UMA LUZ CELESTIAL EM MINHA VIDA

 

Diante de Deus, que todas as coisas vivifica” (1Tm.6:13), e que “revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com Ele mora a luz.” (Dn.2:22), responsabilizo-me plenamente pelo testemunho que estou exarando neste privilegiado espaço.

No dia 04/AGOSTO/1979, eu liderava uma equipe de Soldados num dos postos de serviços mais importantes da Base Aérea de Anápolis (BAAN), em virtude do plantão para o qual fora escalado naquele sábado. Por motivos óbvios vou omitir o nome do posto dessa Organização Militar precípua da Aeronáutica, sede dos caças supersônicos de interceptação Mirage 2000B/C.

O abençoado plantão transcorria normalmente e, no belo crepúsculo daquele dia, nuvens flamejantes em ouro e escarlate, como enormes línguas de fogo, coroando os cimos dos montes distantes, anunciavam uma noite não menos bela e despertavam em meu coração indefiníveis sentimentos.

Noite em curso, os ponteiros do relógio cravavam 21:00h, quando chegou o nosso tão aguardado farnel, transportado num Jeep por um Soldado assaz desengonçado que, com aspecto de quem havia acabado de atravessar o Saara, cuspia amiúde a poeira tragada durante o percurso, enquanto dava palmadas na pala do seu barrete e vociferava o inculcado jargão diário da Caserna.

Uma hora depois, quando a equipe já havia ceado e se recolhido aos beliches, mergulhei-me na escuridão objetivando apreciar um pouco mais aquela negrejante quietude, aformoseada por um céu recamado de incontáveis estrelas. Grilos, pirilampos e corujas, dentre outras criaturas que compõem o cenário noturno, participavam comigo daquela bênção sem-par.

Foi quando vi surgir, oriunda do oeste, uma forte luz que alumiou todo o chão, cuja intensidade deixou-me sobremodo perplexo...

Quem está habituado a ver aeronaves, como eu (afinal foram dezoito anos servindo à Força Aérea Brasileira), sabe que as mesmas dispõem dos recursos necessários para os voos noturnos. Assim sendo, luzes no trem dianteiro, nas asas, na cauda e noutros lugares, algumas intermitentes, são imprescindíveis a essas engenhocas. Quanto ao barulho, este é mais ou menos intenso, dependendo do tipo de reator que as equipa.

Ocorre que eu vi uma luz única, contínua, que iluminou todo o meu derredor, não me permitindo destarte ver forma alguma. Nenhum som se fez ouvir. Sua altura e velocidade eram, consoante meus cálculos, 40m e 10km/h, respectivamente. Quando eu consegui gritar o nome da sentinela (pois que fora apanhar algo no alojamento), a luz partiu a toda velocidade, na direção leste, de tal modo que o Soldado não conseguiu vê-la.

Então liguei imediatamente para o DTCEA-AN/DECEA/CINDACTA-I/SISCEAB/COMDABRA, que me informou não haver detectado nada naquele momento por qualquer dos recursos utilizáveis, humanos e eletrônicos, mormente no âmbito da BAAN.

Para os ufólogos e pessoas ligadas ao assunto, o que vi naquela noite foi um mero OVNI – Objeto Voador Não Identificado; mas nada me remove da convicção de ter visto uma indescritível luz celestial!

Abro o meu volume das Escrituras Sagradas e leio: “Ora, quanto aos anjos, diz: Quem de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo. (…) Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a Salvação?” (Hb.1:7,14)

Algum tempo depois, morando no Distrito Federal, fui à Faculdade Teológica Batista de Brasília intencionando retornar a pé, via Parque da Cidade, para postar-me sobre a ponte em arco e orar ao Senhor, entregando-lhe o meu completo jejum daquele sábado.

À guisa de informação, o belo Parque da Cidade – um dos maiores parques urbanos do mundo –, é o point predileto dos candangos aficionados em caminhada, corrida e pedalada.

Às 19:00h, concluídas minha meditação e oração, comecei a descer a ponte rumo à minha casa, na direção sul, quando, repentinamente, toda a Asa Sul do Plano Piloto sofreu um apagão. Da metade da ponte para a Asa Norte havia luz; da outra metade para a Asa Sul, trevas.

Decidido a seguir avante adentrei na penumbra, quando cruzou comigo, pedalando em boa velocidade a sua bike, um sujeito descomunal, deveras alto e forte. O tipo que a gente chama de “montanha de músculos”. Um lídimo Maciste.

Vestido de uma sunga apenas, lá estava ele exibindo o seu físico hercúleo...

Dirigiu-me o transeunte uma palavra, que ficou sem a devida correspondência em razão de eu não ter conseguido entendê-la. Então, possesso de raiva ele chegou à cabeceira da ponte e deu meia volta; passou por mim e deu novamente meia volta, e veio exatamente em minha direção, com uma cara de azedar leite...

O meu sangue gelou e, estático, não tive sequer tempo de suplicar a Deus o seu socorro; tampouco tive forças para correr...

E então aconteceu algo simplesmente prodigioso!

O brutamontes parou bruscamente; e, olhando-me fixamente por alguns segundos, esbugalhou os olhos como se estivesse vendo um abantesma, e escafedeu-se. Isto mesmo! Saiu correndo qual um desvairado, como quem foge de um grande perigo. Na fuga, ao olhar para trás ele cambaleou feito um ébrio e por pouco não caiu da bicicleta.

E assim, tresloucadamente, ele subiu a ponte em boa velocidade, e desapareceu...

E ali, ainda imóvel, olhei em todas as direções, principalmente para trás, com o fim de ver se havia alguém próximo de mim, e constatei, estupefato, que não havia ninguém, nem próximo nem longe. Eu estava mesmo sozinho...

Afinal, o que motivou o Hércules de força minguada a fugir covardemente? Eu não sou tão feio assim, a ponto de servir de espantalho aos deuses sáfaros das forças estéreis. Então lembrei-me imediatamente destes Textos bíblicos: “E Eliseu orou, e disse: Ó Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e ele viu, e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo em redor de Eliseu.” (2Rs.6:17); “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra.” (Sl.34:7); e “Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.” (id.91:10,11)

Ora, eu e o Golias fugaz não nos vimos antes nem depois, e espero jamais vê-lo novamente, mas certamente ele guardará para sempre na memória o que viu naquela inolvidável noite ao redor de um humilde e amado servo de Deus, o Deus Todo-Poderoso, que lhe conferiu este imarcescível conselho: “Não toqueis nos meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas.” (id.105:15). Amém!

Lázaro Justo Jacinto