CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS ENGENHEIRO COELHO
CURSO LATO-SENSU EM PSICOPEDAGOGIA









UMA PROPOSTA DE APLICAÇÃO DE MÉTODOS DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL NA PREVENÇÃO À SINDROME DE BURNOUT










JAQUELINE SOUZA VIANA




ENGENHEIRO COELHO
2010










Trabalho de Conclusão de Curso elaborado por Jaqueline Souza Viana, para obtenção do título em Psicopedagogia, sob o título "Uma proposta de aplicação dos métodos da psicopedagogia institucional na prevenção da Síndrome de Burnout", apresentado em 26 de Novembro.




Profª. Dra. Marinalva Imaculada Cuzin
(orientadora)




Prof Dda. Profª Luciane Hees
(segunda leitora)



UMA PROPOSTA DE APLICAÇÃO DE MÉTODOS DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL NA PREVENÇÃO À SINDROME DE BURNOUT

Resumo: Esse artigo apresenta uma proposta de aplicação da metodologia da Psicopedagogia Institucional como processo preventivo contra os fatores desencadeantes da Síndrome de Burnout e aponta os principais fatores contribuintes para o desenvolvimento desta patologia correlacionando ao cotidiano do sujeito. Descreve os métodos da psicopedagogia institucional e a aplicabilidade adequada desta ciência visando à prevenção contra a Síndrome de Burnout. Trata-se de pesquisa bibliográfica.

Palavras-chave: psicopedagogia, Burnout, fatores desencadeantes e prevenção.

Abstract: This article presents a proposition of aplication of methodology on the Institutional Psicopedagogy as a preventive process against triggers of Burnout Syndrome and lead to main contribuiting factors regarding the development of this patology, linked to the daily basys of the person. It describes the methods of institucional psicopedagogy and the apropriated aplicability of this science seeking for the prevention against the Burnot Syndrome. It means of bibliografic research.

Key-words: Psicopedagogy, Burnout, triggers and preventio factors

Introdução

No mundo profissional a competitividade faz parte da rotina em todos os seus aspectos, determinando ao individuo permitir-se a abusos e excessos, o que conduz a uma série de implicações negativas acarretando desequilíbrios tanto na vida profissional quanto na familiar. Diante deste quadro, detectou-se por meio de observações e estudos dirigidos, um grupo que se enquadra perfeitamente no que foi denominado mais tarde como a Síndrome do Esgotamento Profissional. O desânimo e o desgosto com o trabalho, preocupações, insatisfações generalizadas e pressões, compõem o conjunto perfeito que consomem as energias físicas e psíquicas; desestabilizando o indivíduo, especificamente tratado neste artigo em seu aspecto profissional.
Na esfera institucional os efeitos do burnout são sentidos, tanto na diminuição da produção, quanto, na qualidade do trabalho. Diante destas circunstâncias as conseqüências são: absenteísmo, aumento no índice de acidentes ocupacionais, recorrências médicas, alta rotatividade, para não citar a improdutividade. Isso ocorre porque as transformações no mundo do trabalho implicam em transformações no individuo que o realiza.
A Síndrome de Burnout surgiu num momento em que, em nome do progresso, todo o sistema determinou a produtividade a qualquer custo não considerando os limites humanos e o resultado, é a sobrecarga humana.
Tendo os transtornos de ansiedade uma prevalência significativa na sociedade e considerando que causam sofrimentos pessoais e encargos sociais (LEPINE, 2002), é de fundamental importância identificá-los, visto que tendem a ser crônicos e se não tratados, podem ser incapacitantes.
No presente estudo buscaremos encontrar respostas sobre como a psicopedagogia institucional poderia interferir de modo preventivo e orientador na Síndrome de Burnout.

Síndrome de Burnout

A expressão Burnout foi incluída no vocabulário popular por volta de 1940, por ser utilizado por engenheiros mecânicos, para designar a pane geral em turbinas de jatos. Mais tarde, nos Estados Unidos em 1974, o psiquiatra Hebert J. Freunderberger associou o termo ao estresse crônico e á exaustão física e emocional em um artigo escrito para o Journal of Social Issues. O termo foi aplicado após seus estudos, com um grupo de médicos residentes em nível elevado de estresse, onde observou uma redução gradual de humor, irritabilidade, indiferença, frieza emocional, desmotivação, entre outros sintomas físicos e psíquicos que revelam uma performance de esgotamento. Alguns de seus sintomas são: inapetência, insônia, cansaço, falta de concentração, auto estima inadequada, conflitos interpessoais e apatia emocional. O burnout é um risco ocupacional a que estão expostas pessoas que trabalham em profissões onde os contatos interpessoais são muito intensos.
Atualmente, o termo é aplicado para definir o alto nível de estresse diretamente relacionado ao ambiente de trabalho, definido por Herbert J. Freudenberger (1974, p. 159-165) como "(?) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente relacionada à vida profissional".
Reinhold (2002, p.64) nos diz que:

O burnout (consumir-se em chamas) é um tipo especial de estresse ocupacional que se caracteriza por profundo sentimento de frustração e exaustão em relação ao trabalho desempenhado, sentimento que aos poucos pode estender-se a todas as áreas da vida do individuo.

