A oposição virtude-fortuna nunca abandonou a ética e, como esta surgia inseparável da política, a mesma oposição se fez presente no pensamento político. Neste, o governante virtuoso era aquele cujas virtudes o protegem do poderio da caprichosa e inconstante fortuna. Maquiavel retoma essa oposição, mas lhe imprime um sentido inteiramente novo. Para ele a fortuna é uma deusa boa, disposta a ser seduzida (como se tatá de uma deusa que era também mulher, um homem de verdadeira virilidade e de muita coragem, que possuísse virtù em alto grau conseguiria seduzi-la). Mas, antes de adentramos nesta relação, faz-se necessário apresentarmos uma síntese da obra O príncipe para que possamos compreender melhor a noção de virtù e fortuna.