A partir da reflexão da leitura sobre o sacrifício, realizada e apresentada em artigo por Suely Xavier, referente ao texto bíblico de Levítico 6,17-23, observa-se que o sacrifício configura-se como mecanismo produtor do Sagrado. Para tal, é preciso considerar as motivações de um fiel que concebe e opta pela prática do sacrifício; uma das causas destacadas pela autora é o fato de o ato do sacrifício em si representar a sacralização de um ato violento. Esta ocorrência se auto-justifica pelo resultado que produz: a justificação.

É importante destacar que o sacrifício possui um itinerário (chamado pela autora de ‘esquema’), isto é, um percurso que a autora apresenta, destacando que antes do sacrifício, aparece o sacrificante e o sacrificador, acompanhados por seus instrumentos para a ação; estes, profanos. Entre o sacrificante e a divindade (para os israelitas do Antigo Testamento, Iahweh, ou ‘o Senhor’) existe uma pretensão; para que o sacrificante execute sua tarefa típica, necessita observar algumas cerimônias e ritos, provando que se encontra num estado de perfeição, ou seja, está puro, se encontra num status divino. Segundo Mauss e Hubert, a “aproximação da divindade é perigosa para quem não é puro”; somente a partir do momento que o sacrificante atinge este estado de purificação/perfeição, estará apto a executar sua tarefa peculiar.