Segundo Trigo (2007, p.45) "o burnout foi reconhecido como um risco ocupacional para profissões que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos". No Brasil, o Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, aprovou o Regulamento da Previdência Social e, em seu Anexo II, trata dos Agentes Patogênicos causadores de Doenças Profissionais. O item XII da tabela de Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho (Grupo V da Classificação Internacional das Doenças ? CID-10) cita a "Sensação de Estar Acabado" ("Síndrome de Burnout", "Síndrome do Esgotamento Profissional") como sinônimos do burnout, que, na CID-10, recebe o código Z73.0.
Reinhold (2002, p.71) nos diz que:

O Burnout é uma síndrome multifatorial que parece resultar da conjunção de fatores internos (vulnerabilidade biológica e psicológica) e externos (ambiente de trabalho). Quando interpretados negativamente, como uma ameaça a sua auto-estima, sem condições de enfrentamento pode surgir sintomas típicos de exaustão física, emocional e mental.

Outro aspecto interessante é o fato da atribuição do desenvolvimento do burnout que vem sendo questionada e ampliada a outros profissionais, o que antes pertencia apenas à trabalhadores cuja, atividades envolvem a questão da ajuda, entretanto, esta posição deve ser analisada com cuidado, segundo experiências e pesquisas, o índice é muito maior para profissões que indiquem envolvimento emocional. (KUROWSHI, 1999)
De maneira geral, todos os autores reconhecem a importância do papel desempenhado pelo trabalho, assim como da dimensão social, relacional da síndrome, também concordam que os profissionais que trabalham diretamente com outras pessoas, as assistindo, ou como responsáveis de seu desenvolvimento e bem estar, se encontram mais susceptíveis ao burnout. (PEREIRA, 2002, pp. 15-16)
Atualmente, o instrumento de avaliação mais utilizado para diagnóstico do burnout é o MBI ? Maslach Burnout Inventory, (SCHAUFELI e EZMANN, 1998), publicado por Maslach e Jackson, e que já tem sua terceira edição. Suas duas primeiras edições dirigiam-se somente aos profissionais da área da educação e saúde o que foi mais tarde comprovado não ser uma exclusividade de fato. O presente estudo sugere a terceira edição denominada GS ?General Survey, que pode ser aplicado a todas as demais profissões.

Fatores desencadeantes do Burnout

Vários são os elementos estressores que podem facilitar a Síndrome de Burnout, entre elas as características de personalidade, tipo de função exercida até o ambiente organizacional onde se trabalha. Características de personalidade e as demográficas isoladamente não podem ser consideradas responsáveis pela síndrome, mas num contexto comprometido, podem desencadear seu desenvolvimento.
O quadro abaixo apresenta características básicas segundo os autores Benevides; Pereira (2002), Codo; Menezes (1999), Firth (1985), Gil-Monte; Peiró, (1997), Maslach, Schaufeli; Leiter, (2001), Schaufeli; Ezmann (1998) entre vários outros que apresentam estudos sobre essa síndrome.

Resumo Esquemático dos Mediadores, Facilitadores e/ou Desencadeadores do Burnout
Adaptado de Benevides; Pereira (2002, p. 69.)

A combinação destas características pode desencadear ou adiar o desenvolvimento do processo do burnout. Não rara às vezes, um agente estressor pode não exercer nenhum tipo de influencia sobre determinado individuo enquanto que para outro pode ser extremamente nocivo a saúde. O mesmo ocorre quando se considera o contexto de vida; há momentos que determinado estressor ocasiona resultados totalmente diferentes se vivido em outro período de sua experiência.
Partindo do pressuposto de que os fatores desencadeantes ocorrem dentro de um período de médio ao longo a prazo, pode se considerar que o fator precaução poderia auxiliar como inibidor do processo de desenvolvimento da síndrome através de estratégias preventivas como meio alternativo para o controle do burnout como veremos no próximo capitulo.

