que a mídia esta presente em todas as culturas, entre ricos e pobres, e até de certa forma não exclui ninguém, abre caminho para seu pensar, mas sua ênfase em uma cultura criada e pensada para o consumismo é que preocupa. Exemplificando esse fato do consumismo, gostaria de fazer uma pergunta que com certeza você saberá responder: quantas vezes você já viu em uma novela a apresentação de produtos cosméticos ou alimentícios?

Certamente muitas. Estas mensagens estão sendo feitas abertamente, ou mesmo usadas para que você seja incitado a comprar. O método "usa que funciona" nunca foi tão mostrado como hoje, empresas desenvolvem programas que mostram o antes e o depois da utilização do produto, numa tentativa de provar que o produto funciona mesmo. "A pressão informativa arrasa a capacidade de reação ante a mensagem e, progressivamente, transforma o receptor em elemento passivo, sem capacidade de juízo critico". (GOMES apud NEOTTI, 1989, p. 46).

Para saber quais os produtos com maior aceitação no mercado,

[...]os meios de comunicação refletem as preferências das massas, mantendo estável sua audiência, eles vão criando um fenômeno social [...] (cantores, apresentadores, atores, etc.) [...] Rapidamente convertem-se em ídolos. Facilmente são tomados como modelos de personalidade. ( DE MELO, 1971, p. 43).

E nessa luta por uma melhor qualidade de informação prosseguimos pensando que a mídia é correta, que podemos confiar. Mas há um problema nisso tudo

"Estaremos iludidos se pensarmos que a tecnologia será dirigida principalmente para satisfazer demandas ou necessidades ou para resolver problemas conhecidos [...] a tecnologia é uma forma de multiplicar o supérfluo[...] trabalhando juntas , tecnologia e publicidade geram progresso através do aumento da necessidade do desnecessário".(SCHWARTZ apud BOORSTIN,1985. p. 67)

E como dizia Nascimento Silva (CRESQUI, 2009) em uma entrevista publicada no observatório da imprensa, para responder a pergunta:Qual é o principal problema na área das comunicações no Brasil, na sua opinião? Ele disse:

O Brasil não dispõe de uma verdadeira política de comunicação. Existem apenas as regulamentações de segmentos específicos, especialmente de aspectos técnicos. Mas a maioria dessas regulamentações está defasada. Essa inexistência de políticas consistentes de comunicação esvazia a política de telecomunicações, a política de cultura, além de comprometer os benefícios que a comunicação poderia proporcionar em várias áreas como educação, saúde e por aí afora.

Que o mundo vive em crise na área das comunicações, é certo, e diante disso é preciso ou resolver essa crise com um remédio anestésico, como sempre foi sendo feito, ou buscar uma solução final, mas enquanto isso não esta sendo feito precisamos nos proteger e para isso uma educação crítica surge pelo menos como uma solução por agora. E é esse ramo que será tratado no próximo capítulo.

4. PROPOSTA DE UMA EDUCAÇÃO CRÍTICA

Uma das tentativas de minimização das conseqüências de uma má forma de comunicação é a educação crítica e para isso precisamos de um diálogo entre a sociedade e os meios de comunicação. Um maior conhecimento por parte da população da importância desses meios e de como eles atuam.

É necessário que o público conheça que nem tudo o que ocorre passa na mídia, como esta sendo difundido. Alguns dias atrás, ouvi um comentário sobre a morte da menina Isabel, um fato muito comentado e que gerou informações por meses, dizia mais ou menos assim a pessoa: " acho que aquele caso da Isabel já está todo resolvido, a TV não fala mais nada"(fonte oral). Gostaria de deixar claro que minha afirmação não se baseia simplesmente nessa frase, mas que a importância da mídia frente a duração e a resolução dos fatos ocorre realmente na mente das pessoas.

Mas seguindo, SOARES (1988, p.12) diz:

[...] É a partir das propostas e sugestões das bases que se constrói, pelo diálogo e pela colaboração de profissionais da comunicação com visão global dos processos em questionamento, os planos de trabalho cujo objetivo final é sempre a construção de uma comunicação mais humana e mais adequada ao projeto integral de educação libertadora que deve sedimentar a própria discursão sobre os instrumentos e o próprio sistema de Comunicação Social.

E frente a resolução desse problema podemos muitas vezes nos deparar com

"[...] os que objetam que de pouco vale educar para atitudes críticas, pois a certeza de que a realidade não mudará, só faz crescer a angústia dos adolescentes e tirar-lhes a motivação para a ação". (SOARES,1988,p.6). Mas de nada vale pensar assim se não tentarmos, e objetivarmos nossa ação para que realmente conheçamos o que vemos e ouvimos.

