Dez anos completaram este ano (2008) que iniciei um trabalho social juntamente com um grande amigo. A entidade criada por nós visa tratar dependentes químicos sejam eles alcoólatras ou dependentes de outras drogas.

Certamente uma longa caminhada onde podemos ter sido protagonistas, autores e expectadores de varias cenas e histórias que rendeu grande aprendizado como também, a certeza de que as drogas é um grande desafio para as famílias e a sociedade de um modo geral.

Infelizmente, quando fazemos uma retrospectiva de 10 anos atrás aos dias atuais percebemos que, em relação aos frutos que a sociedade produziu no combate, no desenvolvimento de terapias para minimizar o sofrimento dos que são acometidos da dependência química é quase nula. Observamos que em 10 anos a atuação do poder público em relação a prevenção, ao tratamento é também nula – salvo em alguns estados ou municípios. Observamos que a atuação dos órgãos públicos em relação a prevenção não caminhou quase nada. Enfim, tudo está como há 10 anos atrás.

As políticas públicas sociais hoje que visa dar proteção as crianças, apenas mantêm-se no papel. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), bem elaborado em Leis, mas que na prática não tem evitado das crianças viverem nas ruas, ociosas e abandonadas devido grande parte dele (estatuto) encontrar sem aplicação de ordem estrutural em sua implementação.

As novas leis vieram para dar mais amparo e proteção às crianças, tirando-os do mercado de trabalho, já que a criança tem direito a educação, brincar, etc. No entanto, o que vemos são adolescentes ociosos e sem perspectivas de futuro pela falta da presença do estado que os deixa jogado nas ruas.

Durante estes 10 anos o que pudemos ter observado é o estado por meio da ANVISA, ter colocado normas onde dificultou as entidades que atuam nesta área a desenvolverem suas atividades. Enfim, o estado além de não ter feito quase nada no avanço cientifico sobre drogas, não ter conseguido diminuir a demanda do aumento de usuários, não ter avançado no apoio as instituição que opera no tratamento não dando suporte logístico, de capacitação das entidades tem fiscalizado e pressionado as entidades adequarem suas instalações segundo as normas da ANVISA sem nenhuma contra-partida.

Em suma após 10 anos de experiência nesta área, ainda vemos que estamos muito longe da luz do túnel e que, a sociedade caminha para o aumento da demanda. Que a sociedade de um modo geral está desinteressada sobre este tema, embora, mais de 20% sofre direta ou indiretamente com o problema das drogas em seus lares. Enfim, o que analisamos é que estamos atualmente no mesmo patamar de 10 anos atrás, ou melhor, estamos piores, pois temos muito mais usuários e dependentes químicos hoje do que no passado não devido ao aumento da população, mas sim, a demanda do uso de drogas.

O único ponto positivo que não podemos deixar de ressaltar é a luta heróica de pessoas que, mesmo lutando contra a adversidade, mantém suas entidades abertas, muitas vezes sem recursos financeiros para atender seus pacientes. Muitos grupos de apoio que permanecem ativos ainda que fazendo reuniões com meia dúzia de pessoas. Pastorais Sociais que mesmo sem apoio dos seus pastores, não perdem o entusiasmo e continuam nesta luta desigual e sem fim. 

Ataíde Lemos

Faço palestras ( [email protected])
Autor dos livros 
Drogas Um Vale Escuro e Grande Desafio para Família 
O Amor Vence as Drogas