Alguns conceitos sobre Prevenção

O significado das palavras prevenção e precaução confundem-se, representando o mesmo resultado Edis Milaré (2005, pp. 165) comenta que:

... prevenção... significa ato ou efeito de antecipar-se, chegar antes; induz uma conotação de generalidade, simples antecipação no tempo, é verdade, mas com intuito conhecido. Precaução é substantivo do verbo precaver-se (do Latim prae=antes e cavere=tomar cuidado), e sugere cuidados antecipados, cautela para que uma atitude ou ação não venha a resultar em efeitos indesejáveis. A diferença etimológica e semântica (estabelecida pelo uso) sugere que prevenção é mais ampla do que precaução e que, por seu turno, precaução é atitude ou medida antecipatória voltada preferencialmente para casos concretos. Preferimos adotar princípio da prevenção como fórmula simplificadora, uma vez que prevenção, pelo seu caráter genérico, engloba precaução, de caráter possivelmente específico.

Historicamente, os conceitos sobre prevenção, estão associados à saúde, qualidade de vida física e emocional. O conceito de prevenção para Durlak (1997. pp.01-21) envolve as diversas áreas de conhecimentos, entre elas a educação, psicologia, medicina, sociologia, entre outras por conta dos multifatores e dos objetivos que devem contemplar os programas de prevenção, em função das necessidades individuais e a de grupos. Já as primeiras propostas formais de intervenção em sentido preventivo segundo Albee e Gullotta (1997. pp 03-21) consideraram o aspecto mental, emocional e educacional. Este processo ocorreu no século XX e seu fator motivador foi à segunda guerra mundial. No fim dos anos setenta, os EUA oficializaram a criação do primeiro comitê de prevenção à saúde, a proposta envolvia a participação de diversos profissionais, tais como, médicos, paramédicos, psicólogos, e educadores que trabalhavam diretamente com as vítimas de problemas emocionais. Dentre os problemas mais comuns, entre as vítimas das guerras, estão à depressão, a raiva, discriminação, desemprego e pobreza. Com o passar do tempo as ações preventivas se ampliaram passando a ser desenvolvidas junto a famílias e escolas, e contemplavam agora não somente vitimas da guerra, mas em sentindo preventivo, todo o contexto social. Diante deste quadro amplia-se a importância e a necessidade do desenvolvimento de programas de prevenção e intervenção.
Ainda neste sentido outra contribuição muito relevante é a de Albee; Joffe (1977), onde os autores propõem distintos níveis para um trabalho preventivo tais como a prevenção primária, secundária e a terciária. Na prevenção primária a ação é evitar problemas, especialmente por meio de programas educacionais. Esses programas são destinados a todos e não somente a um determinado grupo da população. A prevenção secundária é uma intervenção focalizada a um determinado grupo e ocorre após o diagnóstico onde o objetivo é a proteção de determinado grupo de risco. A prevenção terciária é ação mais ampla tendo por objetivo a intervenção onde os problemas já estão instalados. Desta forma visa reduzir os efeitos e conseqüências de tais problemas. Verifica-se nesta pesquisa a relação próxima do conceito de prevenção e os objetivos da psicopedagogia como veremos a seguir.

Psicopedagogia Institucional

Nos registros históricos, a psicopedagogia surge na Europa em 1946 e apresenta inicialmente uma visão mais organicista e patológica da dificuldade de aprendizagem onde sua finalidade era a reeducação de crianças que possuíam alguma necessidade especial. Seu avanço, porém se dá ao considerar como seu objeto de estudo, o processo de aprendizagem e como todos os elementos envolvidos nesta sistemática poderiam facilitar ou prejudicar seu desenvolvimento. Atualmente podemos definir a Psicopedagogia como uma área do conhecimento cujo objeto de estudo é o ser cognoscente e que tem por objetivo facilitar a construção da aprendizagem e da autonomia desse ser identificando e clarificando os obstáculos que podem impedir que esta construção aconteça em qualquer nível ou ambiente.
Partindo da premissa de que a :

Psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio - família, escola e sociedade, no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia.