Um exemplo de educação crítica ocorreu em 1979, com um projeto chamado LCC ( Projeto de Leitura Crítica da Comunicação),em São Paulo, desenvolvido pela União Cristã Brasileira de Comunicação Social. Neste, o rumo era,

"[...] uma abordagem acadêmica (os cursos eram constituídos de palestras sobre "ideologia", "indústria cultural", "manipulação dos MCS", "fluxo noticioso entre Norte e Sul através das Agências Noticiosas", etc.,ministrados por professores da área, e destinados a um publico que exigia informações especializadas para posterior reprodução junto de seus alunos ou liderados)"(SOARES,1988, p.10)

Esse projeto findou-se, mas deixou um exemplo de como podemos trazer as informações cada vez mais claras para o público que faz parte dessa rede que se criou em função de um mercado de informações, e de venda de produtos que se chama mídia ou MCS, meios de comunicações sociais.

Portanto, demonstrando ser possível uma mudança partindo desse âmbito, e sabendo que caminhos já foram abertos bastam ser percorridos e analisados no que não deram certo e por que não continuaram, precisamos trabalhar no entendimento desse importante canal de informação e de formação.

5. CONCLUSÃO

Diantede todo esse caminho percorrido pela evolução tecnológica e em possíveis avanços, fica claro uma precisão cada vez maior de uma política de informação séria e de um conhecimento cada vez maior por parte dos telespectadores.

É claro que muita coisa ainda é difícil de ser realizada como uma maior abertura das pessoas que estão inseridas e que atuam, ou reproduzem essas informações para o público, mas frente ao exemplo do projeto LCC, podemos dizer que somos capazes de tentar.

E diante de tanta informação que existe hoje, a educação é uma das forças de ataque contra a manipulação. Se pudermos por meio dela melhorar a visão de cada um, quem sabe poderemos melhorar a nossa visão de mundo.

Como relatado no texto, parece que o público virou apenas comprador, ou consumidor de informações, onde tudo é produzido com o fim de vender, e de manipular para consumir. Mas é preciso mostrar que ainda somos capazes de discernir sobre o que realmente precisamos, e não somos manipulados para o supérfluo.

Enfim, poderia aprofundar mais frente as consequencias de uma manipulação, mas devido a delimitação dada e ao tamanho que teria esse trabalho, abstive-me.

6. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Fernando José de. As aparências enganam. In: BRASIL. Salto para o Futuro: TV e Informática na Educação / Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, SEED, 1998. p. 78.

CRESQUI, Candice. ENTREVISTA / NASCIMENTO SILVA: Radialistas reivindicam controle público do setor. Fonte: observatório da imprensa. Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=537IPB005,12/5/2009. Acesso em 12 de junho de 2009.

DE MELO, José Marques. Comunicação, opinião, desenvolvimento. Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 1971.

FIALHO, Francisco Antonio Pereira. A eterna busca de Deus. Sobradinho, DF, Editora EDICEL, 1993.

GOMES, Pedro. O direito de ser: a ética na América Latina. São Paulo, SP, Edição Paulinas,1989.

GUARESCHI, Pedrinho e Osvaldo Biz Mídia & Democracia copyright dos autores dos autores, 2005

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Tradução Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro, RJ. Editora 34, 1993.

MELLO, João A. B. A História do primeiro rádio transistorizado do mundo. Disponível em: http://www.bn.com.br/radios-antigos/regency.htm. Acesso em18 de junho de 2009. 2000 © João A. B. Mello

NEITZEL, Luiz Carlos. Evolução dos meios de comunicação. Disponível em: http://www.geocities.com/athens/sparta/1350/evolucao_comunic.htm.Acesso: 12 de junho de 2009

ROALY, Danielson.Império ideológico. Disponivel em:

http://www.canaldaimprensa.com.br/canalant/midia/doito/midia6.htm.Acesso em 22 de junho de 2009.

SCHUWARTZ, Tony. Mídia: o segundo Deus. [ Tradução de Ana Maria Rocha]. São Paulo, SP. Editora Summus,1985.

SOARES, Ismar de Oliveira. Para uma leitura critica da publicidade. São Paulo, SP.Edição Paulinas, 1988.

WIKIPÉDIA.Televisão:História da tecnologia.Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Televis%C3%A3o. Acesso em 14 de junho de 2009.



[1] A palavra mundo nesse contexto retrata uma espécie de generalidade, mas não quer dizer exatamente o contexto mundial físico ou todas as pessoas, é um termo figurativo.