Autor: José Patrocínio de Souza

Uma reflexão sobre o que representa o mês de agosto para algumas pessoas.

Agosto é para algumas pessoas um mês aziagas, ou seja, azarento. Supertição ou não, está no imaginário popular e La vai permanecer por muito tempo. Na história do Brasil , agosto é um mês de acontecimentos traumáticos que marcou com muita profundidade  a metade do século que passou. Primeiro o suicídio do presidente Getulio Vargas, ocorrido nas primeiras horas da manhã de 24 de agosto do ano de 1954, segundo ,a renuncia de Janio quadros, em 25 de agosto de 1961.

Essas duas datas são representativas porque fecharam ciclos de nossa historia mais ou menos recentes de nosso País. Brasil, que nas palavras do antropólogo e senador, que já se foi Darcy ribeiro, vem sendo construído aos trancos e barrancos. E falo isso porque os acontecimentos de agosto, de 1954 e de 1961, são daqueles que, apesar dos trágicos, ajudaram a construir nossa identidade como nação.

Quando por volta das 8h30 do fatídico dia 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas disparou uma bala contra o coração, o Brasil fechava um longo ciclo de mudanças que começou, como já dizia um historiador nacional, no momento em que vitoriosos, os tenentes da revolução de 30 amarraram seus cavalos na porta do palácio do cacete, sediado na cidade do Rio de Janeiro.

Esse gesto dos tenentes encerrava o período conhecido como republica velha, dos coronéis das províncias e da política do café com leite em que minas e são Paulo se revezavam no poder.

Vargas inaugurou o Brasil moderno, criou a legislação trabalhista, que foi a primeira manifestação desta tal modernidade, principalmente nas relações de trabalho desde que os portugueses por aqui chegaram precisamente em 1500. Desde então a indústria se alavancou, veio o ciclo de desenvolvimento desde então a Petrobras, que hoje serve de base ao desenvolvimento do nosso Brasil hoje.

Quando aquele tiro ecoou pelos corredores ainda vazios da residência presidencial, Vargas já havia como ele mesmo disse em sua carta testamento, deixado a vida política para entrar na História.

Porém quase sete anos depois , quando Janio Quadros renunciou á presidência da Republica , também num fato ocorrido no mês de agosto foi como se alguém estivesse dado um tiro no Brasil.

Janio presidente eleito com votação consagradora, cercado de expectativas otimistas, com sua renuncia , provocou um trauma de tal dimensão naqueles anos tumultuados do inicio da década de 60, que o país levaria quase 20 anos para absorver seus efeitos.

A fratura provocada pelo gesto inconsequente e egoísta de Janio Quadros que os fatos sugerem, pretendia voltar ao poder após a renuncia para estabelecer um governo autoritário, que de certa forma causou muito prejuízo ao nosso País.

A quebra da ordem constitucional se encontrava em um momento de muitos conflitos sociais e renitentes crises econômicas, estes deram lugar para os militares governarem o nosso País naquele momento.

O Brasil teve de amargar a extinção de seus partidos, as cassações de mandatos, a censura, a tortura e a perda, por longos anos, da experiência democrática, único caminho para educar uma nação e seus líderes na senda do aperfeiçoamento das instituições, da seriedade no trato da coisa publica e do sentimento de nacionalidade, aquilo que no plano individual se costuma chamar de autoestima.

Especialista em Docência do Ensino Superior

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