Considerar-se-á os vários objetivos da área em questão, dentre eles, os de: evitar possíveis interferências no processo de aprendizagem como um todo; impedir que dificuldades existentes se agravem; restringir gravidade destas dificuldades ou mesmo adiar seu desenvolvimento, atuando ativamente nos processos educativos no sentido de evitar ou diminuir os problemas de aprendizagem e os fatores desencadeadores da Síndrome de Burnout nas mais variadas áreas e ambientes ocupacionais.
As constantes mudanças no contexto organizacional e o desenvolvimento de sua estrutura, que ocorrem naturalmente como conseqüência do progresso em suas diversas facetas, influenciaram diretamente no surgimento de novas frentes de trabalho. O processo de formação progressiva é atualmente a principal fonte de vantagem competitiva entre as organizações exigindo modificações rápidas e eficazes que permitam a troca do conhecimento dentro do ambiente profissional exigindo cada vez mais que a equipe esteja integrada, aberta á mudanças, assumindo as novas funções que o sistema exige, que seja flexível e se adapte à rápida transformação do contexto social e as tendências comerciais considerando especialmente a mudança de comportamento dos indivíduos.
O fato é que a busca por maiores resultados de produção tem considerado o ser humano somente com suas possibilidades, mas não com suas limitações, o que em muitos casos pode gerar desgastes irreversíveis. É neste contexto que a Psicopedagogia se estabelece com a analise e a atuação junto ao sujeito em processo de aprendizagem, seja lá qual for seu nível e campo de atuação; com uma ação complexa que exige do psicopedagogo conhecimento multidisciplinar o que contribuirá para que cada um, a partir de sua individualidade, aprenda a ser, a conhecer, a fazer e a conviver.
Aplicando a psicopedagogia enquanto área de conhecimento em consideração à necessidade da formação continuada e seus respectivos desafios, apresentaremos no próximo capitulo algumas estratégias facilitadoras neste processo.

Psicopedagogia: Possibilidades Preventivas à síndrome de Burnout

Os planos de prevenção referidos neste artigo são fundamentados em Bossa (2000), que propõe três níveis de intervenção psicopedagógica sendo: a primária, secundária e terciária. A classificação das estratégias neste trabalho ocorre também no modo individual, institucional e com foco na relação individuo/instituição.
No primeiro nível a psicopedagogia, age junto aos processos educativos tendo como objetivo evitar os problemas de ajustamento na aprendizagem ao longo de todo o seu processo. As questões de metodologias devem ser consideradas bem como a formação e o acompanhamento dos profissionais envolvidos. O processo de sensibilização possibilita e promove a impressão da filosofia da instituição em cada individuo desde o staff até a administração. Ainda neste primeiro nível: a informação especificamente sobre a síndrome de burnout é atributo fundamental ao psicopedagogo, a fim de que possa articular estratégias assertivas para sua prevenção, sendo assim, torna-se essencial conhecer o profissional e seu meio para dar início á uma ação de reeducação.
A finalidade no segundo nível é a de amenizar dificuldades já alojadas no corpo institucional propondo medidas para solucionar a problemática ou pelo menos evitar que os transtornos voltem a se repetir. Para facilitar o desenvolvimento de tais medidas é necessário a nível institucional, trabalhar na elaboração de um diagnóstico da realidade da organização como um todo, sem deixar de considerar suas partes, identificando os agentes mediadores da síndrome.
Através de palestras conscientizadoras voltadas ao tema e questionário pré-estruturado, os próprios funcionários podem auto avaliar-se. Neste caso, a psicopedagogia pode propor e/ou promover condições saudáveis de trabalho no ambiente ocupacional valendo-se das regras básicas de saúde tais como o período para descanso, alimentação equilibrada, atividade física, bom relacionamento interpessoal, função exercida de acordo com as habilidades e competências do individuo, etc.
A ética e o bom senso são parte integrante especialmente nesta fase do processo já que, em muitos casos o que se verifica é a necessidade da revisão do programa institucional assim como sua articulação. O trabalho de conscientização deve ocorrer também a nível institucional por meio da liderança, sendo assim, o ideal é que se alcance apoio da instituição, o que nem sempre é um fato; por esta razão a ação psicopedagógica torna-se limitada somente ao campo individual o que pode comprometer os resultados finais.
Eliminar transtornos já existentes é o caráter preventivo no terceiro nível no qual a meta é controlar que outras situações problemas surjam por intermédio das primeiras. No aspecto individual é necessário identificar quais são os elementos estressores e examinar as táticas de enfrentamento que estão sendo aplicadas pelo individuo/instituição. Se a constatação for de que as táticas utilizadas são incorretas a psicopedagogia deve investigar e apresentar dentro do contexto, novas alternativas, no entanto, quando verificado que o emprego da estratégia é impossível, a orientação para o grupo de risco ou para individuo acometido pela síndrome é a de evitar o contexto estressor.
Quando a síndrome já esta em estagio avançado a atribuição da psicopedagogia diante do diagnóstico deve ser a de encaminhar á um profissional habilitado para casos de estresse e burnout que já tenha se apropriado das técnicas para seu controle através da psicoterapia. No plano institucional o profissional preparado para desenvolver ações voltadas para saúde ocupacional é o mais indicado. O psicopedagogo bem preparado por sua vez, tem qualidades para avaliar os aspectos saudáveis e os nocivos dentro da organização e propor planos de ação para ampliação dos elementos positivos e inibição dos negativos. Caso as queixas do individuo se refiram também a outros aspectos da vida a orientação segundo PAIN(1985) é a realização da psicoterapia.
A inferência do que se apresenta neste trabalho é o fato de que a psicopedagogia tem como objetivo central a análise do processo humano no conhecimento: seus padrões evolutivos normais e patologias bem como a influência familiar, escolar e social em seu desenvolvimento (SCOZ, 1992; KIQUEL, 1991).
Não houve aqui pretensão de esgotar as possibilidades de atuação no campo psicopedagógico, mas o de incitar outros estudantes do tema na busca de métodos de aplicação mais específicos e por conseqüência mais eficazes.

