UMA REFLEXÃO SOBRE BRINCADEIRA E BRINQUEDOS DE GUERRA

EDUCAÇÃO FÍSICA

ARLENE PEREIRA DE OLIVEIRA

ESTELVANY FERREIRA DA SILVA

NAYHARARAMOS

O presente trabalho, foi elaborado a partir das reflexões propiciadas através do Seminário da disciplina de Pratica de Ensino V, do curso de educação física da UNIVALE – MG. Para a realização desse trabalho utilizamos o ambiente escolar com meio de campos de pesquisa, onde para tal fim foram aplicados questionários de maneira simples, como também cartazes para a demonstração e exemplificação do tema a alunos da 1ª a 4ª série do ensino fundamental.

A atividade de brincar da criança é estruturada conforme os sistemas de significado cultural do grupo que ela pertence. Então a criança reorganiza no próprio ato de brincar, de acordo com o sentido particular que a mesma atribui as suas ações, estabelecendo uma relação onde ela reproduz em função do interesse e do prazer que se pode extrair. Assim partindo dessa apropriação do mundo exterior, que passa por transformações, modificações e adaptações dando origem a uma brincadeira. Portanto, é preciso que façamos uma atenciosa análise e nos atenhamos para alguns detalhes, que na maioria das vezes são burlados, impossibilitando um conhecimento mais amplo, de fatores da atualidade, sendo difícil perceber a violência e a guerra como componentes da cultura.

Contudo, entendemos que o brinquedo representa uma das fontes que a criança utiliza para apropriar-se dos códigos culturais do mundo que a cerca, o qual remete tanto a questões da realidade da criança como do seu mundo de imaginação e fantasia. Tal questão propícia uma relação motivada pela constatação de que, atualmente, estão tentando coibir todas as brincadeiras em que as crianças dramatizem cenas de violentas e proibindo que elas tenham brinquedos como revolveres ou espadas de plástico. Partindo do pressuposto que se a violência está nos jornais, na TV e até nas esquinas, não da para negar que se para os adultos e difícil conviver com tanta agressividade, para as crianças é ainda mais complicado, gerando dúvidas tais como: entregar uma arma de brinquedos na mão de uma criança pode ser um incentivo à violência, sendo realmente prejudicial para a formação social da mesma? Essas conotações serão esboçada do decorrer do trabalho.

Segundo Irene Rissini, a questão do uso de brinquedos considerados agressivos e violentos é um debate muito sério. " A arma de brinquedo, por si só, não estimula um comportamento agressivo numa criança. É preciso um conjunto de fatores", e justifica, Tizuko Morchida Kishimoto, que "não é a eliminação das armas de brinquedo que vai acabar com a violência". Entretanto, percebemos em nossa pesquisa de campo, referente ao tema Brincadeira e Brinquedo de Guerra, tentamos compreender através das falas das crianças as brincadeiras presentes em seu cotidiano dentro e fora da escola, a imersão nesse universo infantil nos possibilitou vivencias de grande valia na apresentação do trabalho. Evidenciando que, se a criança quiser brincar de guerra, nem precisa da arma de plástico, e não é porque a criança brinca com arma ou aponta o dedo que se tornará um bandido, ficando nítido que a criança pode apontar qualquer graveto, e em seu imaginário seria uma arma.

Constatamos que existe um método consideravelmente simples para perceber a diferença existentes entre a brincadeira e a violência, para isso basta, quando elas estiverem brigando, perguntarmos se estão brigando de verdade ou se é de brincadeira. Reconhecemos que por mais incrível que possa parecer, a briga de mentirinha é a entrada na brincadeira expressando as ações do meio no qual elas estão inseridas.

É necessário relatar que Gilles Brougére (2001-p.79 e 2002- p. 22;23), identifica algumas estruturas, como a relação existente entre a guerra e o jogo coletivo e chama a atenção para a presença da cultura definindo o jogo, sendo preciso reconhecer que a guerra e a brincadeira estão baseadas no principio de oposição de dois campos, ou seja, na existência de um vencedor no fim de um combate. De acordo com a pesquisa citada, percebemos essa relação nos exemplos mencionados nas respostas dos entrevistados, podendo apontar a queimada onde existe o combate de duas equipe, assim como na guerra propicia um vencedor.

Em suma acreditamos que a brincadeira é sempre uma simulação, representação do mundo real, e que a criança sabe distinguir durante a brincadeira realidade da fantasia, o que ficou explícito em nossa entrevista, num melhor dizer eles aprendem a desafiar e a se confrontar com a cultura e com a violência do mundo quando brincam. E esse confronto na brincadeira é vital para seu desenvolvimento, já que é uma forma de ajustar o emocional. As crianças que brincam adquirem uma resistência contra a própria violência do ambiente, na medida em que ficam mais equilibradas. Algumas brincadeiras, que parecem violentas para o adulto, são atraentes para as crianças, principalmente as do sexo masculino, porque é um desafio e exigem maior movimentação.Portanto apresentamos a importância de não reprimir todos os jogos de faz - de –conta violentos, pois é primordial que a criança descubra em todos os seus aspectos, e que de certa forma permita a analise de fatores importantes na formação do ser humano.

ReferênciaBibliográfica

BROUGERE, Giles; Brinquedo e Cultura; 4ª edição; Cortez; São Paulo; 2001