Metodologia

Primeiramente, foi realizado um levantamento bibliográfico, no período de Julho de 2010 a outubro de 2010, em periódicos de psiquiatria, a saber: Revista Brasileira de Psiquiatria, Revista Latino Americana de Psiquiatria. A opção por esses periódicos deve-se ao fato de terem sido considerados os de maior circulação entre os autores do presente estudo. Alguns livros como A Psicopedagogia no Brasil (BOSSA 2000); Burnout: quando o trabalho ameaça o bem estar do trabalhador (PEREIRA, 2002) entre outros foram avaliados. Artigos que, em seus títulos, mencionassem as palavras psicopedadogia, prevenção e burnout, também foram avaliados.
Utilizou-se, ainda como recurso, a internet para busca dentre os quais se destaca as seguintes bases: "Scielo", "Houaiss", "4 Shared", Google academic" .
Após o levantamento da bibliografia, o material foi organizado por assunto. Na seqüência, este material foi submetido a releituras, para realizar uma análise interpretativa direcionada pelos objetivos prévios e agrupados por aspectos históricos e conceituais para facilitar o trabalho.

Considerações Finais

Estudos mostram que as competências intelectivas do indivíduo não devem ser consideradas isoladamente quando se refere a aspectos influentes no sucesso ou no fracasso educacional, ou seja, em todas as áreas da vida de um individuo enquanto aprendiz, e que é possível delinear maneiras de se otimizar a realidade da insatisfação pessoal e por conseqüência a inapetência profissional, agindo diretamente na origem do problema.
O psicopedagogo deve ter como objetivo atenuar o desgaste psicológico e físico do aprendente que, envolvido num ambiente de inadequação moral e física é passivo de apresentar dificuldades ligadas aos processos de aprendizagem. A educação tem como funções primárias a manutenção, a socialização e a transformação; mas, ao mesmo tempo, fortalece a repressão que lhe é imposta.
Elementos estressores que agem de modo constante em ambientes ocupacionais podem ser ameaçadores especialmente quando se considera a maneira como cada indivíduo responde a estes estímulos. A conseqüência pode ser um ambiente prejudicial e determinante para o desenvolvimento de algum tipo de transtorno e em especial como analisado neste trabalho, a síndrome de burnout.
A integração e o ajustamento do profissional ao seu ambiente de trabalho o torna mais produtivo e interessante a instituição reduzindo consideravelmente o índice de licenças médicas, afastamento por invalidez, entre vários outros.
Identificar antecipadamente ambientes e ocorrências que ameacem a saúde da Instituição bem como a do individuo deve ser a principal ação do psicopedagogo no que tange a prevenção. É necessário entender que o trabalho torna-se nocivo a saúde quando o meio não oferece oportunidade de adequação ao indivíduo.
O papel da psicopedagogia é avaliar cuidadosamente o ambiente ocupacional e interpretar o fator prioritário para uma adaptação adequada com objetivo de coibir o desenvolvimento de uma patologia orgânica. Considerando o panorama da instituição como um todo, bem como suas partes através da conscientização dos profissionais passivos de serem acometidos pela síndrome, é possível aplicar métodos preventivos, orientadores e de reeducação mais efetivos na atmosfera profissional visando implantar um ambiente mais humanizado e por conseqüência com mais qualidade de vida. Pereira (2002, p. 274). nos diz que:

[ ] À medida que a sociedade passa a entender e valorizar a relevância de propiciar melhores condições laborais, também começam a brotar investigações que possam embasar as modificações necessárias para que tais condições se instalem. Talvez por isto estamos tão atrasados neste aspecto e apenas começando a concentrar esforços neste sentido. Faz-se necessário compensarmos o tempo perdido.

O equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal é determinante para assegurar inteireza tanto mental quanto física, o que pode viabilizar o processo de aprendizagem continuada sem conflitos, inseguranças tendo em vista o sucesso.

Referências

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